Pará Ilustrado - 1943
(Do Rio para PARA' ILUSTRADO) ~ 1)~ e deud a~ de 8aieac0r1 Revestida de brllhantismo,-·realizou-se na noite de 26 de derembro de 1942 nõ palco do "Teatro Ginastico" da Capital Federal a prova publica dos alunos da aUla de d_ansa regida. pela jovem ba.ila.rina patricia. Eros Volusia, participante do "C'urso pratico de teatros" mantido pelo "Serviço Nacional de Teatro" do Ministerio da Educação e Saude. Em primeiro plano devemos elogiar o tra– balho, sem duvida interessante, de Eros Vo– lusia, em relação a sua arte coreografica, cujo exito deve-se ao modo todo pessoal pelo qual é apresentado e que se evidencia pela originalidade da idéia, tendo como ponto de curiosidade a sua aplicação ao ritmo dà mu– sica brasileira, com.o aconteceu com o nume– ro "Dansa Brasil" (um arranjo do samba "Canta Brasil) ' de -David.Nasser e Alcir Pires Vermelho) tendo coino µiterpretes os alunos Isete D.ias e Sebastião Araujo. Citando inicialmente um dos exitos da de– monstração publica dos alunos de Eros Vo– lusia, devemos salientar eni segundo plano, não só a cooperação de Mateus Fernandes no vestuarlo e maestro Milton Calazans na re– gencia da orquestra, o corpo de alunos cujos predicados, principalmente os do sexo femi– nino, demonstraram um certo "que" de atra– ção em conjunto com a beleza, encantamen– to e vivaddade postas em- pratica nos nume– ros em que se apresentaram prova evidente -de que os ensinamentos fõram bem apro– veitados. Destacamos a aluna !sete Dias em "Dansa Russa" e "DallSl!, .Brasil", -si bem que toqos os alunos agradaram ·nas suas demonstra- 1;ões. Se algum mostrou-se nervoso é bas– tante justüicavel, cousas de estréias ... Impossível passar desperceb.ida a partici- pação da graclo.sa e querida professora no sucesso dos seus alunos, nos numeros "La– mento negro" e ''Tico-Tico no Jubá" onde maiS uma vez demonstrou que é megualavel na arte coreografica. Eros Volusia é sim_plesmente nota.vel I O seu desempenho nos referidos numeres cons– tituiu uma nota de profunda sensação. O jubilo e o alvoroço que se produziu entre os ass!§tentes foi maior ainda quando, para dar maior realce a esta noite de arte, Eros Volusia proporcionou á distanta platéia, uma surpresa encantadora apresentando a sua mais jovem e mais nova aluna a artistazinha Sally Loretti no numero "Garota" (musica de Tafarelá.) . Trata-se de uma linda e graciosa .garoti– nha., cuja siihuetazinha f.ina e mimosa, de gestos e meneios graciosos, iluminados pelos clarões dos refletores, prontamente tomou conta da assistencia, que passou aplaudi-la conr desusado entusiasmo. A pequena é real– mente uma grande revelação artística, e sob a orientação de Eros Volusia, no futuro po– derá vir a ser considerada uma segunda Pawlova. Com a pouca idade que tem· me– receu do publico que assistiu á demonstração publica dos alunos de Eros Volusia, o titulo de "a pequenina Pawlova". Parabens a ~os VolUsia pelo sucesso alcançado pela. sua pe– quena aluna Sally Loretti. Convem frisar, entretanto, sob o mais acurado ponto de vista, que é justo salientar a obra gigante que vem realizando Eros Vo– lusia. á testa do "Curso de -dansa" mantido pelo " SeFViço :t:facional de Teatro" graças ao sucesso sem precedenfie obtido pela demons– tração publica que acaba de ser realizada e cujas impressões acima transcrevemos. ~.,..,.._.,..,.._____""'""'""'""~~~~~.,..,.._----""""'""'~~~~~~~.,..,.._,..,..~ ~ " -~ ~ÜIJ-0- Que mal ·te fiz eu·? dizia uma arvore ao lenhador, que a despedaçava a machadadas. - Nenhum_, respondeu ele, mas necessito da tua 1enha lá em casa. · • • • Tenha pena de mim, dizia pouco depois o lenhador furtivo. Que diferença pode fazer a falta. de um ieixe de troncos em um bos– que tão frondoso ? - Eu sei. Ninguem notará a falta, disse o guarda do bosque. Mas, tenho de cumprir o meu dever. ·. · . Vais morrer, prepara-te I dizia meses de– pois um moço de feroz aspecto ao guarda; que dormia. sob uma arvore, e apontando-lhe com a propria esco_pêta.. Por tua causa foi meu pái para a cadeia. . - E que proveito valii -tirar com a Jil1nhâ morte ? exela,mou o guarda a tremer. - Fico com a tua espingarda e a tua rou– pa. Morre, patife 1 • • • Ah ! senhore3 1 dizia- chorando, o assas– sino do guarda, quando o verdugo e os aju– dantes se dispunham â enforcá-lo no tronccr– de uma arvore. Sou muito moço ainda. Pms– .meto arrepender-me. -Nada podemos fazer ! disseram eles, passando-lhe a çor~ ao pescoço. ~ - . . . - Sabes, disse um passarinho á arvore, quando os verdugos se a.fastaram, porque enforcaram aquele rapaz ? Tudo isto vem de uns troncos que o pai dele te cortou o ano passado para se ªque;ce.r e.m casa tio tempo do frio. 20-2-1943 -~l1 replicou admirada ~ ar– vore. Pois se as Iffifuhadada§ . que ele me deu, -cortando aqueles troncos, só me fizeram bem !