Pará Ilustrado - 1943
De AURY l:>EMER>ES Sob o original -titulo "Lampos do Nirv-a– na», :vem de nos dar· o primoroso -poeta lusi– tano sr . Manoel Gonçalves da Cruz mais um volume éle excelentes versos . Dlz&-los, ape– nas, excelentes será pouco, dada a sublimida- - de dos assuntos que inspiraram tão belibSi- mós pensame'Iltos e tãõ profundas 'concep– ções. Pairando sempre pelos nimbos dolraaos das místicas ascenções nos dominios misterio– sos da alma universal, o ;elho poeta arranca– nos, nas a:i;as condorlanas do seu éstro, do trt!– medal humano, e nos leva, de emoção em ee- ,.moça.o. suavemente, pelos luminosos cami_nhvs da sua sensib!lisante poesia, para alem --lias fronteiras caliginosas dá vi]ia terreno, apon– tanao:.nos, através de cenários multicõres, os horizontes opalinos àas · seren·as mãnsões nir- . ...,,,. . vã.nica~. dacte·, mas na grandesa de seu sentimento e de sua filosofia, nos vem dizer neste belo - SC' ne~ Filosofando : Perdi-me a sós, nà ~qite tenebrosa, Em busca de mim mesmc> e a sombra Formada em volta da alma misteriosa, Por ela olhando os hm;nens no declive. Junto do cáos, na quéda ct_esastrosa, Uma areia na minha mão retive, Mais p.equena que ·o cílio duma rosa, tlye, E por momentos, Ve'Ildo-a, me entretive . .. 'impressão de leitura, estudó àcura-do e critica meticulosa das 64 páginas de que se ~<;<impõe o ;olume . de poesias deste Inspirado poeta. Seria, para tanto, necessári9, não uma página ou mais de Jornal óu 'revista, mas um substan- cioso volume.,para dizer tudo que sentimentos das belezas contidas neste relicário ffe rimas e rútiias inspi~a~ões : · ·Criticas, rigorosas e. puristas, poderão tal– vez, notar em · algumas 'produções do sr. Ma,– noel Gonça-lves da Crúz ·certa;; f!!,lhas :le té-– cnica- ou mesmo· ausência de brilho na· fór– ma. • Màs isto; --positivamente, não deslustra _nEm desme_rece ·o Justo e re!{l valor Int.l'ÍnsÚo dos seus - repito - · !;>elíssimos versos. Que vale uma }déia . rast~ira, um pensampn+Õ ou coriceito medlocres, ou imagem trivial, ditos em linguagem poqi-posã --e retumbante?. . H&., -bem o sabemos, quem ame a ·mentira ·e a ilu– são, e P.ara tanto basta ·que - e1as se· mostrem _bem pintadinhas e Cobertas de pút·pú:ra e lan-. teJoulas .. -·-- . ·· Nunc~ . lemos out;os· livros do aut\ r. q~c J?epois, num gesto, olhando o· céu -profundo j/Í. _os tem, vários, publlca'dos. Neste, porém, Joguei-a ao vento, · pelo· espaço em fóra, que sabornamos com'. deÍ!cioso e sincero pra- E vi dos cosmos ter Jogado o mundô ! zer, percebe-se, claramente; o ·rastro cr~1ciante, - · - . mas eh~;; .fulgores', duma ex!stenci~ fec-un- · r ~ Pequeno clscõ que no ~paço ond!lla ! :.,_~ pre votada às pesquizas dos enigma~ 'i Em face ?ª alma que ningu~~oorâ, mistérios. cta alma e ao culto da Dô>:. d<c>,s'!. D-'.lr V! que o ~õnao mede um grão de are!a ! Universal que aproxima e;; homens uns _dos ' / outros nà comunhão. ·e afinidade das h_!lroicas , 1-5· venerando bardo, em todo o decurso de ê abnegada5 ;·.itas redentoras . Quem o lêr. p'3.l- s,e--ü precioso livro, agiganta-se, a cada passo,_ milhando com êle as-send!ls tortuosas da,s suas ,t ocando -a nossa imaginação, o nosso entendi- a-gohias; .sentirá, de-eerto; tambem, !:':., no ex: · - Os versos do sr. Manoel ·aonçâlves da Cruz não são daqueles, muito >Comuns nesta época de