Pará Ilustrado - 1943

~ ~ Mariasinha senlia um grande- aperlo no coração. Esta emoção era Ião pun– gente que não lhe permitia ver o orva– lho escoando-se entre .lcendalhas mul!i– cores alravés os raios do sol nascente, nem ouvir o alacre pipilar dos sah i· assús reluzentes beliscando os frutos maduros do mamoeiro proximo . A cerração nrntinal embac iava-lhe , a inda mais, os pequeninos olhos já hu; medecidos pelas golas de um pranto convulsivo. Debruçada á janela de sua casinha humi lde . fitava ela ao longo das paralelas de aço , que, em bre ve, fa riam passar por ali o causedor daquela amar– gura. -Mariasinha I Não vens tomar cõÍé? -Já vou , mamãe . . . . E .outras lagrimas vieram ensopar aquele ,l encinho branco, perfumado e manchado de halon , no qual se poderia . ler, ~m "llni 'gos'·ângulo·s~ as iii'ídais A L. bordadas a carel. De repente elevou: se ao l1;rnge , i:ios espaços, uma fumacinha branca e, pouco depoi~. o ap ito da locomoti va d~ixando a estação fe-l él' eslremecer num mixlo de dôr e ansirdade. A maquina resfole– gava, avançando sobre os lrilhos e l~n– çando allernada~enle paça os lados jatos de vapor, que se confundiam com a né- voa das distancias. . Com a vivacidade dos seus treze ·anos, furlivamenle , Mariasinha _galgou a janela do sé'u quarlo e correu pãra a marg~m da es!radá . A· terra estremecia é pasS'ffgem do .Mixto. e· o c·oração de Mariasinha trepidava lambem , pelo mi.ilo de pensamentos que invadiam a sua mente de ·menina-mulher. Passaram os carros dos bois, os va– gons de carga- o bagageiro, os carrns de segunda, os dê rimeifa . . . ·Sobres– saltada subiu para o leito da estrada e grilou : , ' '· · -- -Armando! · · Sim, lá eslava ~ele. . y'iéra 11 plal'aforma talvez para ve-la ·dêsapsr.êeer á dislancia - pensou _;_ . pdssuidá da int ima ale– gria de ve-lo_- aQe11Bt-lhe al'é_perde-lo de visla, senli!J ..os offfüs ..,enxu!os: sorriu. e balançou ncf ai' ,..0 ) enci iili-o _-molhado ... · ·- (Irod. de H: V. de Oliveirn) Juntamente c~m Arman do h'lvi a ou– tras pessoas, que ·riram com esCérndal o quam:lo este, sorrindo lev ianamen te, ági– lou a mão num ges to largo e de ~a pare– ce u. ·em segu_ida . na pori a do võlJão. Aquela gargalhada . como um ferret e ern brasa . lostou a alma s ensível e apai– xona da de Mariasinhà, fazendo brotar dos seus olhos ou!rãs lagrimas. porém, mais quentes. ma is amargas . · Mordendo a ponta do lenço ~ Ma ria– ~inha já não chorava ptla ausen cia de Armando: chorava á sua primeira des– ilusão. Ainda "ésperou al gum tempo que Armando assomasse · na silhuda esc ura· do Irem que se ·afastava ; aqu ele po nlo ;, ... ~ 1 (;) [) [3(!) [)~ 1. rn (D _~ ~-m ~ i ~I [l@□IT(D[l][J~ - ··:. '= . ~ iíiHmmb'llllllllWIWll1lllllfflllllllllllUllllllllll!l/1lllllDIIJl!llll!IUJllllllllllllmHllmllllll negro, porém, encobriu-se na prime ira cu rvo da eslrada. e ela voltou, desiludi– da e ama~gurada. ao seu quarfo do nde não haviam nolado sua ausencia. -Mariasinha: que horns sé\_o ess ~s? Levanta; _v em !ornar café. -Não quero,_ mamãe; estou doen te.,. ·A_quelas