Pará Ilustrado - 1943
ATUALl·DAD8S · , ~ rllJIIIUIIUI · ltO oue . SG PASSA PHLO ' munoo A LENDA DO RIO QUE CANTA ' . CIDADE DO MEXICO (INTER.-AMERI– CANA)) - Desagua na parte setentrional do golfo do Mexico -üm rio. que "canta". E'· o .Pascagoula. Entre a cidade de Pascagoula e o rio do mesmo nome ouve-se uma melodia semelhante·á musica longihqua de instrumen– tos de corda, musica, que se eleva e amortece com as brisas da tarde e obedéce a um ritmo definido. Os· céticos afirmam qtie o som é produzido pela ação da brisa sobre os cabos distantes do telegrafo OU; provavelmente, so– bre as ramadas mortas dos milhares de ci– prestes que abundam nos pantanos setentrio– nais; mas os romanticos nativos de Pesca– goula preferem a lenda do rio que canta e aceitam-na ·como um fato. Refere essa len– da que uma tribu de índios, provavelmente os biloxis, viram-se perseguidos por inimigos numericamente superiores . Ao chegarem ao rio Pascagoula, compreendendo que iam ser aprisionados, atiraram-se á agua e deixaram– se IlJ-Orrer 0cfogados enquanto entoavam a sua canção de guerra. Os biloxis, elucida a len– da, não eram uma raça guerreira, mas eram valentes e preferiam morrer a ser captura- • dos. . o que contribue para dar volume a esta lenda é que, nos pantanos do Mississipi meri– dional, foram descobertas pontas de frechas e obras de alvenal'ia, embora os prime.!ros anos historicos da região não tenham forneci– do quàlquer elemento que permita dar credito a esse boato. Foi depois da guerra da Suces– são que os indigenas de Pascagoula começa– ram a chamar a essa via· fluvial o rio que canta. UM DEVER PATRIOTICO BERNA (INTER-AMERICANA) - Um sui– ço que acaba de regressar da França não ocupada diz no "WELTWOCHE" de Zurich que quasi tudo quanto comeu naquele pais veiu do mercado negro. A pessoã em casa de quem esteve hospedado disse que -o mercado negro era um dever patriotico, pois sem . ele mais comida ia parar ás mãos dos alemães. ENSINANDO A MENTm E A ROUBAR LONDRES (INTER-AMERICANA) - "Le Petit Journal" escreve: "Os tempos terriveis que estamos atravessando estão fazendo com que os nossos filhos se tornem mentirosos e gatunos. Começam. roubando o pão dos ir– mãos e das irmãs. Depois tornam-se mais ambiciosos e roubam o dinheiro aos pais, di– zendo que todo ele pertence á familia. Final– mente formam-se quadrilhas que roubam co– mida dos depositos e bicicletas das ruas". Na– zis futuros ! MORTOS SEM NOME OSWALDÓ ALVES (Copyright da INTERAMERICANA) RIO - NOVEMBRO - Uma lista organi– zada pela policia de Aracajú sobre os mortos sem nome que deram ás praias de Sergipe, me fez pensar na atitude ranzinza que certos cavallieiros tomaram quandQ o povo brasilei– ro saiu em massa pelas ruas, clamando con– tra o afundamento dos nossos navios em ;,.guas do nordeste, nos quais centenas de vi– das foram sacrificadas. Esses cavalheiros torceram a cara e ficaram a murmurar, cri– ticando a "atitude barbara" das populações, que nas ruas de t-Odas as cidades do pais fe– charam algumas casas de suditos do Eixo ou esmurraram alguns cidadãos que ostensiva-– mente se opunham aos gestos de desagravo dos brasileiros cansados de aturarem as afron- tas totalitarias. . Não há. duvida· de que o protesto indiscri– minado pode causar alguns transtornos e al– gumas injustiças. Todo mundo sabe que en– tre as pessoas nascidas nos paises com os , quais nos encontramos ho~e em .estado de guerra, havia algumas bem 1:11tenc1onada.s e gratas ao acolhimento qu~ tiveram. Mas é preciso nã-0 esquecer que runguem trás um le- - 4- treiro na testa afirmando os seus sentimentos. E numa época corno esfa,. em que se tornou necessário desconfiar· de tudo é de' todos, não é possive1 evitar .alguns-erros quando se ·trata de pagar os crimes cometidos pelo Eixo. Te– mos assistido aos mais bem engendrados ar– dis escondendo a àção criminosa •da quinta– coluna, iludindo a v.igilancia das. autoridades e é bem certo que a boa fé e a tolerancia <;le– vem ser limitadas. Já vimos como alguns m– dividuos dos mais "inofensivos" tornaram-se de um dia para outro inimigos perigosos do Brasil. Ai ·estão muitos brasileiros que de– fendem abertamente oii horrores praticados pelos nazistas. no mundo inteiro.