mediocridades e futets ·devaneios reinantes na ·poesiã moderna, que se JêeIQ. com displl:_ cência e sem o menor êsforço - à.nalitico. E "Lampos do Nli:vana" há mÚitos P!'Obl~ma,i graves em que-- medll;ar. HÀ ~ln.teses sutill~– mas; há orig_!nalldaéle! de conceitos e t ,isas - mento e a _nossa rezão sup·erior, na torturan- tl'emo gl ,rio:'.o. da jornada heroica, o lampe- -expressões, que ' denuneiam o espírito ic ~tico observador e experiente do poeta na i9tterpre~ tação fiel da alma d~ ·cQusas e dos ';ires; há, sobretudo, no perfume, ora suave, oi:-;à embrla– gador de s1:1as idéias _avançadas, ur:n pronun– ciado e quente sabô:(filosóf!co a.111¼\ 0 ao ritmo·_ expontâ.neo de suas estrÕfes e à. !Ínusicalldade ele seus pensamentos arrojados, qtiie nO§ mos– tram a vida, não como _a conc~bi a ignorân– cia• ou· a estupidez ilustr~da de ~ tantos sá– bios vulgar~. mas sim como a ':devem sentir; e realmente a sentem, os que ªI] n.am 0 - Belo é a Verdade integran_do-se, sem f preconceitos, sein dogmas ou mlst!j:as escrav11santes e esta– gnadores, na luz - das esf-érast superiores da ~mente e banhando-se nas hárijnonias vforat!)- rlas do , Cosmos. ,. E .é assim à musa elevà_!ill. -e mesmo subli. me do poeta quanao, de de, AV8íll0 A PORTl.fG AL: 46 A 48 te ânsia de atingir os clarinantes planos espi- jar de rubidas auroras, no deslumbram-entó tuais do seu ideal : Em Oração, assim se ex- extasiante de f,uas visões ·n-lrvânlcas ..._ prim~ o harmoniõso cantor: O cuHo de Incognoscível; dentro da c0n- cepção búdica~ nesse oc.aso ainda estuante de seiva lnsplratlva do velho bardo :Português, é, pode-se dizer, o eixo central em torno do qual cintilam, como nervosos pirilâmpos, ·as fulgu– rações do seu admiravel P.Oder lmagfnativv e criador, desse estro, enf~ luminoso e poten– te, que vai desde o minúsculo grão de areia até às faiscantes esféras- siderais ... Alma da- argila, .evolução da vida, Lava do éter que minha vista acende! Rendo-te preito, à. luz,- de fronte erguida, A ver se o teu amor por mim se estende.. Dos céus de opala, à cél!ca subida, , Olha, pondera, éscuta e a pre_ce atende Do homem - matéria, . - a cinza evoluida, Onde palpita e_ o pensamento prende, Em atómico anélo a todo o Instante Mas se aparece a Morte de repente, Sóbe ~na luz da aurora radiante. E assim, na luta, do lnvisivel esmo, Não P.ára, e a caminpar, constantemente A" ·luz dos astros, pule-se .a si mesmo. infel!zme~te, ,nest?> çurta .Circunspecto e cheio de · naturalidade e !.Iispiração, o mavioso poeta luso merece, sem · duvida, á admiração e o louvor dos que amam a· Verdade, porque~ de fato, o livro do sr . Ma– noel Gonçalves da Cruz - diga-se sem favor " - - enriquece, sobremodo, e de maneira brl– lhan_te, a arte poétléa, e dá às cousas sérias da vida o seu verdadeiro sentido, Infelizmen– te tão pobre, nestes calamitosos ,,e · sombrios, tempos de miséri8.§ ~ depravações mentais .. : Niterói,_dezembro de_l.942~ Emporio Ífe calçados para homens, senhoras e crianças. Tem· sempre · principlli fáhric_o.s do País: Os ;eu_s preçç,s são conl!_idetivos e os. T8L8F'Oíl98 959 e– · 2393 vari;dó sortimento das seus -calçados ., repre- - , sentam 9 expoente da moda e seg_uran,ça. Visifem-na que ·aproveifarão o fempa é economiiaráo dinheiro! & PARA' ILUSTRADO - 21
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