Pará Ilustrado - 1943

r AV8íllDA PORTUGAL 46 A 48 .T8L8POíl88 959 e 2393 ·_ , Emporià de ct1ffados pt1ra homens, senhoras - e crianças. Tem sempre variado sorfimenfo das principais -.fdbricl1s do País. Os seus preços são convidativos e os seus ·calçados re.pre– senfam o expoenfe dd moda e segurança. Visifem-nd que d proveifarão o fempo e economizarão dinhetre ! · (Continuaçio ela pipu 3 . . coisas para se poder viver aqui confortavel- -mente. · ~ Posso comprar o que preciso - obser– vou Jar$. Atualmente moro em um hotel _-de Nova York, mas ·não quero ficar ali. Mi– nha esposa está de visita em casa de uns _parentes em Novâ Jersey e vou telegrafar para que ela venha logo juntar-se comigo. -Bem - admitiu Johnson suspirando. Talvez possamos aqanjar tudo para que o senhor se mude amanhã, se quiser. -,-Muito bem. '- Volt;4ram ap e§Critorio, onde Johnson apre- 1sentou um Mntrat0 de arrendamento e .Tar– Yls - lhe pagou, antecipadamente, éento · e cinquenta- dglares. .· - Mas o senhor não me deu nenhuma re– ferencia - observou Johnson com certa du- vida. - . - O dinheiro é a: -minha melhor referencia ~ disse Jarvis. _Alem disso, ãqul ha outras. . Dizendo isso, deu-lhe \tIIla lista de nomes e-endereços, e-meia hõra ma.Is tarde safa para .;Nova York. ,_ A tarde seguinte• foi consagrada á limpeza do jardim, em frente da casa, estirpando o mato: Um homem que por ali passava, de- teve-se junto á cancela e lhe disse : · • -Foi o senhor quem alugou à-. casa? Eu me chamo Jones e sou seu vizinho , Mudou- se ontem? ~ _..,,...;N~_:-=:-, r_!:!sm:,n<1~u Jarv1s ._ _Acabo. de ·t0- m~ posse desta casa lioje de manhã. - Interessante; pareceu-me ver ontem de noite uma das janelas iluminada. Jones hesitou um momento, como se qul– se~ continuar a falar. Mas retirou-se sem íftoferir uma: palavra mâis. · · ·· Ao anoitecer, o-jardim apresentava um as– pecto multo agradavel_e Ja.rvis -sentiu-se sa– tisfeito do seu trabalho desse dia. Foi ao ho– tel, jantou e passou uma noite tranquila e. l!~m que nada viesse interromper-lhe o sono. Na manhã seguinte voltou ao trabalho, com úm carpinteiro, para fazer os reparos mais· ~ecessarios.. Sua esposa devia· chegar· no outro dia, e Jarvis.queria que ela encontrasse a casa nas melhores condições que as cir- cunstancias permitiam. , Quando chegou, parecia de mult0 bem hu– mor e µmito sa-tisf.eita com a casa. Seu es– poso não lhe ·qws dizer nadà das histoFias que ouvira, referentes á casa, para não pô-la inutilmente nervosa. Naquela noite, enquanto ele dormia, ela se levantou, chegou-se á janela e pareceu exta– siar-se na contemplação das aguas prateadas do ri<>e . De repente, um grito de terror despertou Ja.rvis, que, saltando rapidamente da cama, achou-se em presença da esposa, presa de um - ataque de histersimo. - - Que lia ? - ~tou alarmado. - ~ . O estado da m:nlhei: era tal, que pa-11sou al– gum tempo antes que ele conseguisse acal– má-la. · -Eu estava olhando para fora, pela ja– pela, quando vi duas sombras brancas no quintal . Uma tinha um revolver que apon– tou .contra a outra., que caiu . Depois diri– giu a arma contra si proprio e tambem caiu. Ja.rvis ficou éomo que aturdido, pois o re– lato da esposa coincidia, exatamente com o que alguns anos antes havia ocorrido naque– le ·mesmo lugar. -58- - Mas eu não ouvi nenhum disparo ! - objetou. - Não, _não houve disparo - foi sua res– posta. Mas vai á. janela e olha pata o jar– dim: Os dois jazem no chão. Jarvis apressou-se a fazer o que a mulher indicava, mas não viu nem rastro das duas figuras brancas-. - Deves ter sido vitima de um -pesadelo ! - exclamou. Eu não vejo nada. - Não - insistiu eia. Estava perfeitamen- te desperta. - Pois se viste o que dizes, deve ser uma brincadeira de pessimo gosto. Irei investi– gar. , -Ná,?, não .faxas fsso - suplicoµ ela. Te– nho medo que -te assas_sinem. : . -Nada temas - a~egurou ele, com fin– gida tranquilidade . Se efetivamente viste o que dizes, nada mais poqe-- ser _do que a l)rin– cadeira estupida . de algúm engraçado, . . Que– ro ir a-0 ja,rdim p~a ficar seguro de que não houve nada de extraordinario. . Apesar dos rogos dã .esposa; ··Jarvis de:;;ceu ao jarrum, mas todas suas investigações não tograram fazer-lha·enconftar os rastros dos sêres brancos que ela . afirmava ter $to. · Quando voltou, a mulher achava-se ainda no mesmo estado histerico em que a havia deixado , . . . ~ Bem;- ·Já · não ha, motivo· para ficares alarmada - disse-lhe Ja.rvis com doçura. Irtvestiguei por toda parte, sem achar_nem o .! astro dQ q_ue dizes_. . _ ~ ----: · -Mas eu -Fepitó que -~ duiís'"°f1guras · com-. pletam~nte vestidas e branco. Vi-as com esteso lhos, tão certo çomo se fosse em pleno dia. - declarou ela entre soluços. E, se con– tinuar nesta casa, morrerei de medo. - - -Está • bem - disse Jarvis. Amanhã - mesmo· podes· voltar- para a· casa.