Pará Ilustrado - 1943

8 M teus olhos paro_u a eternid_a- . de . . . Em teus labios só ha silendo. . . Um silencio como– vente de noviça sufocando as lem– branças d~ pãssado. Em teus o~– vidos agonizam , écos de ~nil vozes que a propi-ia saudade esqueceu ... Um dia. porém. eú acordarei essa eternidade, cun-tando-te Ioda a historia do meu - sofrimento. E em teus ouvidos minha voz lerá a repercus3ão de •Sin0 bronzeo em mosteiro de .mil arcadas ... • - Aí. enlãó. quebrar-se-á o silen– cio qut' mora nos leos labios. E eles entoarão minha canção de amor ... X X X •um dia áS creançõS- vollariio a ' brincar, os passaras eAloa-rão seus cantos. a humanidade 1-erá alegria I» - disse o profeta. E nós, profeta. nós st'remos fe– lizes, nesse dia ? X X X E'. s --o raio d·e sol que a escuri– dão almeja.. . E 's a noi.le enlua- -rada que o boemia deseja . _.., ------------------- AdulgisB Nery ronfes Bosfo que sobre o minho formo coio o lembrança do teu .,,mor para que os meus sentidos desiibrochem como. nos madrugodas, a folha e " llor. Bosfo que eu ouç11. o clllmor do vento na romo dos arbustos, ou no imensQ 6rmamenfo, poro que eu pense que é por mim que II lua voz clllmo nos espaços sem fim . . . Bosto que eu ,·eja o colorido dtts ·auroras ·quentes para que · eu me lembre da tull bôcll e sintll. · não suovemente. m;s o desejo forte de beijllr com lllbios entreabertos e olhos cerrados docemente . . . Basta que eu me lembre do morfe paro que fodo o omllrgor desta distância seja uma razi'io que reconforte ... Enfretonto, • vendo a lua presença no olegrio de ludo, o minha olmo vive em pronto e o meu se_r é indiferente e mudo. ~12- ,- 8 STA secção. qut'm a dirige ainda hoje iniciou-a, faz mais de luslro, num quin– zenariu que o velho grernio azJino da avenida Nazaré lançou :e manteve. por algum tempo. para aleqria de se·us fons e enlusiasrno de toda a c'idade. E dizia- mos. entã0, apresentando-a : · " cCo.mo uma vilrin~ luminosa d~ bazar, - bazar de sonho e de ilusão. -haverá de ludo, aqui,. tudo que possa alrni~ o olhár deslumbrado dos passantes. figuri– nhas graciosas de T anagra. bibelols encanladores de graça e de beleza. bijoule– rias de Ioda especie, bonecas e calungas. quinquilharias galantes, pedaços d 'oiro. retalhos de seda ... - E' pcssivel. pore!ll {iudo acontece . ..). que, como cedas vilrines desafortunadas. esla aqui' não atraia um só olhar. Reslarã, eolrelanlo, a cerlt>za de que t'la foi feita para agradar. A hislo;.ia está em qt;e não soubemos arruma-la· a geilo ... • Depois. o quinzena rio azulino desapareceu e com ele desapareceu •Vilrine•. la111bem. Reaberta. hoje. porem. para o olhar p,erscrulador dos leilure;; (e d11s lei– toras. sobret11âo, que as mulheres sentem em maior dó3e a àlração d11s vilrines...) "esta secção não lraz disposição diversa dos seus dias iniciais. E che-ga ... - X X X A .!errasse» esplendia cte luzt"s e de mulheres · bonitas. Terminara a sessão do .Olímpia. So11ja Henie atraira lodo o granfinismo da !erra. •Elas, eram Ires, á banca. Com rele,. qualro. Sobre a mesa, quatro laças dr sorvete... Na roda. falav11-se de divor<::io. E - mademoi.:;elle, sacudindo no ar a c11bdeira - crespa, a~gu'!lenlava. com veemencia: -E' . . Eu sou. iuleira.