·• ~ A traição e as afrontas recebidas vinham aos poucos calando no espirito do povo, pro– vocando uma revolta profunda, que só a cus– to era sufocada. Era natural ·que ·um -dia tudo isto explodisse, ao menor sinal oportu– no . A paciencia esgotou-se e não hav_ia mais nenhum meio de evitar a expansão do odio ·contra os agressores. A franca hostilidade do povo devia cau.sar ·ume, grande alegria áq_ue1es cavalheiros "ex– cessivamente civ111zados", ao invés da irrita– ção manifestada por eles. E' claro que não sou pelo linchamento ou pelas vinganças su– _marias. Mas é obvio, por outro lado, que _precisava.mos assistir ás mani!estações daque– les ·dias sombrios, para que nos convencesse– mos de que não estavamos neutralizados. . Qualquer individuo que tenha pelo menos pensado na tragica aparição de cadaveres de brasileiros nas praias do nordeste, há-de se sentir capaz de perdoar algum "excesso", se porventura houve . Diante dos crimes da Gestapo, qualquer tabe!e levado por algum cidadão mais renitente, é insignificante. Eu gostaria .de perguntar á.queles cavalheiros que fariam eles se em qualquer dos navios torpedeados tivesse um parente próximo - irmão ou filho. · Conheci um que perdeu um parente no afundamento e confessa que o seu maior de– sejo hoje é lutar contra o n~mo. Estou pensando nos mortos sem nome que deram ás praias do nordeste. Lá. -surgiram centenas de corpos dilacerados, cheios de marcas nazistas, da violencia e da covardia totalitarlas. Lá chegaram, dias seguidos, to– cados pelas -0ndas, corpos de_ho~ens .de~Q– nhecidos que pagaram o seu tributo nesta guerra. ' Estou pensando nas cruzes de ma– deira sobre as sepulturás dos mortos sem no– me do cemitério de Aracajú .- São anonimos, vH.i•1r ~; rio dP.sespero de Hitler./ "inimigos do nazismo" conforme a inscriçao nas cruzes, que justificam a nossa "violencia." . TRINTA E OITO ANOS DE BONS rece ser apontado como um exemplo aos es– portistas . Não é considerado no rol dos grandés, embQra nenhum .mereça tanto o ti– tulo ·de grande como ele. Um. clube que :em _trinta · e . oito .anos de existenci~"- tem bem · .servido ao esporte, tem. colaborado como o que mais já colaborou para o desenvolvinren– -to -esportivo nacional, um clube que nw1ca · deixou de se colocar na primeira fila das ·causas alevantadas do esporte, e, que sobre- tudo, pelo prestigio· dos seus· esportistas, t~m -sido sempre o solucionador de casos que ameaçaram aba.lar profundamente os nossos -fundamentos esportivos. Este clube, cujo ·nome já todos os esportlstas ·aê¼vinharam, é o America F. C.. O clubé da camisa: ver– melh&, espantalho em todas as épocas dos grandes, pois a fibra americana passou a ser uma ceUS& que nenhum dos rapazes que en– vergam aquela camisa já deixou de · pi;o- ' .curar continuar.. éompletando trinta e oito anos de existencla proveitosa, o Amerlca- F. e . pela palavra do seu presidente Antonio ·Avelar um dos· maiores esportistas do Bra– sil, tun' dos esportistàs mais dignos, mais pu– ros e por!sso mesmo mais prestigiados do Rio de Janeiro, pôde diz~r o seguinte á im– prensa : "Ao completar 38 anos ·de vida, o America se ufana de a ter sempre dedicado desinteressadamente ao engrandecimento do desporto brasileiro e ao· culto da imprescin– dlvel amizade dos seus co-irmãos. Esta. tem . sido mesmo a vida do America no seio do esport-e nacionaL Servir · desinteressada– mente ao engrandecimento do esporte e ao. culto da amizade dos seus co-irmãos . Poucas e:gremiaçõea brasileiras poderão apr-esentar a folha de bons serviços 4,ue o America pode apresentar. Poucas agremia– ções esportivas nacionais poderão apresen: tar uma lista de abnegados paredros como este clube que não sendo considerado no rol dos "grandes" é um ·gigante de qualidade. o America de Belfort Duarte, o America de De Paiva ou de Fernando Ojeda, é o_mesmo · America de Antonio Avelar - o "esportista · padrão" como tão bem o classificou um con- , frade, um homem que, trinta e oito anos de– pois da fundação do queiido clube, mantem como norma de ação dos "rubros" os mes– mos ideais doa seus !~dadores. . SERVIÇOS AO BRAS~ . A data de 18 de setembro !oi, pois, de gi:a.n– por de alegi:ia. parã o esporte nacional. Um dos seus gfemios mais queridos festejou trinta e Rio de Janeiro que me-~ - óito anos de bons serviçós ao Brasil. (Copyright da INTER-AMERICANA, A. B. C.) Há um clube no PERFUMARIA ODALI S·C_A . . . E' de seu interesse. !=_===== pois alem de possuir um sortimt'nto de artigos finos . dos melhores fabricantes, = está apta a fornece-los por ~ PREÇOS__ R_EDUZIDOS Í PARA' ILUSTRADO . . .81JOUT9RIAS - PAnTAZIAS. · ARTIGOS A • PROPRIOS PARA PResenreS FALes1· & FILHOS Fone, 2061-Rua 13· de Maio, 227 - Pará 9- 1 -· 1943 I
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