Pará Ilustrado - 1943
Ano VI Red. e Of. : Trav. C ampos Sales~ 113 1 P AGINAS há nos san– . tos evangelhos, em que se prenunciam e vislumbram admiravel– mente os mais significa– tivos aspectos da vida cristã de todos os tempos. Vêde a cêna sertaneja da segunda multiplicação dos pães, qual nô-la des– crevem os dois primeiros evangelistas. Deixando à margem os lindos comen– tários místicos sobre o número de pães e dos pei– xes multiplicados, o que, aliás, viria confirmar o nosso asserto, encaremos apenas em suas linhas ge– rais, o formoso quadro evangélico. O cenário é o deserto : "in solitudine". E que outra coisa é o mundo, depois que o pa– raíso terreal desfloriu, e a terra, sob a maldição do Creador, rebentou em es– pinhos e abrolhos, "spinas et tribulos" ? Deus, que dantes tr~tára familiar– mente com o homem, ocultou-se. Revela-se-lhe na creação, mas, segun-do a bela expressão de São Paulo, através de µm. eni– gma : "in iaen~ginate". Assim peregrinava triste– mente a humanidade so- bre a terra. , Veiu Jesus, e acendeu como estrelas no deserto, as palavras do Evangelho. E .as multidões o segui– ram : "cum turba multa esset". Precisavam de luz, e Ele lhes deu a verdade. Careciam de alimento e Ele lhes multiplicou o pão : "manducaverunt ·et saturati sunt". J esus desapareceu aos nossos olhos, mas ficou o seu Evangelho e ficou o seu poder, na pessoa do Hum.• Diretor-proprietario - JAIME D4CIER LOBATO Redator-chde - SANDOVAL LAGE Secretario - CELIO D. LOBATO FONE. Belém DO. PARÁ, 23 oe JAíl81R0 08 1943 Papa, dos bispos e dos sa– cerdotes. Estes perpetuam no de– serto do mundo, a página evangélica. Prégam · as verdades, que Jesus pré– gava: é o Evangelho. Mul– tiplicam o pão, que Jesus benzeu, e mandou que dis– t ribuissem ao povo : "da– bat discipulis iu appone– rente". E' a Eucaristia. Eis aí : o Evangelho e a Eucaristia, luz e força. .E' o resumo da vida cristã, $mbolizada na t.éla do nti),aculoso. Aliás, muitos séculos antes, fôra já tudo isso di– vinamente prefigurado naquela estupenda pere– grinação do povo elei através dos desertos, em rumo à terra, dos rios d · leite e de mel, à Terra da Promissão. Conta-nos o livro do ~xodo que duas colunas, uma de nuvem, durante o dia, ·e outra de fogo, du– rante a noite, guiavam a marcha dos peregrinos, a _quem o Senhor choveu tambem o pão do céu, o maravilhoso maná, que tinha a suavidade de to– dos_ o,s sa:bores : "omnis saporis su,avitatem". _ Que eloquentes figuras d<> ~vangelho e da Euca– ristia !' ,~ De um lado, o Evangelho;-, que com a co– luna de nuvem das verda– des misteriosas' da fé, e com a coluna de fogo das verdades luminosas da moral, m()istra-nos o ca– minho, e do outro, a Eu– caristia, que com o seu verdadeiro maná, nos sus– tenta nesse itinerário ár– duo, mas glorioso para a Canaã, não mais dos lei- D. AQUI NO tes e dos males da luz, do amor " gria sempiterna Bemaventura nias, · que ainda (Da A . bem seguir a Jes ..,: ~e..,--......,,..--- u.e serto, "sustinent me", re- paira .tão inefavehnente cebendo dos seus mínis- sobre todo este evangelho: tros a verdade, que ilu- "misereor super turbam" .
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