palavras dona Gertrudes acor– reu pressurosa . Tão sobressaltada com a doença da filha que nem exlranhou a ·antecipada subslituição do lençol ··man– chtado da cama de Mariasinha . Nolou- lh_e apenas o ardor das faces palidas e ns olheiras negras , o que atribuiu ã pre– !i-nsa mele~1ia'~ dé sua .'filhinha . ã· q úa·I be.ijou com aquele carinho lodo especial ~ ~ que têm as mães·, pcda.s filhas, que alin- : ge-m -a idade núbil. , -Não chores,c queridir1 Isto é assim mesmo . ,Agor~ _'lr~ te'mo-s._êle ,,am"fnjar um bom ma.rig i_nho ~ para ri.ossa f\lh-inha . . . Um •rfíaridinho i. Gue· fas!ímavel •iron ia da sé rie. Uüe~ti-agédiâ.. 1mén"fa·,::·;;re~enro– lava-se .IJa• riballf! : senttmçufol·. d-4quela infeliz, -Mal ~!llb_ia ,_.d011á ·_Gtr! ~ude.~- -~que ague~~;. m.~rf~t_\i:r ~ 'u\to m ~i.p r.c !'\ª"à_ ser apen~t. _pr_o~p_c~da i?eJa.. n~!i:ire,za .~- ~A:"-:º· doa: -ahng1rsi ..tarnberi ,a .ll"lrn.a · _âe ,,.ly\ana· sinhll_·) .: ali .~er ~ .à'n~!=ei:i'a 1irié.feltye\.. dissi- mulada . po ~nfo1J (o . .· / .·-·r.,__ _ ·'.·. Ouerc:.nd.o,\-;éli$1,rãi-[a . -~ ~1{ Ge~l_Fll des . f .•• .. . ,,,,. : -, 1 ... ..,. _..., m or1JJÇ1\J,:, . -. "-~ • _.. , · _ ;; . -r, 1-'' . • -.5 ~6.es ,qu_eJ~ ,,é~~atç:9 ~_ _'[/ , ..: ,Q ,seu. Arma-ndó,., < nJIJQ,.:d~ ~,dqlp_~: 1 l;,µ lgem.: io. Dize.rri ,qye ,li.a{ . es) udar ~. ~p r,ã ~olô ... Um soluço ábafa,do· .foi a resposia e a verdade não sa itf:..-â ~s ''labios da infe:iz. -· ( • •• Com o decorrer dos anos. a saud&dt e o .amor de Ma ria_sinha. foram cedendo lugar ao odio e à vingança . O ult-r.a,e. a ips;ira!idão e _a vergonha fizeram-na relrair-se._ Acostumou-se a per-çor.rer a:i ca.mpinas , colheodo flores silvestres. d,an– do evasão ás maguas cm ça1)ções. krn!'l~ e Jlo~en!es. Vivendo no sadi"o . ambiente dos ·c;ampos , sua voz foi ad~u-irindo o mev ioso timbre dos passaras .gazis e o ~ " S.t_1,1,c,0rpo 1-odos os encanfos dir na.lur,e"iis éxuberanle e br,la. . .- .,. ' Tornou-se 'a m-ais · linda é requcsll'.ada ioven daquela cidade .do interior paulis– ta . Atraídos pela sua formosura singular e pelo suave i-ncantamenlo que a sua voz proporcionava . quando ca ntava nas ~ festas de caridade, acorreram os prt"!e.n: .-· denlés , ma s, a lodos Mariasinha cles~n– ganava com um so rriso, ap ~sar. de. haver atingido já· s1rn maio ri dõde . · Não faltaram lambem as invtsU.das de via jànles atrevidos, que , té!lvez guiados pelas informações inescrupul_osas de Ar– ma;1do Lopes. a procuravam com: inlen- . ções· deshones!as. Nenhum porém, con– s egui ra siqúer manchar-lhe a ponta dos dedos , porque, sua moral eslava reves- , Hda pela invi ola vel couraça gue ó g'randc infodun io de sua meninice lhe criara. (}}<(!) ITl ·[ CD · ·~ (e CD ~ - 11 ITl REPRESENTAÇÕES. COMISSOES E CONTA PROPRIA. ACEITA Rf.J?R 1 ESENTA.ÇOES DE 'TODO5 OS RAMOS REFERENCIAS : BANCO DO BRASIL E BANCO ULTRAMARINO Rua Quintino Bocayuva, 85 -- Telefone, 15-58-Cx. Postal. 42 - End. Teleg. Carcosta Manaus Amazonns Brnsi/ , PARA.' ILUSTRADO 15-5-104.}

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0