Pará Ilustrado - 1943

( . 11,,,.,,e. A-"4~ e tt dlUl, ~ ttm8.ição- -ea.e9a11, em CMa ceM e ~o.na11, o. ~. Í.u~ de a&a ~eedMia ~ e de amo-t á ~d.d.ade · con{.~ Mmc. Anabedelo volta cedo para casa . a fim de fecililar o trafego ã ·hora do fech.anienlo dos escritórios e do comercio. Aquela moça. bonita, elegante, distinta, carregando sete embrulhos, uma bolsa e um sorrisó simpatico e atraente, chamou a, aten– ção do reporter. O rapaz teve ímpetos de oferecer-se para ajuda-la. a transportar aquelas caixas e amar– rados. Não se anim-0u, entretanto. . . Poderia envolver-se numa. "embnllhada" dos diabos por causa de uma Deusa -que êle, afinal, não conhecia. A curiostd?.de, porém, já afirmou S'pen– cer, é um atributo feminino de que os repor– teres se apossaram, torna.nd !o-a elemento pri. mordia! da sua frm;;ão. O relogio da torre da Igreja de São F r ancisco de Paula marca.va 4 horas da tarde. Porque iria aquela moça pa.• ra casa tã-0 cedo, numa tarde de sábado, ple- • no de sol e de alegria, com a cidade movi– mentada. e fascinante na harmonia dos estam– pados de tantas e tantas mulheres bonitas ? E o reporter não se conteve. Procnotl no "stock" das &nas mascaras fisionomica.. ~ nm sorriso inocente e puro e abordou a peque– na: - Perdão, senhorita, Ir.as . . . - Senhorita, não . Senhora. Ou m.elhor, Mme. Anabedelo .. . - Outro perdã-0, minha senhora . Enga– nei-me . A senhora compreende . . . As;,im, tão jovem - Nada de galanteios, meu caro se;.i~or... Bu sei .que sou bonita, elegante e sobretudo jovem: Mas, estou com pressa. Quero tomar o meu b9nde antes que os escritório!'. os ban– cos e o .comércio fechem as portas .. . -26- - Pois era precisamente isso que eu que– ria saber: por que a Sra. va-i para casa ás qua– tro horas, quando os " five ó clock tea" são, con;.o .querem · os ingleses, ás cinc-0 horas ? ... -E', que!- eu sou previdente, meu caro senhor. :M1tito emb-Ora eu goste de um chá.– sinho con. torradas, g.e olhar as vitrinea. de um "bate-papo" coni as minhas a.mig-às. es– sas pequenas distrações, enfim, que fazem as delicias da vida social das mulheres in– teligentes, reconheço que ó momento nã-0 permite essas veleidades femininas. ·Ainda agora encontrei a minha amiga Staphisagria que pretendia contar-me a historiã -do casa– mento da filha da Rebeca . sr . conhece a Re– beca? - A "rebeca" que eu conheço não é mais rabeca é violino . . . · - Eu falando sério e o sr. a fazer tro– cadill!.os idiotas .. . Bem, não importa . ~amos ao caso: a verdade é que eu deixei de oúvir a historia .do casamento da filha da R,ebeca somente para não perdler o meu bonde... . - Mas a senhora tem tanto interesse assim, nesse bonde ? - Que pergunta in:genua. . . Pois o sr. a.inda -não reparou que eu quero ir pa.ra car,a cedo afim de não eongestionar o trafego de bondes · á hora em que os homens saem do emprego? - Ah ! E' uma bela iniciativa, não há dltJVida. ! - Bela e com um certo aspecto social. .. - Não percebo . .. - Pois, é facil a explicação. Olhe, meu fARA' ·ILUSTRADO marido chegava em casa de noite, todos os (ijas. A principio não liguei importancia. ao fato. Entretanto, tudo na vida tem um limi– te . E um diá estrilei . Não entendo nada de pintura, a não ser dos meus lá.bi -Os, cabelos, unhas, etc., mas pintei o sete com meu ma– rido . •Q,ue nã-o queria mais isso, mais aquilo, em resumo, que ele nã-0 me chegasse mais em casa depois das cinco horas. ·Q,uando aca– bei do falar' ele estava dormindo, mas, no dia, seguint€, chegava cedo . Viera de ta.xi ! De– pois, como medida economica, comprou um aut0movel. Mais tarde a gaoolina acabou. E ele voltou a. regressar ás sete e. oito da noite. R,i,c.la.mei novamente. Chorei. Briguei. Amea– cei não ir para casa de mamãe, mas . . . traze– la para nossa casa. Ai .meu ' marido por sua vo·t., chorou, esperneou e acabou confessando porque chegava tardíe: falta de lugares nos 'b,:mdes, alegando ainda que, após um dia in– t.(•nsc; de trabalho, não lhe era possível via. jar nos estribos . . . • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • Joalheria A MARANHENSE A CASA DOS BONS RELOGIOS de R. N . de Souza Joias finas. relo.gios. bijoulerias . objetos de adorno. ele. Oficina de ourjves e qrava-dor. Executa e reforma qualquer joia em pla– tina. ouro e pedras finas. Dou- . ra-se e pra!ei11-se com perfeiç~o . Rua João Alfredo . 25 - Telefone. 2751 - Belem !._ Pará - Brasil • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Achei a razão plausível. B resolvi, então, fa, z.er as minhas compras cedo e voltar da c:id.ade antes das cinco horas. - Muito bem pensado ! - 'Si todas as senhoras casadas·fizessem como eu, os homens não teriam mais essa des. culpa e via.jaria,m confortavelmente instala– d'os nos bondes, lemlo o seu jornal, o seu livro, e pensando no lar, na esposa e nos filhos . . . - A senhora rerolveu um dos muitos as– pectos do problema conjugal. . . • ...:.. :E-intendessem as senhoras a vida como eu a entendo e tudo correria bem, até os bon– des. . . Não vê como estou a-legre e sorriden– te ? E' que volt~do cedo, encontro lugar nos bondes, viajo sentaxia., com os meus sete em– brulh-0s no banco, á' meu lado, e não me irrito com os passaigeiros ·que não me oferecem o seu lugar. E chego em casa descansada., sem atro– pelos, bem humorada· . .. A-proxima-se o bonde da. encantadora da– ma.. M:me. Anabedelo despede-se . - Bem já falei muito .. . - Por quem é, minha senhora, não fo1 tanto assim . . . Para uma jovem inteligente e culta... - Eu sei, mas. . . o bonde já está paran– do . . . B partiu, rumo ao seu bondezinho, com a conciencia tranquila do beneficio que ia fazer a uma porção de gentes. E. o reporter ficou pensando que vinte mil senhoras agindo como a linda Mm.e. Ana– bed!elo, resolveriam os dois grandes problema,s do mun:dlo moderno: o do tra.fego e o da feli. cidade conjugal, pois vinte mil maridos po. deriam chegar em casa cedo, satisfeitos, con– tentes, reconfortados por uma viagem calma, confortavel, feliz ... 20--3-IC}ü

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0