Pará Ilustrado - 1943

UANOO o sol reverberava n0 h-orizon– k pai nisando o cume das monlimhas «- os seus raios maravilhosos, o joven or ·Claodio freire té_rminava o ulli- - e ilulo de sua" admiravel novela in– ada .Suave Perfume•. que. 11põs IIOi e5 M lulas incess11nles, ele const>gui– a co;;cluir para ingress11r no concurso ia ser realiz11do na Academià Pa-- - risaraK de Letras. Oaudio escrevia muitos romances ce– Multiplic11yn suas obras com ade facilidade e ~empre c;om o en·– canlo dt> um eslilo superior; ninguem podia conte~tar o lalenlo do famoso es– aitor; 11 sua linguagem pura, brilhante. ALmA· DA SOO:HO · -Oue papel você es_lá fazendo 1 Claudio, ao ouvi-la falar daquele modo,- ficou d~srsperado e, com--·as idéas embaralhadas. saiu se.m destino · Daí em dianle, sentindo-se humilhado por aquela criatura ingrata. C:laudio. prometera a si _mesmo esquece-la cus– tasse o que .cuslass::. Enqm!nlo Jane Mariza, iludindo ao proprio coração apresenta va-se nos sa– ráus dansanles · e rec~bia os galanteios · -dos seus inumeros ad'miradores. Claudio lutava para esquece;- a magua e a lre- – mend:i lragedia que lhe lorlu!·ava a alma. A sua felicidade eslava e1wenenada ! O que lhe importava se fosse acla!llado o nnoniosa: a sua imaginação polente e o seu profundo sentimento pel_a natureza. O joven r_omancisla possuía uma alma sonhadora . Amava com lóda a nobreza do seu coração á formosa Jane Mariza, 1111U1 joven que morava nas proximida- ' dn de sua casa. Apésa'r ,da moça per– tencer a uma familia i:ica. nem por isso Mixava de corresponde-lo com o mesmo afeto. Alem disso, Jane Mariza admira– YG-O pelo sew exlraordinario talento. e nenuonoe - melhor escritor. se Iodas élS alegrias e esp~rbnças se haviam •dissipado de seu coração! Todas as -!ardes. eles se encontravam num lindo parque muil0 - florido. Ali. passavam momentos -deliciosos transpor– tados ás regiões do sonho e do encan– tamento. onde ·os lírios e ·rosas embal• samavam o ar com o misterioso ,aroma das essencias. formando um ·ambiente de poz. amor e bel~za 1 O moço encnminhara o seu trabalho á Academia d~ Paris. Ele nguardàva feliz resultodo. Assim. poderia unir-se áquela a qmim havia jurado nrijor e 6delid11de. Umo tarde. Claudio chega~do 110 parque e, não a encontrando, esperou-a por muilo tempo; -mas, Jane não · apare– ceu. O mesmo sucedero nos outros dias. Daí. o moço começou a preocupar-sé, pois não sabia· qual o · motivo dê Ião . longa ousencia. , Certa noite, em eslndo febricila.nle, Claudio saiu pelas runs nll esperança de encontra-lá; mas, qual não, foi n· sua surpresa ao ve-ln· em. companhia ,de mo– ç11s ~ rapozes, conversando e rindo. sem dar pela sua presença .· No dia seguinte; dt>cidiu falar-lh"e, quan do ela ia saindo de casa. Claudío ·diri– giu-s_e~lhe para o interpelar sobre o seu procedimenlo ao qutt ela sem lhe dar 'lempp, falou: • --. . . ~Não podemos conlrnlU\r: vou casar– me com um home111 rico. De regf,g, devo esquece-lo. devido a -Oposição de mmR{L · _:_Jane Mariza. responda-me. anles que· eu e·nlouqueça; olhe para .mim ... Vocé poderá esquecer-me ? Ela, porém. · não rtsisliu. Filando aqueles olhos escuros e cheios -de mis- terio, respondeu-lhe! · . •-Como · poderei esquecer- olhos Ião . lindos? · · -O moço ia lom11-la nos braços, mas. ·Jane Mariza · afastou-o, dizéndo :. :_Não, Claudio;_ ha · uma muralha que nos sqarà. Adeus. esq~éça~me·I . .. ... 