Pará Ilustrado - 1943
mas não consigo coisa alguma porque não me compreende a mim mesma ... Todos nós trazemos nossos martírios embutidos dentro de nosso íntimo. E sentimos virem à tóna em certas ocasiões de amargôr. Gritamos, mas ninguem nos escuta, porque gritamos conosco mesmo. E' necessário um a– migo que 'Viva das mes~a aflições, ou então, nos tenha amizade para nos escutar e sentir a mesma agonia. Que me reserva ainda a existên– cia, meu ami-go? Não estará farta de meus tormentos ? Ainda não con– seguiu saciar-se de minha dôr ? - Ziná, por que não procuras crêr em Deus ? - Orêr em Deus ? ! deixou sair com escarninho. Crêr em Deus ! En– tão não foi êle_que me arremeçou à lama? Não foÍ êle que me jogou sem compaixão à cama repelent~ das pen– sões ? Como posso erê-r nesse deus, meu amigo, qÍ1e não satisfeito ainda, deixou-me fecundar para legar ao mundo mais um miseravel ou uma infeliz, que sentir-se-á envergonhado a-0 chamar-me de mãe, sem saber qn,al o pai entre os centenares que me pos– suiram ? Tuas palavras me dão sos- _ sêgo. Vim buscar a paz, esta grande paz que precisamos nos momentos de desespero. Encontrei-a em ti. Sigo para o lugar que me reservou a vida. Lá, tenho que acabar meus dias. A– gora, enquanto todos me querem em– bebidos nas minhas! fórmas novas que os embriaga, ou quando fôr apo– sentada 1)€la velhice. Prefiro já, do que velha, -pois, ser-me-á pior ao es– tar no ostracismo . .- . Despediu--se de mim e se foi. Bela, religiosamente bela. Sorria des– cendo a escadaria da república, como se nada lhe .maltratasse. Os compa– nheiros 'Pensavam . erroneamente de meu proceder coni Ziná, a mulher qu~ todos os rapazes corriam em busca do prazer carnal. *** Vejo-a, agora, descendo firme· a escadaria da república, como se fosse feliz. Vejo-a (debruçada à janela) desaparecer ao dobrar a esquina da Avenida, carregando todos os olha– res sórdidos em seu corpo. Vejo-a, enfim, perder-se na Vida para mm– ca mais encontrá-la, esquecida da lembrança dos homens, como tôdas as Zinás . que a Vida produz e tra– ga, sem compaixão, barbaramente atroz: .. ARISTOFANES CASTRO NOTA DO AUTOR: Neste conto, a palavra "DEUS" está escrita com letras minús– cula, porque Ziná não éria em Deus e desprezivelmente fala em seu nome. ••••••••••••••••••••• Joalheria A MARANHENS E A CASA DOS.. BONS RELOGIOS de R. N. de Souza J oias finas . relogios. bijouterias . obj etos de adorno. ele Oficina de ouri ves e gravador. Executa e reforma qualquer joia em pla– tina, ouro e pedras finas . D ou– ra-se e prateia-se com perfeição. · Ru a João Alfredo . 25 - Tel efone. 2751 - Belem Para - Brasil --==============================, AV8íllDA POR TU GAL: 46 A 48 T8L8F'0íl88 959 e 2393 Emporio de côlçados para homens, senhoras e cnanças. Tem sempre variado sorfimenfo das principais fab ricas do País. Os seus preços são convidaHvos e os seus calçados I'Epre senfam o expoenfe da . moda e segurança. Visifem-na que aproveifarão o fempo e econom1zarao dinheirc, !
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