-nenle, · inlegralmenle, parlidaria do divorcio. Encaro-o como ~ma necessidade. O ,divorcio é que é moral. O imoral será continuar como está. Porque, afinal de contas, que lem o coração a ver com simples convenções s~– ciais? Será honesto, pprventura. escrnvizar-se 11 essas convenções os senlimenlos mais puros e quando elas apenas relêm, um junto ao outro, sêres que não se perlencem màis. alm11s que vivem disl11nciadas, bem distanciadas, escondendo na sombra o •pecado. - de ama-r ... um outro, ou uma oµlra? Mademoiselle esl11va brilhante, na eloquencia com que discorria. A cabeleira • crespa agitava-se gloriosamente . e as mãos eram as<Ss que se debatiam. nervosas. · A irmã mais velha falou.- lambem. mas olhando a questão de oulro ponto de visla. N11 roda. só madame não falou. Mada.ne e Monsieur, lamb~m. No emlanlo. ·fala-se por - aí que lodos dois , têm o seu rom11nce. Toàos dois. Madame e Monsieur ... X X X Este ano, o Carn11val não leve, enlre nós. como de resto, em lodo o paiz, a repercussão dos anler:ores. quando. mal i;e ouvem, trazidos pelas ondas das emis– soras as primeiras melodias consagradas a Momo, um entusiasmo louco, conta·, gianle, vai a lodos dominando. O Carnaval de 43 foi um Carnaval qu11si lrisle– si é que se pôde admitir os dois lermos junto. Um .Carnav11I de guerra, de que muila gente nem chegou, siquer, 11 se aperceber. A hora de luto e de angustia que o mundo está vivendo não permitia m11is largas expansões de_ alegria de nossa · parle. _ Ainda 11ssii:i,, muita gente se divertiu 11 valer nos salões dos nos_:1os principais centros de reuniões soci11is, embora ess11 •muita genle» consliluisse, pdo seu nu- mero, reduzida minoria . •Afô, fio S11m•, ,Sim._foi ela. e tantos outros .suc;essos. encheram. dess11 ma– neirn, os ares da ·lerra. lançados pel11s nossas jazz e repelidos pela vol das nos– sas encantadoras pali'icias. E as· feslas fornm es:3levdidas, lodàs ei11s, preéisamenle, porque não Lhes faltou a graça das nossa_s moças bonil11s, A Assembléa, 11 fesl11 tradicional do •grand-monds• --l)araense, contou, dess11 fór– ma, com á presença, enlre muil11s ouli:11s. ~de Carmen e Lourdes Acolauassú Nunes, , , Estela B11celar, Ana Julia.!,-..Simy - ê -Gimol Rofé, Nazaré Guerra_, M_ari11 -d11 Gloria Çampos, Rulh Castro, M11ria de Lo.urdes Buarque de Lima. kna Mari11 e Maria Helen11 Malcher de Araujo. Mari11_Lucia Marliqs, Naiáré Chaves Hermann. Dayse Amordo. Maria lzabel. Mari11 Emili1t- Chavês, Mari11 de Lcmrdes e Mari11 da Glo- ri11 Azevedo. ---<' - • Os sorrisos de Nazaré. El;anora e Maria de Lourdes Melo. lvell".'. Gama, Elza e Elba Gemes, Maril:l Hef~na Carnarn. El211 Maciel Pereira. Msirina, Edila e Lour- - des Maia, lljui·.Sarmenlo e lanlas outras expressões formos11s da sociedade p11raense and11r11m ,,énfeilando as festas do Palac.e Cassino. - .• -!? _, ,, e - As festas do Re,mo espleí1ae'ra r';- p~la graç; irrn-diante de M11ria de Nezaré Cor– deiro. ZJlda Pinto Mar 111s, Olga Pinlo, Josefin11 Silv11. Hercili11 Pinto. Ligia Cosia. M1ll·i11 de Lourdes Brnndão. Lourdinha Ciriaco, Liciele Barbosa, Helena Condurú Cardoso. Ivone e Nazaré freire, Eunice, Elrn e Hercilia Luz. foi assim. eníre nós, o Carnaval que · p11ssou. · Hoje, ·vivem no 11r, apenas, os versos da canção gostosa: •que s11od11de do samba qur e-ra a minh11 felieidade ...• Será, mesmo, só sâudade do samba essa cousa que hoje vive denlro de nós, essa melancolia que li genfe sente ? PARA' LUSTRADO 20-3-19-4-5

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