'os dias forem se passando. e. para Claudio era um verdadeiro suplicio viver sem- o· amor daquela a quei:n tanto ado– rava. Assim, não se conformando com . a nova situação, ele leve vontade àe voar par11· perto dela. e como se ·hou– \•esse enlouqúecido. repelir comõ Bilac, mas repeU-r ao seu ouvido, brm baixi– nho: •vive só para m:m, só parJj a minha vida, só para o meu amor!. _ Ele desejava à reconciliação, por isso fõra procura-la . · Ao defrontar-se com o moço. revoltara– se contra ele; já não era mais a mesma. Respondera asperamente que ·· ele fosse embora; que- não a perseguisse e, não queria ve-lo: nunca máis .. . -Sem leu amor. morrerei, Jane Ma– riza 1 .:....,.. suplic'ou o rapaz. -Póde morrer 1 -- respondeu furio_sa. · Tai foi a decepção que 0 moço aca– bava de sofrer, que ficou- olhando-a, pasmado. - · Depois. ela . exclamou. com certa iro- nia na familia. --...._,,,,_e· O moço, filancJÕ-a como um desvoi- [:l (I)fil_• li] r11d0, perguntou-lhe: -Você já se - não lembra ma!s ·do nosso juramento? [il {p (-) (-) (il (-) J~ne Mariza nada respondru. l!J ~ ~ LiJ ~ Depois, ele coulinuou, com doçura na voz: ,,. , -Você poderá esquecer-me ? Com_o não obtivesse resposta, Cl~udio !ornou a perguntar:lhe: 10-4 -104.} PARA' ILUSTRADO Claudio vivia taciturno. Nada mais ouvia senão as · duras palavras que a moça· havia · pronunciado . Daí , então. passou ·a · odiar a existencia . Tres mezes dépois . 6 romancista era .laureado como o- mt)ior escrilor, sendo por isso convidado ·a comparecer á Acade– mía para reéeber o grande premio que · lhe fõra conferído._ Na Cidade-Luz, Claud i,o escrevera inumeras peças teatrais. alcançan·do ·gr!)n• de sucesso no mundo lilerario e arlislico. Mais !arde, voltando ri co, comprou uma fazenda. pois hav la decidido viver longe das trepidações e do torvelinho das melropoles. • • • Transcorridos cinco dnos , Jane Ma- - riza. não consegui'ndo esquecer-se de Claudio, pens_ou em· procura··lo: Soube que ele vi'v ia · numa fazenda e estava . rico. Assim sendo. sua fàmilia não podia mais fazer oposição. Em menos de Ires dias , ela parliu. .Ao chegar á fazenda. Íl.llou com o em- · pregado dizendo que desejava ver o es- critor. - · Minutos depois. Claudio apareceu. Cruzou os braços. Sua fisionomia !ornou- . se dura, seu olhar indiferenle, apenas . seus labios moveram-se .e perg'unlou-lhe , com· voz firme e serP.na : -Deseja falar-me? Jane Mariza estremeceu qo ve-lo mu– dado. mas exclamou : -Como ~ocê está mudado: Claudio 1 Então já se e!õqueceu do nosso amor e dos nossos encontros n_os parques ? -Isso ·não me traz nenhuma reaorda– çiio, respondeu. _ Depois continuou : - Todo o meu passado está em cin– zas. Consegui esquece-la conforme o seu desejo . Agora que eu . vivo em paz. foi quando lembrou-se de vollar I No mo– mento em que sofria demasiado e pre- : cisava de palavra~ ·que me a9imassem a vencer, a senhora me obandonou fria- · mente. sem nen~um v morso de destruir a minha felicidade e o maior sonho que eu havia formu lado em meu coração (Contlnúa na párfna 26 -3-

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