Pará Ilustrado - 1943
oe mAnaus Maria aniversariou a 24 de dezembro e Antonio fes- tejará seu natalicio a 18 de Jcineiro. Os dois inleligentes garotos são filhos do sr. João Claro Simões, soc10- gerente da conceituada fa- brica de cigarros .,Aguia• e de sua esposa, senhora Aurora Bandeira Simões. ''1)-e~ia,,,,o. ~ ,, ( 1Mn, eMaio. de ')aq,wu 1f,o.Md- ) 1:,. ~a d.e 11,,él,o. Um ensaio. Escreveu Jaques Flores. Tra– ta-se da maviosa personalidade de Vespasia– no Ramos. Jaques Flores é o be1etrista de esplendidas cronicas humoristicas . E' o poeta primoroso de "Cuia Pitinga". E' o lavorista suave, tanto na imprensa diaria, como na periodica, de joias varias, que reful– gem por seu especial cunho de inteligencia e ·de finura artistica, de humor bem dosado de chiste, tendendo sutilmente para o dominio da sátira, aliás com prudente dissimulação. Da cronica, profusa e vária, cheia de en– canto e graça, a frase toda em tessitura ame– na, a imagem bem lançada com encaixe na levesa doce de um estilo desenvolto em corre– ta forma, sem ressonancias estridulas, es– plende-lhe o sal de uma- verve sempre nova, sempre referta dos reflexos de uma observa– ção, que tem algo de interessante para o es– pirito curioso do leitor atento. Ainda mais, ou melhor ainda, ha que se dizer da sua as– cendencia, como poeta, nos meios literarios de Belem. A eficiencia da sua operosidade !iteraria reflete-se bem no que, de ha muito, vem produzindo, ainda que quasi toda a sua produção ande largam.ente disseminada pelo numero grande de jornais e revistas, em que sempre colaborou e colabora com assiduidade e acentuado brilhode genuino homem de le– tras. Literato, portanto, e de evidente desta4ue no ambiente das letras, integrado na mistica evolutiva do sonho, amando o ideal, que ali– menta o espirito, vivendo de sensibilidades, que promanam do sabor da boa prosa e dos efluvios inebriantes do verso puro, harmo– nioso, poetico na sua essencia ritimica, assis– tem-lhe credenciais de capacidade e de me– rito, com suficiente autoridade artistica, como artifice, que é, da palavra· escrita, para -26- se pronunciar sobre a literatura paraense e seus mais destacados expoentes . Um ensaio, de sua lavra, tem que desper– tar o interesse do meio, com a justificativa de que se deve tratar de um estudo de pes– quisa, moldado em seguro criterio, destinado não só a recrear o espirito exigente do leitor, mas tambem a concorrer como contribuição indispensavel a futuras investigações para trabalhos de maior fôlego no gênero. Realmente é bem significativa a tentativa de Jaques Flores, valendo o seu belo trabalho como ponto de partida, na orienta.ção dos que o quiserem seguir no intuito bom de tra– balharem pelo bom nome das letras pa– raenses . Vespasiano Ramos, poéta de índole, mas poeta nascido predestinado para os deva– neios-das Musas, com boa dose de genio, ten– dido para a genialidade criadora da poesia, tem, assim, da parte de Jaques Flores, uma especie de ressurreição no mundo ideal das letras paraenses, um como despertar do pro– fundo sono em que mergulhara para repouso das canceiras -e .das maçadas da vida, que ti– vera neste mundo. Do pouco, que, da passagem do poeta pe!o meio intelectual de Belem, nos dá o autor, se atendermos á qualidade dos dados consegui– dos, já se pode contar, como apreciavel pro– visão, com precioso material para mais desen– volvido estudo da vida sofredora do poeta. Ao lado de uma vida toda entravada de di– ficuldades financeiras, arrastada ao sabor de deficiencias de todas as naturezas, de uma vida duramente precaria, em face de caren– cias varias, para o corpo como para o espí– rito, Vespasiano Ramos mantinha-se em re– fulgencia, pela muita rutilancia do seu gran– de e iluminado espirita de poeta, derraman- PARA' ILUSTRADO do nababescamente as gemas mais puras do seu ideal de sonho, por toda parte, onde quer que existisse um jornal, uma revista, um ambiente literario propicio aos seus proposi– tos . E se lhe faltava mesmo o meio proprio o cerebro radioso não parava : - criava ~ ambiente e agia, dando corpo e forma ao ver– so su~lim_e, n_a fluencia sonora da sua pode– rosa mspiraç~o. As tertulias rumorosas, vi– vendo entusiasmos de mocidade, arrebata– mentos de sonhadores novos, para os seus ar– rou~os, pouco mais valiam do que as rodas festivas e qu_enU:s, nos botequins, tumultua– das da ~oenua vibrante da sua época. Aqui, como all, a sua doce e soberba inspiração es– tava sempre na mais dadivosa das ebulições dando-lhe as quadras mimosas, como os so~ netos be1os de forma, plenos de sentimento e sempre marcados da dolência da sua alma mestra, afeita á resignação de um sofrimento que o torturava, c~mo um estigna, que é, tal– vez, a tara essencial de todos os que nasce– ram sob o signo doloroso das Musas . Morto, v~lava-se no esquecimento do além . Mas não fora para ficar esquecido que sofrera o cal– vario da poesia, que escrevera tanto verso bonito, que se transvasara no mavioso deleite do m~tro, que se acrisolara nas fidalguias im– perativas da consonancia das rimas· não fôra para ficar esquecido que tivera ~ alma de artista, toda dolorida das sensibilidades do seu estro, naturalmente alentado pela mis– tica da sua lira olimpica. Jaques Flores teve a intuição feliz de ir ao encontro das imposiçõs ideais do poeta. Tra– çou-lhe um ensaio. E' um rebate para o silencio que se estabeleceu em torno do nome de Yespasiano Ramos desde a sua morte. o livrinho de Jaques Flores revive, de algum modo, a personalidade do poeta, fazendo-o presente ao convívio dos muitos dos seus ami– gos, que ainda estão palmilhando a ingrata lombada da terra. Nem podia melhor oferenda ser dada á me– moria, inestimavel pelo muito e bom que dei– xou de si para regalo dos que ainda hoje lhe lêem os versos tonalizados de amor e de ma– goas, mas deliciosos pelo arranjo original do seu estilo, da sua forma, da sua metrica e de nuanças inimitáveis, que lhe concorriam á feitura dos poemas mimosos. Ainda que se tenha em mente a necessida– de de obra de maior vulto, o ensaio do bele– trista das boas cronicas paraenses merece particular atenção, antes de tudo, pelo apre– ço da primasia, o que verdadeiramente carac– teriza o zêlo do autor pela tradição nas letras da terra paraense . Belem - Janeiro, 1943 . ••••••••••••••••••••• Transcorre no proximo dia 26 do correnle o aniversario nalalicio do me– nino Alcimar. filho do nosso companhei– ro Sandova l Lage da Silva . e de sua es– posa, dona Maria José Lage da Silva . 2:>- 1 -194.3
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