Pará Ilustrado - 1943

(Do Rio paro PARA. ILUSTRADO) ~ - 1Jzano.e1· ~~ Entre os graves absurdos que contrariam o desenvolvimento lógico das leis naturais de– vemos colocar o terrível defeito da humani– dade, que consiste na contradição sistemá– tica das leis reais e benéficas ditadas pela deusa onipotente, a natureza. Esta "senhora" de coração nobre e justo, procurando pro1><>rcionar a todos os seus su– bordinados, sem distinção de seres, as nor– mas lógicas e direitas, revestidas de todos os atributos necessários, encontra no desconten– tamento tôlo e infundado da humanidade, o obstáculo invencível impedindo trágica e energicamente que as suas leis sejam cum– pridas e que par suas regras sejam conduzi-– dos segundo a sua vontade. A humanidade é gravemente defeituosa. Mas, a impenetrabilidade do destino, a imu– tação das leis naturais é um fato. E' tam– bem um fato que nós os seres racionais, acostumamo-nos a tudo, embora o nosso ins– tinto esteja constantemente reclamando. Os seres irracionais, porem, acostumam-se muito mais facilmente : os a.nimais, as plantas, os vegetais, etc., são os representantes, gratos– e gentis, que agi,adecem sorrindo os benefi– cios recebidos de sua deusa. - A natureza consiste na existência dos três reinos ··definidos: ·animal, vegetal e mineral. Nós, os seres racionais, que mais amplamen– te recebemos os frutos do seu labor, somos, por indole, os que menos gratidão lhe propor– cionamos. Vivemos errados pensando que cada um de nós PQSSa trazer o seu destino. Eu sou, particularmente, fatalista. O des– tino nô-lo-é traçado quando salmos á luz. Filósofos houve e os há que consideravam o homem um ser superior á natureza e outros que o consideravam inferior : eu estou com estes. Pois o homem depende, intimamente, da natureza, par ser um dos seus produtos. A prova está nos golpes inesperados que re– cebemos, que vêm modificar planos, multas vezes grandiosos, ou descortinar-nos hori– zontes desconhecidos, indicando-nos subli- - mes espectativas, pondo á prova todas as nossas atividades ou multas vezes derro– tando-nos moral, finanéeira ou intelectual– mente. "De que estou certo?" - dizia Descartes. - E' verdade! De que estamos certos? Au– tomaticamente sofremos as consequências das nossas brutalidaaes, somos frequente– mente imprudentes e grosseiro•s para com nós mesmos e para com a própria persona– lidade, vivemos descontentes sem saber por– que, desrespeitamos o bom, o belo e o ver– dadeiro, porque não temos conclência de nada; provocamos a desharmonia na própria existência porque somos rebeldes; enfim, preparamos os mais atrozes ~bismos, incon– cientemente, para neles nos precipitarmos . E de tudo isso culpamos os seres sobrenatu– rais na concepção errônea do que somos e do que o universo representa em relação a nós. . Os fenômenos mais lógicos- e admisslveis são os fenômenos naturais, e, de forma al.: . gumá com isso queremos conformar-nos. Que vã pretensão a nossa de querermos mu– dar as leis naturais e constantemente irmos de encontro á finalidade dos seus dôgmas... - O homem é um derivado da natureza. E' um ser inferior a ela, portanto; aparente– mente ela se mostra mais generosa com al– gumas criaturas e menos com outras, isto pa– rece a nós ! Ela distribue todos os proveitos .·20 - 2 - 1943 e .utilidades com equidade e justeza; nós sim é que nos mostramos hostis aos seus atos. A ela assiste o drreito de designar os- seres nos .quais ou dos quais deve fazer um gênio ou wn talento. O nosso paupérrimo -enten– dimento, porem, é insuficientemente · capaz de estabelecer essa diferença. Os povos se encarregam de cobrir de glórias a determi– nado herói quando este, sem saber por que força estranh~ consêguil.t concluir certa con– tenda assás dificil e memoravel. Exemplos de sobejo nos são fornecidos pelas lides das diversas atividades hum~as. Na J>Olitica, n;'IS artes militares, na · ciência, e até nos desportos. Quantas vezes dizemos : ih ! quem Illie déra ser igual áquele ! Politlco, guerreiro, jurisconsulto, filósófo, esportista-, literato e out1·as venturosas crituras que a natureza tomou a seu serviço... e "Deus sabe de todos .. " Que cqlpa caberá a qualquer destes heróis por ter sido designado pãr_a desempenhar tal mistér ? Quem seria tão tôlo a ponto de pensar q:µe esses indlvi.duos vivem num mundo de prazeres,. de satisfação e de com- - pleta felicidade ? Que a essas criaturas nada falta ou que nenhuma contl'ariedade- os aflige? Que para eles a vida é um ''mar ge rosas" ou mesmo o Paraíso? Frequente– mente -pensamos assim. E, entl'etanto, quan– tas fadigas, quantas canseiras, quantos contra-tempos pesam sobre os ombros - de qualquer