Pará Ilustrado - 1943

da povoação de Caraparú - empo/ganfe procissão povo lraba!hador e feliz porque fem fé - a !a– vida economica local - oufras nofas e oufros falos no convés, um grupo de gentis senhorinhas canta e acompanha ao órgão, violinos e contra-baixo, musicas sacras . Girandolas de foguetes estrugem no espaço. A· góndola é puxada por um escaler, que tem a impulsioná-lo a sadia musculatura de vários caboclos, filhos das redondezas, todos vestidos a maruja. Já em direção de Caraparú, ao se colocar a romaria no primeiro estirão, o espetáculo que se apresenta aos nossos olhos é desses que, pela sua indescritível beleza, nunca mais a gente esquece . A' frente e atrás, centenas e centenas de canôas, de todos os tipos e di– mensões, ajoujadas de fiéis, a-eompanham e dão vida ao majestoso Cirio. Junte-se a isto o ressoar dos canticos religiosos entoados pe– las moças, as orações das irmandades e dos romeiros, a maior parte remando, e se terá, sob o esplendor da natureza exuberante, sob verdadeiro docel verde entretecido pelos ga– inos das árvores das margens do rio, um quadro que só a Fé de corações simples e sinceros pode conceber. · Em várias embarcações, velas acêsas ins– piram profundo sentimento de religiosidade . Não raro, ouvem-se o quebrar de galhos e o destrançar de cipós na mataria circunjacente: são lavradores que, em cumprimento de pro– messa e sem medir sacrifícios, visto que são obrigados a andar pelo cerrado denso, fazem o acompanhamento a pé. Chega, ainda, de longe, aos nossos ouvi– dos, os sons de um "dobrado" . E' o harmo– nioso conjunto musical que, com satisfação, dá desempenho ao seu encargo, viajando em amplo reboque e executando diversos nume– res de seu repertório. Uma coisa desperta admiração em que~ vái ali pela primeira vez : é a segurança, é a ordem que se verifica no decorrer de todo o trajeto. Viajando, como já disse, um sem numero de embarcações, umas ao lado das outras e, do rio, os pontos mais largos não indo alem de vinte metros, não seria demais que tudo isso ocasionasse sérios atropelos e aborreci– mentos. Entretanto, nada acontece que ve– nha empanar o brilho dos festejos. Quando, por acaso, um remo espadana água sobre Uf'Ud4w.a, 11,o.,,,,~ M> e. 7J. tJ. 11,. a6 ~ ~da:~. A luzida mocidade do C. P . O. R . veiu de prestar na manhã do àia 29 de dezembro ullimo, expressiva home– nagem ao sr. general Z enobi0 da Cosia, ilustre comandante da 8° Região Militar, com a aposição do retrato de s. exc. no salão nobre daquele disciplinado centro de educação militar. A brilhante cerimonia, que se efef uou no quarlel d::quela unidade á Praça Ba– lista C~mpos, contou com a presença das nossas principais autoridades civis e mililares. ·alem de elevado numero de pessoas de nossa melhor sociedade, que aplaudiram entusiesticamenle o alo de in– corporação do Pavilhão Nacional áque- 9- 1 -1945 qualquer pessoa, esta recebe a molhadéla com o melhor dos sorrisos, numa prova de que o sucedido só serve para causar alegria. Depois de viajar cerca de hora e meia contra a corrente (o rio Caraparú, nesse tre. cho, apenas córre em direção á foz), a pro– cissão, sempre sob a ação do mesmo congra– çamento e da mesma devoção, chega ao porto da povoação de Caraparú. Retirada de seu foromoso nicho no alto da góndola, é a Sagrada Imagem conduzida em florido andor, aos ombros de senhorinhas, en– tre préces e louvores, ao altar-mór de sua igreja . Ali é recebida por todos os membros diretores da festividade. Logo a seguir, é celebrada missa solene, a grande instrumental, pelo vigário da paró– quia, prosseguindo-se as demais solenidades, constantes do programa, por espaço de oito a quinze dias. No arraial, cheio de barraquinhas armadas com bom gosto, o povo dá expansão ao seu content.amento, quer tomando