Pará Ilustrado - 1943
; DR. JERONYMO CAVALCANTE. , Ouem do alto chega a Belem, o impressão é a do suntuario. De fato, o quadro geografico quê do avião se descortino é de que, cá de baixo, se levanta o .grandioso. A -variedade da · floresta multipla no . aspecto dos individuas vegetais, e a massa colossal de agua, que verte talweg _. afora pelo rio mar, formam uma paisagem · de carade– risticas gigantescas, dando a sen– sação, e convencendo mesmo, que um destino superior traça a reali– dade vitoriosa que aguarda o futuro da cidade. -.. Ao descer, pisando o ·solo,. o viajante ao tomar contado com o · ho!T!em da ferra, tem logo a con– vicção que aportou a uma cidade de nivel social elevado. ' Ouem vem realizar uma obra, ou estabelec:er relações economicas sociais com Belem, sente, 1.1ssim, de inicio, que o domina um en– tusíasmo e se convence de que le– vará seus propositos triunfalmente avante. A terra e o homem cons– tituem a garantia desta previsão. Ao encaminhar-se para o centro urbano, a medida que dele se apro- ) . . · ~~- ~~ .. ~ ~te O dr. J _eronymo Cavalcante, a quem o galhães Barata confiou com acerto rigoroso a , preclaro coronel Ma– Prefeitura Municipal ·de Belem. é- uma figura notavel da engenharia brasileira~ l.l qual ha sabido engrandecer pela sua cultura e pela sua proficiencia. Com a gentileza que é um dos traços essenciais da sua apreciavel individualidade, o ilustre governaote da melropole paraense, que tão ju~tamente se vai cercondo das mais justas simpatias entre nós, quiz distinguir esta revista com as linhas que publicamos nesta pagina e que traduzem os primores do seu belo espírito. x1ma, tem uma defi~ição nitida de que o habitante não _estt,cionou na construção da barraca mas evoluiu logo parõ a construção bela e côn– fortave! do que é exemplo o bairro residencial por onde vai penetrando no verdadeiró centro imobiliario da cidade. As ruas largas e amplas, a arborisação tipica e original, indi– cam, de pronto, que na terra houve espiritos luminosos que a guiaram com alto senso de previsão, de modo a entrega-la ao urbanista de hoje em condições de proseguir com solidas, esperanças no, r umo de um magnifico futuro. Coroam o sentido utilitarista de seu traçado geometrico, o· sentimental e o belo expresso na graça e no encanto de suas praças e jardins. Isto decorre como uma consequencia psicológi– ca, do fato mesmo de que o ho– mem da cidade, ao contado per– manente com seu escol social femi– nino, com sua flor humana portan– to, não esqueceria o cullivo primo– roso de sua flor vegetal. Na reali– dade, ll mulher belemense e a flor · que borda seus jàrdins, completam– se na fórma, no encanto e no per- PARA' ILUSTIUDO fume. Referindo-me aos jardins, quero consignar aqui minha home– nagem ao grande Prefeito Lemos, que encontrou nas praças . e par– ques da cidade um grande motivo para seu embelezamento. De fato, do proprio cenario amazonico, ele tirou a · razão do grande partic;lo, do recurso natural com o qual ca– rad~risaria Belem. · Sé Recife pos– sue uma formosa rede hidrografica, Salvador, uma fórma fipica de · al– tos e baixos, o Rio, uma formosa altimetria, Belerr{ planimetrica, sem rios que a rendilhassem de canais, sem montanhas que . o enfeitassem de relevos. teria de certo de apro-• . veifar a flora amazonica, unica no tipo e na' bel~za para identifica-la ou, mais precisamente, caraderisa– la. Foi uma inspJJ:ação. E' uma , grande obra. Cabe conserva-la, Be- ' !em viveu nessa epoca sua infancia, e como toda infancia, amando os jardins. Belem vai viver agoro sua mocidade, e como todo mocidade ávida e desejosa, do atavio, do re– quinte, da beleza. E' o que lhe vai dar o urbanismo. Aguardemo~lo. 22-5-lQot.~
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