· Não vês como, este ano, eu tive tron– cos melhores, mais folhas e mais frutos ? -Os homens são assim mesmo. Fazem uma enfiada de ·males, do que a natureza transforma em proveito e beneficios. ·••· ··-····· ......... DE MARCEL PREVOST- Todas as mulheres dotadas de uma sã. sen– sibllidaq.e feminina teem· espera.do , éalmas ou agitadas, o amor, esse acontecim~ntó que muda- a ahna .. ' Os -homens de ação desdenham o . perigo con):lecido.- Só o perigo vago lhes dá. cui– dados. O jogo revela os · verdadeiros caracteres, dissimulados pela urbanidade cotidiana. O drama -mais comum é sempre o drama do..,.desejo humano. · .:--... . . . . Entre as abelha,s, .as rainhas chegam a vi– ver dois ou tres anos . E' muito possível a existencia de algumas obreiras que cheguem a Ulllll, idade mais avançada, embora segundo dizem ós apiéul– tores, a maioria delas não vive mais de meio ano, e nfuitas, por excesso de trâbalhõ, aca– bam mol'rendo em algumas semanas ou ·ao êabo de alguns meses. - · - _ - - Os zangões não vivem, geralmente, mais ·-dê..lr.!!8>-m.eses. · . @ - ~ . "'/l'ti.ltú de 'V~? ENTEROBIL PARA' ILUiTLU>O 1 1 OUARIUT8RAD ~ ~ JJ~ FLAVIANO PEREffiA O coronel Macário da Silva, morava no Bar– racáo-Gra-nde e ficava recostado na riban– ceira. do rio fazendo a frente da povoação de Chapéu-Assú. Tinha uma filha oue era uma mangação de Jurupari para azucrinar da vida dos homens do logarêjo. Cabôcla, com atre– vidos dezoito anos, na exuberancia palpitante da sua id;l,de, tinha o temperamento luxuriante espondido nos olhos negros e mansos. Era olhada. por·todos com apetite, com aquela gula brutal ç silenciosa, nascida daprodigalidade da gléba e que entorna-se dentro do estado psico dos habitantes do interior. Maricóta, era assim o seu nome, era. es– belta, tês queimada, quasi rôxa, olhos tão lindos como cSi a noite com mêdo do sol se refugiasse ali dentro; ancas ondeantes e vis– tosas; seios roubados de uma civfüzada, eram harmoniosos, vivendo soltos no descaso da dona; braços roliços e perfeitos. Era quasi linda. Naquela redondeza era. o muiraquitã: A sorte daquela gente vivia em súas mãos mo– renas. Onde ela estava havia os enguiços, as polêmicas, as · trubas. Os namorados, nas festas, apostavam par– tidas de -dôces. Quasi sempre o seu lenço, transborda.vá . de . queijadinhas, pães-dôces,. goiabadas, fora os mingáus, ós cafés e o resto. A Maria Nonata, outro· pedaço de morena, torcia o lenço d.e despeito. Quando algum rapaz. que já havia falado com Maricóta se di.'igia a ela, dizia z~ngada : · - .Não sou resto ! Por,mi, Marlcóta, cercada· de toda essa côrte simples de enamorados, não da-va seu coµ,çáo a ninguem. Para todos sorria gós– tosamente ·com aauele... ri.so solto, bom, can– tante, !J).ostrando.:eom prazer ·a sua belissi– dentadura pontada. · 'uin dia ãdoecêra repentinamente. Enjoava tudo até de vêr; uma bola que subia e des– cia., vômitos, um nervoso, um mêdo de qual– quer coisa. Foi 8JllaJlte dos frutos verdes- e ácidos, um aborrecimento e uma preguiça quasi uma satisfação. ~ O velho Marco foi chamado á casa do co– ronel. Houve uma sessão. A noite veiu e um chiado de m,i.racá ~ canticos soturnos, ~sinalo_u a quéda. das horas. Depois foi a "tiração" do feitiço. Era "bicho" que me– nina tinha. Nos dedos de mestre Marco., mexia-se uma coisa ojenta e móle. Veiu o dia e espatou a encarnação-. que mergulhou no mistério da buiuna, levando o mal de Ma– ricóta. O pagé ftcára ·extenuado, esperando novas "forças". ' · Ela, no entanto, não melhorou, ao .contrá,– rio; o qial crescia e com ele o ventre de Ma- ricóta. · · Um dia confessou : estava grávida. O co– ronel pulou, estravejou, finalmente ameaçou. - Vem cá, minha. filha, quem foi o pa.tife que... · - Não sei, papã.i, não sei. . . E petiu uma bisf.ória cóml!.,licada. Um dia, na beira dó rio, estava pescando e os bôtos começa– ram .a saltar junto delã,. De repente, perto de si, estava ·um rapaz elegante, ·todo de bra.nco. Ela- desmaiou: .. Veiu o dia das dôres. Na casa andavam som– .bras- em silênciq. . . gemidos longos ... Mariana, a velha 1\1'.ariana, saiu com uma. bacia e mostrou -a todos dentro dágua c1ara, tinha um peixe - parecido com um -tralhôtõ, era o filho do ·bôto. · · Maricóta morreu de sofrimento e susto. No barra.cá.o -da casa-grande, hoje abandonàdo, todas as noites, a gente, vê um rapaz todo de bl'l!,nco, chorando... - E' assombra-da; a ponte ·do Barracão de Chapéu-Assú .. . -57-
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