parte nas mo– destas diversões existentes, quer matando a sêde com refrescos, cervejas, guaranás ou aperitivos, quer, ainda, satisfazendo o apetite com as mais saborosas e variadas -iguarias, dentre as quais se destaca cheiroso pato no tucupí. Caraparú é um dos distritos de Santa Isa– bel que mais concorrem para a estabilidade da renda desse município. Povoação saudavel e pitoresca, possuindo apenas umas quarenta casas todas cobertas de têlhas e assoalhadas, os sei'.ts habitantes, que não vão a quinhentos (em todo o distrito vivem para mais de três mil almas) se dedicam ·quasi que exclusiva– mente ao fabrico da farinha de mandióca. Isso não quer dizer que não haja -~ente que se empregue no serviço da pesca ou no da extração de madeiras. Branca, sempre nova •e torrada, a farinha de Caraparú tem espeçial preferência nos pontos de venda da capital do Estado, onde e compra-da por alto preço . Três são as marcas mais conhecidas : "Tomé", "Cacáu" e "Rosa do Adro", cada qual porfiando em melhor se apresentar ao consumo publico. Com o justo anseio de apresentar-se por las fileíras, formadas pela elite da ju– ventude paraense, ·bem assim o garboso desfile do C. P. O . R. e, após. a ceri- mania do patriotismo a especlativa do PARA' ILUSTRADO .,., ocasião da festa, abonada, com dinheiro no bolso para divertir-se á vontáde; a caboclada ca1mparuense, ativa e honesta, entrega-se du– rante o ano inteiro ao árduo serviço da roça. Deduz-se daí que a farinha de mandióca é um produto de real valor ·na vida econômíca da região. · Metida lá no seio da floresta, nem por isso Caraparú se distar,cia, se afasta das coisas próprias do ,progr.esso e da civili.zàção. E' as– sim que, alem de uma escola publica, com regular frequência e um estabelecimento co– mercial de primeira ordem, .a. povoação pos– sua ainda um pujante nucleo atlético deno– minado Centro Esportivo de Caraparú . Não faz muito tempo ali esteve o Itabira Esporte Clube, pertencente ao município de São Do– mingos do Capim. Empenhando-se numa par– tida de futebol com o clube local, o Itabira perdeu por oito a zéro, o que vem atestar que a mocidade caruparuense não se descui_da do seu desenvolvimento físico. Uma nota humorística para findar. Como -todas as localidades que se prezam,. Caraparú -tem, tambem, o seu comissário e o seu xa- drez . Este, porem, é constituido de um te– ,lheiro de nove metros quadrados, si tanto. -Nada de tapagens, nada de paredes . ·o cabo– .c1o comete qualquer falta merecedora de pri– ·São, o comissário, .zangado, .lhe diz : - Vá já pro xadrez. Não quero mais con– versa ... E ·o ca.boclo, obediente e sózinho, marcha, imediatamente, para o · telheiro. Sentado num tôco de tucumanzeiro, o detido, com o ar mais triste deste mundo, começa a rogar a toda a pessoa, que por ali passa, o seguinte : Que vá pedir ao comissário para soltá-lo . .Que ele promete não fazer mais. .Que ele se co!1"ije, etc . O comissá~io,. então, manda chama-lo e, como advertência, lhe declara: - Bem. Por esta, passa. Mas doutra vez tu .ficas preso é fora do xadrez ... ~tio. de _'V.elitU? 1 ENTEROBIL 1 doloroso momento que vimos de atraves– sar, que é o da defeza da liberdade e mui principalmente a . defeza das demo– _cradas, Antes de term;nar a cerimonia o joven Hermano de Oliveira, aluno daquela uni– dad~. ofereceu ao seu quartel os retratos de Osorio. Caxias e general Outra, sen– do bastante cumprimentado por esse seu gesto de pdriolismo. Consorciaram-se na ·vila do Pinheiro. sabado ultimo o sr. ManoeÍ da Silva Figut:ira, comerciaria nesta cidade, com a prendada senhorita Maria Gonça lves. filha adotiva do casal Antonio-Rosemira Gonçalves, já falecido . Os nubentes fixaram residencia ã Boaventura da Silvd, 778. - .3-

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