Pará Ilustrado - 1943

( Do Rio para PARA' ILUSTRADO) De ALMERINDA GAMA Sou peqneuino, Sou brasileiro, Por isso amado Do mundo inteiro. Quando eu crecer e fôr viajar pelo estran• geiro, mandarei imprimir cartões de visitas com OS · seguintes dizeres: ALMERIO DA GAMA Brasileiro Será essa a melhor recomendação para os ou– tros povos, porque o meu país ocupa um Jogar ele– vado no conceito das outras nações . Eu me or– gulho de meu país. Papai não d.escura a minha edn.cação. Freqnen• to o melhor colégio do nosso bairro, e faço exer– cícios físicos sob a orientação de um mé_dico. Jogo fule-ból com moderação, teuis e golf. Nado .e pa– tino. Papai quer que eu seja um homem forte e· ro– busto; corajoso e valente . Pronto sempre a repelir uma injuria, mas nunca provocador . Ensina-me a ser tolerante com as fanfarronadas dos mais fracos, e a fazer-lhes reconhecer a sua fraqueza junto a minha força, mas sem hnmilh"a-lot . Meu Brasil tambem fez um juramento a si próprio de nunca ser agressivo . Nunca se empe• -nhará em guerra de conquista . Assim como Papai não assalta a casa alheia, meu Brasil não tomará a terra dos outros, nem ajudará outro país a to– ma-la. Isso está escrito na Constituição do Bra- O Brasil é conhecido do mundo civilizado liá mais de quatrocentos anos . Passou da categor:a de colouia á de reino, depois á de império e por fim á ~ •republica . Desde 1808 que os portos brasi– leiros se acham abertos á navegação estrangeira, e os nossos avós sempre mantiveram a integri– dade e a unidade da Pátria . Não seremos nós que iremos deixa-la fraccionar-se ou ser conqu:stada pelo estrangeiro . Perguntei a Papai que era ser estrangeiro. Eh me disse que era ser estranho ao país em que se vive . E eu me lembrei cÍe Bernardo, meu cunha– do, quando começou a frequentar a nossa casa . Havia muita cerimonia com ele, porque era pessôa estranha á casa. Agora ele é marido de minha irmã. Faz pa!te de uossa familia, interessa-se pe– los ~us estudos, móra em nossa casa que passou a ser lambem casa dele . Ajuda nas despezas; le– va-nos a passear. ' Quer muito bem a Papai e a Mamãe, e faz por eles o mesmo que faria por seus pais se existissem . Minha prima, casou-se, infeliz~ mente, com um ·aventureiro . Quando' meu tio des– cobriu que o marido dela era um "scroc", anulou o casamento de minha prima e upnlson o aven– tureiro de casa. No Brasil é assim . Os estrangeiros que sa– bem honrar a hospitalidade lirasileira têm tantos direitos e privilégios que a gente até se esquece de que eles não nasceram no nosso país . Ch_e• gam até a ser funcionários pnblicos, isto é, ajudam os brasileiros na administração do pa s. Não é em sil . Sempre esteve escrito nas outras Constitui- _todos os países que isso acont_ece. . . Mas os es• çe! que fôram revogadas. Isso quer dizer que a • trangeiros malfeitores, pr_ovocadores de desordens, não agressividade faz parte do próprio organis– mo brasileiro . O Brasil é grande, muito grande. Tem ter– ras bastante, mas não_ t~m . terras de ·sobra . Si a Europa inteira sofres,e um cataclisma ,que amea– Ç!lSSe submergi-la inteiramente no Oceano, '? · Br~– . si) pcderia abrigar todos os seus pov.os . E todos aqui viveriam com a . maior liberda4e dentro das leis brasileii;as. que são· , as mais. ·tolerantes ' do · mundo. No Brasil há atividadé para odos: ·desde o lavrador até o diplomata , Mas não queremos que nenhum pedacinho do nosso territtirio, deixe de ser Brasif. espiães de noss, técnica de defesa, são chamados . indesejáveis e .expnlsÓs de nosso território . Papai me contou que um dia chegou ao Bra• si) uma grande leva de . imigrantes europeus . En– tre eles vinha um rapazinho muito novo . Dos varios empre"gos humildes que .lhe àpareceram .ele pre• feriu ser varredor, servente de livraria, contanto que o pàtrão lhe permitisse ler nas horas vagas os livros expostos . á ~enda . E esse rápazinho fez-se homem e pelos altos conhecimentos e grande va– lor chegou a -ser Úm dos mais sábios diretores do nosso Observatório Nacional. E o ·Brasil orgn• lha-.se de s~n nome porque ele se fez brasileiro lndispensavel na toilete diaria 'tende-se .em toda a parte 20-3-1043 PARA' -ILUSTRADO N AO ha negar que o discurso 1 que s. exc. o sr. coronel Maga– lhães Baraln, inlervenlor federal do Estado. pronunciou, num impres– sionante improviso, q~ando o povo da Cidade Velha rendeu a sua gratidão ao seu benfeilor e amigo, foi uma oração tecida de sinceri– dade e de amor á ferra de seu berço. Nessa memo_ravel manhã domin- • gueira. desde a missa na Catedral, ao empolgante espetaculo de tan– tas almas esluando de jubilo pela volta de seu qovernanle, no Porlo do Sal. á frugal refeição que foi servida ás crianças e á maioria dos presentes. da qual participou s. exc. - ludc consliluiu uma afirma– tiva sem sofismas da fé com que a genle do Pará anseiava p_elo pros– seguimento duma obra administra– tiva, que ficara estacionaria. franco e resoluto como o apre– cia a multidão. o discurso do chefe · do executivo estadual deixou bem frizanle , aos elemenlos de Iodas as classes que o escutavam, o quan– to a procecussão do seu palriolico governo no terreno da cooperação e do trabalho. eslá a exigir do es– forço e abnegação de lodos nós. A sua larefa de reconstrução é ingente e reclama tenacidade e es– pirilo infraquejavel. sobretudo nes– ta hora !remenda, em que a Ama– zonia tem de movimer,lar todas as suas 1:elulas vitais. E. não foi oulro, se não esle, o sen– limenlo compreensivo da realidade de tais problemas. que s. exc. con– substanciou na sua vibrante peça 01'.ãloria. dila sob os aplausos fre– mentes de lodo u-m bairro, que sou- . be tribular, publiet1mente, a sua es– tima e o ·seu apreço, ao preclaro cidadão e ao digno mililar, a quem o povo quer e "incondicionalmente admira-. ............................ Leia e • anu.nc1e em ■■■ m ■■ ••••••••••••••• para todos os efeitos e soube honrar a nova pá– tria. Seus filhos nascidos no Brasil continuam a integrar e a honrar a nossa nacionalidade. Por isso o Brasil é amado pelo mundo inteiro .- -5-

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