Pará Ilustrado - 1943
1',~~8~•~-~~u ~~--- Spencer Tracy e Kafharine Hephurn, filmando ju!7ÍOs 1 A HEPBURN, talvez devido mesmo ao seµ gênio essencialmente independente, ._ Hollywood . Não só em Hollywood, se– foi sempre a artista mais discutida em não tam9em na Broadway, onde est,eve at"qan– do em varias peças teatrais dur ante todo ei;:se tempo que passou fora do cinema. Uns dis– cutiam a sua versatilidade para qualquer es:– pécie de· papéis, outros se · ela sabia conven– cér no gênero puramente dramático, e ou– tros ainda se_ ela tinha aptidões qualificadas para a comédia da m6$ma forma como ha– via demonstrado réais possibilidades em ou– tros setores. Outros, os menos suspeitos, diga-se de passagem, reconheciam na grançie " estrela" um valor de caracterização só mes– co comparavel a uma que outra das mals flamejantes atrizes da téla . Esses, aliás, re– presentançio a grande maioria dos críticos, nunca a puzeram em duvida . O publico igualmente, ctue é .o melhor critico (ou, en– tão, os críticos é -que são o reflexo do pu– blico) sempre considerou essa -esquisita e palpitante personalidade artística, qµe é Ka– tharine Hephurn, uma das maiores conheci– das· através do cinema. - - Tudo isso se explica naturalmente, como dissemos, dado o gênio artamente indepen., dente da celebérrima " estrela ", célebre ~pe– sar dos numerosos e gratuitos inimigos que fez, sem querer, mas por ser franca demais . . E por aborrecer tanto os bajuladores, em ex– cesso . Porque, engraçado é observar que os adversários de La Hepburn já fox:am ao prin– cipio os séus maiores admiradores e "fans" . Dei)'~is, é que viraram a casaca- e fizeram-se " mordedoi: " d~. SUJL reputação, Pore_ro convenhatnos em que o se ome paira acima de tudo isso . Ela é. . . ela mesma . Muita gente acusou Katha1ine Hepburn de rude, grosseira e tud.9 o mais.-. . As pessoas _ que a conhecem bem, sabem que isso não é senão pura injustiça : se ela não -é compreen– dida, é porque poucos sabem ser ela sincera e desprovida de pretensões é, sobretudo, ini- miga de aduladores . · Senão, haja vista que, fazendo a sua de– morada "season" em ·Nova York, foram os próprios produtores de Hollywood que resol– veram ir até lá, a:fJm de disputá-la a peso 23 -1-1943 de dólares .. . ·Venceu- quem mais deu, é na– t ural ! E Katharine Hepburn, dona abso-– luta da sua situação, exigiu do' contrato as– sinado· com a Metro alguns meses ..em cada ano durante os quais pudesse retornar á, Broadway . Aliás, o contrato com a empresa do Leão_só foi assinado depois das devidas garantias de' que era, a:- atriz mais discutida, mas tambem a mais disputada de todos os tempos, poderia continuar mantendo os seus compromissos ·no teatro, onde se tornára a ·• big attraction" de -todas as .temporadas novaiorquinas . A Metro conseguiu trazê-Ia nessas condi– ções para Hollywood . G,eorge Cukor, o habi– lidoso diretor, martelou até obter a sua par– ticipação no "cast" de "Nupéias de Escan– dalo", ,ao lado de James Stewart e· Cary Grant . Agora, quando Joseph Mankiewícz e o di– retor George Stevens foram encarregadqs pela M . G . M ., de produzir "A Mulher do Dia" (The Woman of the Year), o nome que surgiu unanimemente foi o de Repburn_, Só ela poderia desempenhar bem esse díficil papel de "uma famosa colunista, conhece– -:iora de assimtos internacionais, e que vem a apaixonar-se -pelo' r.edator esportivo do .mesmo jornal .em que ela trabalha. Em torno dessa criatura giram todos os moti.vos principais da comédia que tem alem do mais, a colaboração no elenco, de um nome como o· de Spencer Tracy . ,-,épecial de Hollywod por Judy Jone:s _..,=-.,.,_,..,...,....._ íl "set " de "EspiãÕ Japonês" regÕ~va, num brouh'aha indescritivel. Todos os empregados do estuàio movimentavam– - ;,,-J com rapidês desusada . E ' que hà vinte e cinco dias, .apenas, ·Pearl Har– bor h avia sido traiçoeiramente atacada pe– los japonêses, redundando na declaração de guerra dos Estados Unidos contra as nações do eixo . E como "Espião Japonês" narra precisamente as artimanhas nipônicas que precederam á covarde agressão, devia, se- PARA' ILUSTRADO gundo _as ordens do diretor Irving Pichei ser terminado o mais depressa possível . ' A seguir as leis dá física, eu deveria entre– vistar ó principal intérprete masculino do filme, uma vez que os polos idênticos se re– pelem; mas, como Foster já havia sido "in– terrogado há bem poucos dias parà o meu jornal, resolvi enfrentar as leis da física, indo conversar_com a heroína do filme, Lynn Bari, o que,t diga-se de passagem, proporcionou– m:> grande satisfação. D:visei-a no meio de .uma porção de baio– nt::s::; empunhadas por artistas caracteriza– dos de- japonêses, e com feições xealmente impressionantes . Os fotógrafos estavam, no momento, batendo algumas chapas para o -Departamento de Publicidade . Esperei al– guns minutos . Terminado o trabalho, Lynn ,~orividot,-me para ir ao seu camarim tomar um- "drink". · Çonfortavelmente insta}ada,. bebericando um "ccck-taill" cômplicadissimo, iniciei o "ataque'" : - Inicialme11te;_quero que você me diga, parâ satisfazer á curiosidade dos " fans". al– guma coisa sobre o inicio de sua· carreira ar– tística, já que tudQ deve "começar pelo prin- cipio ". , - Pois não ! - prontificou-se gentilmente a sedutora estrela de " Espião Japonês " . - Iniciei a minha carreira no -cinema posando para os iotógrafós da 20th Century Fox. As poses,_ dessa do tipo que Hollywood classi– fica de "legs art". eram exclusivistas da Fox, e nelas eu aparecia s·empre exibindo a minha· figura, de modo a que as pernas áparecessem mm grande destaque . Quasí sempre os fo– tógrafos aproveitavam-me para poses que, · com certa prioridade, poderíamos chamar de . .. "comemorativas"_ Por exemplo : quan- 010 se aproxivama ô Natal, eu .era fotografada ves~indo " maillot" vermelho e de chapéu "á la Papai Noel" ; depois, no Ano .Bom, 1'1,inda cem a. irritante roupa de banhá, eu " banca– va " o Ano Novo ou o Ano Velho. E imagine que. certa vez, na comemoração .do aniversá– rio de George Wash1ngton, fui fotógtafada ostentando ttajé · dé '"Qüaléér' ", com um enorme chapéu trieornio . As cênas variavam, como se vê, mas a intenção da publicidade era uma só :· popularizar-me como uma fu– tura ." vamp ". Felizmente, a intenção fra- cassou . · Felizmente, por que? - perguntei in– trigada. !,X!!n Bari s01Tiu, oferecendo-me outro "cock- aill" e disse : - Porque não nasci pa:ca " vamp " e acho . muito mais interessante ser " mocinha " dos filmes . Francamente não entendi bem por q,_e Lynn Bari disséra tal . Eu conhecia e conbeço muitas artistas de renome que se fi.-rnz.:: no _"écran" graças aos seus dótes ··var::__ (Continúa na pá,,~ _ _
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