Pará Ilustrado - 1943

Um dos traços mais sugeslivos da psicologia do coronel Magalhães Barala é a sua maneira afetuosa de lralamenlo pãra com as pessoas do povo. O Chefe do Esledo é de uma simpli– cidade a Ioda prova no conla:lo que estabelece com os simples, com os hu– mildes, com os que provêm das modes– tas camadas sociais. Começa o lnlervenlor Federal por alendc;-los, sempre que passivei. nas suas aspirações, -Ião insignificantes ás vezes ·· f'm- i-.eÍações a oulras exigencias que a s . exc. se apresenlam. Essa ausencia de prolocol<:>s, essa sinceridade de falar, esse inl~resse pelos que não dependem de recursos. não dis– põem de advogád_0s e nem conhecem •pislolões. , é que cimentou detinilivamenle. não apenas o prestigio. mas lambem a simpatia _do corônol M:,galhães Barala no seio do povo paraense. O cliché acima reproduz a cena do Chefe do Estado, quan– do em mc.i.9 a uma manifeslõção popular que lhe preslõvam, eslen-:iia a mão a uma pobre mulher do povo. Naquela hora era ludo ·-quando essa criatura ambicionava: o prazer e a honra de saudar o seu grande prolelor. .,~A O n.. ç A Aparece·u, rÍum salão_àa rua Uruguaia– na , uma pequena· onça ja~uaíirice. A aparição causou surpresà. · como era natural, e muita gente Juvidou de que fosse uma onçõ legitima. -E' gato, dizia um. -E' coruja, opin11va outra. Mõs era onça mesmo : um filhote fu– gido dõ vizinhança da casa de um cava– lheiro que a recebera de um amigo de [D(D ~ □ [i] @ [ill (!) -18- PARA' ILUl'IUDO Mai o Grosso e não sabe, agora. como devolvê-la com um carlão de agradeci– m'enlos . Lembrei-me, ao ler a noticia, do caso ocorrido com · o Zéca do Palrocinio. · Muilos dos meus leitores devem ler co– nhecido o Zéca , escritor, jornalista, fi. lho do José do Palrocinio , o grande orador da Abolição. Zéca. inleligenlissimo, boêmio até a exlr'-i;1vaga11cia, linha um formidavel espí– rito "i.ovenlivo: fantasiava as pêlas mais inverosímeis e acabava por, ele próprio, acreditar nelas. Refe ri ndo-se aos carapelões do Zéca, dizia o Emílio de Menezes que aquilo era ma l de nascença; que , desde menino, era ele Zéca . um bicho para forjer po– lõcas. E conla va que quando o jorna– lista linha t.penas sele anos de idade, a parecera . cerla vez, na sala onde os pais con ersavam com umas visilas, ex– clero do: -Papai !. /\amãe! Uma onça no telhado 1 -Como? -Cma onça I Eu vi 1 . 'inguem acreditava; mas !amanha foi a i ·s tência, que sairam a ver. Era um inofens ivo galinho . Zangada. d Bibi, a mãe do Zéca, mandou que ele fosse ao oralorio pedir perdão á N. Senhora, por ler mentido. Saiu o garolo choramingando e voltou. daí a minutos, com a carinha morena ilumina– do por um sorriso sat isfeito. -Enlfo . você ped iu perdão? -Pedi. E alé ossa Senhora não só perdoou; como me disse: -Olha , Zeca: era galo, mas parecia onça: até eu leria me enganado , . . Para esta não havia perdão possivel. ORAGA' 31-7-lO♦l

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