pessoa, por venturosa que a ima– ginemos. Quantas vezes, ao contrário de nós, esses prodigiosos homens prefeririam _permu- .tar a sua po&ição pela do mais J:iuml1de cam– ponês ou talvez trocar .a fama · de qúe des- frutam pelo alivio de suas penas ou preo– cupações. . .. "E ela continua girando .... " quando. ·repetimos -ou nos lembramos destas excla– mações, temos, forçosamente que lembrar– nos do gênio imortal de Galileu. O homem que no campo da ciênciá tanto contribuiu para o adiantamento dos povos e pensar que foi condenado a morrer queimado vivo se não afirmasse o contrário do que ele pensava : Isto é, que o sol girava em torno da terra. E o que era multo natural na sua época, pe– receu nece&Sitado como os- demais gênios que a natureza fez e tão pouco generosa foi para com eles. ♦ ♦ ♦ • ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ • o ♦ ♦ • ♦ • • • • ~ mmm11111J11111~um11mn1111111111111n11n11111111111111111111111umulllllllllllllllnrawm1111110D1!11111 1 ~ PARA' ILUSTRADO _ iil _ no , Pinheiro PARA' :==~ De hoje · em diante, 1 ILUST~ADO pode ser encontra- 1 _· do sempre a venda. no SAtÂO I =. ,BRASIL junto á Casa Batis!a, na 5 popülosa e pitoresca Vila do Pi- § nheiro, onde o seu preprielario sr. ~ 1 Raimundo Saturriino dos Santos i!! está apto para tratar sobrê qual- 1 ; quer assunto; como assinaturas, i anuncias e elc. - para esta revista. fflmn11111111-11111a11111111Rnmru11111111111111111u PARA' ILUSTRADO As maiores tragédias na vida dos povos fo– ram repr_esentàdas no palco da ciêncja cujos protagomstas f_oram os próprios gênios. Só– crates, e mwtos outros IB1Í.rtires pagaram, brutalmente, com a pr~ria vida, pela sa– bedoria que possuíam. A hwnanidade desen– volveu-se assim. Depois de muito pensar m~tas cousas interessantes foram criadas mwto se tem feito de importancia. Chega~ m01? mesmo a pensar que alcançamos o ma~ alto gráu de civilização. Mentira. As ~aiores barbaridades praticam-se em nossos dias.; Se~ temo:z:. nem piedade ! Na<> sena ex~ero ~er que a civilização é para a humamdade, tão . superficial, como a ferrugem para· os metais. No fundo somos brutos e estupidos, hipócritas o mais possí– vel. Aliás, a história tem, através dos tem– pos, tomado propQrções e feições de um dino– s~~o. ou qualquer bêsta dos tempos prenis– toncos. Oh! a heróica ign0rancia ! Oh! o f~tasma atroz da mentira e da ironia~ Que nuract:11osa a nossa Deusa que como castigo merecido pe'l.a nossa ingratidão consegue-sub– jugar-nos com singular habilidade· como nos trás as vistas vendadas e consegue conser– var-nos na intensa escuridão em que vive– mos . .. Meu caro discípulo "tudo o que sei é que nada sei" . Se não me engano foi o pái. da filosofia quem proferiu esse pensamento E esta máxima : "homem, conhece-te a ti mesmo". ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ - ♦ ♦ ♦ •• ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllilllll; Em GUARAMIRANGA, ~ com um clima saudavel. 850 ~ mekos de altitude, a pensão i 1. Sa~l-0 Antoni~ de _ D. Lili _No- 1 1 gueir~, conshtue um ambiente ~ propno .its pessoas que que1- ª s ram repousar. ~ ã Trafamento familiar, oti- ~ 1 mo passadio, e repouso ab- 1 1 soluto. 1 = § § _ - 1 •lffillffllllllllUI11111111111 ~ IIIIIIIIII Ili lllllllllllllllllllllllllllllllllll llllllm1l!IDIIUllllllllllUllll ••••••••••••••••••••• Se nós- nos démorâssemos um pouco no si– gnificado destas diminutas exclamações, constataria,mos que o seu sentido, em rela– ção á ver-dade, é imenso e que a vida é para os seres organizados"'o mais temporário dos · fenômenos naturais. Quão pouco nos é permitido saber ! E quanto nos é permitido ignorar! E a huma– nidade marcha! Com tudo é submersos neste turbilhão de duvidas, que vivemos a vida e acabamos os nossos dias. Dentre os maiores sábios, terá existido ou existirá algum que tenha a pretensão de dar aos seus pensa– mentos um cara.ter de conciência absoluta e pura ? Penso que não e eles bem sabem que não o podem fazer ! Saberia algum deles, por acaso, que valia a pena morrer de necessidade ou mesmo de sacrifício em proveito da coletividade .? A maioria dos gênios firmou-se na mente da pluraridade dos povos pelo triste .fim que ti– veram. Que coisa na existência de cada um de nós poderá merecer mais atenção e mé– rito do que a própria vida? Até os grandes pensadores ignoram isto... •••••• ♦ ♦ ♦ ♦ •• ♦ ••••• ♦ ♦ ♦ 1um útdO- ~ que é tnUa(), é B.ô.m A ingestão de grande porção d~ .agua, maior que t' éxigida . pelas ne– cessidades do organismo, obriga - a grande diurese e saudação exagera– da, cçm o que se perdem sais que -nós são indispensaveis. Do s. N. E. s.A 55 -

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