>dos· teus pa-· rentes em Nova Jersey. -Mas... e tu? Vais ficar aqui? - per- guntou com voz tremula. , - Não te preocupes comigo - respondeu Jarvis. Saberei tomar cuidado. E talvez · consiga agarra r os "espidtos"... . Passou o resto da noite muito agitado . . Por outro lado,. o estasio de sua esposa n ão lhe permitia dormir . Sentiu-se verdadeira– mente aliviado, quando, na manhã seguinte, a viu tomar o trem. . "' í\conteceu qualquer coisa, esta noite, que a perturbou muitissimo. - Sérá passive! ?• • • E que foi que acon– teceu? ... - Nada mais que uma pequena repetição da cena que o- senhor me relatou - disse Ja.rvis. Espiritos, duendes, o diabo! Nem ela nem eu, pudemos adormecer. .. - Renuncia então a morar na casa ? - p~rguntou o ~ncarregado. Já o imaginava. Devolyer-lhe-ei o dinheiro e anularemos o contrato. - Não, não quero nada, não seria justo - disse-lhe Jarvis . Por outro lado, creio que a sra. Halden precisa do dinheiro muito mais do que· eu . Deixe as coisas comó estão-. · Ouviu-se o ruido de um trem que entrava na estação . - . -E' um trem para Nova York - disse Jar– vis. V-ou ver se ,o alcanço. Adeus!- . . ...,. -~ .- ·- • Durante . os ·l rês .dias qué se -seguiram, a casa de Halde!J esteve deserta; mas na ·quaitã noite, uma cêna.. de _silenciosà at;h1dade teve ~ lugar no jardim_,__. • Ocultas"naÔbscuriâade;"vái1as figuras se moviam, dando sinais evidentes .de impaciên– cia, a,j;é que uma lancha a motor, de grande potência, sem luzes á vista, esboçou-se nas trevas, ··e · fói âtracar, sem ruido, na ponte. Depois vários homens começaram a transpór– tar caixões de licores da embarcação para. a casa. ~ · - Quando ·a lancha f-oi esvaziàda do seu car– regamento e o porão havia tômado o aspecto de um laboratório, o trabalho foi imprevista– mente interrompido. - Mãos ao alfu ! - ordenou uma voz. Os cinco contrabadistas obedeceram. - Foram apanhados em flagrante ! - gri– tou Jarvis . E ' inutil que oponham resistên_– cia. De modo que o senhor, ilustre Johnson, era um deles ?... Bem. Já o imaginava. Era com razão que o senhor não queria alugar a casa de Halden. Era,- certamente, um lugar ideàl pãra _contraban<Ustas·. . : • Johnson lançou-lhe um olhar de ódio, mas não di~e nada. _ - Foi uma e_wlêndid!I, brincape~~. embora de péssimo. gosto . Mas, pelo menos, conseguiu– se manter afastados os estranhos, prossegúiu Jarvis . Tinha mais de farça do que de tra– g~dia. E creia-me, sr. Johnson; que desempe– nhàva ás mil maravilhas seu papel de duende. ' Dé volta -da estação, antes de ir para casa, deteve-se nunia oficina de. serralheiro . Pou– de, ·assim, com uma chave que este lhe fez, abrir a porta que, segundo lhé. havia dito .o encarregado, dava para o porão. f Um leve odor de alcool chegou-lhe · !!,.O- nariz_ . Bem; cavalheiros - ordenou, dirigindo-se aos seús cqmpanheiros ~vamos enceuar na jaula Acendeu um fosforo e olhou em tomo . Em seguida examinou um papel. Era o fragmento de uma carta, eujas ultimas pa– lavras eram para ele incompreensiveis; mas observou que tinha uma data m:uito.recente . ·__ -Isto é que_é interessante - murmurou. iJohnson me disse que ninguem havia esta– don a casa durante estes ultimas· tres anos, i?, cóntudo; esta carta foi ·escrita ha quatro __ dias . .-- - · Considerou o assunto- e idamente. Depois saiu, fe~hou -a poffa da êása e foi ao escrito- rio do· .encarregado. . -Aqui estão as chaves da casa, sr. -John– son - disse-lhe. - As chaves ! . . . - exclamou o corretor, como um eco. - Minha esposa não quer ficar - expli– cou J a.rvis . Acaba de partir para Neva York. PARA' ILUSTRADO estes ~pással)')S. · · . - · E, desde- esse~dia, a casa de Halden poude ser habitada.· Os " duendes" haviam desapa– recido... •· Leia e 20--2-194-3

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