Pará Ilustrado - 1943

Dr. Prisco dos Santos mulheres vão vestindo-se discreta– mente e subindo com astúcia as es– cadas das repartições publicas, das fábricas, dos armazens, onde vão tam– bem levar o concurso da sua inteli– gência . Aqueles, passarão na vida sem senti-la, como simples joguetes da moda berrante que .atravessamos. Não pàderão adm.itir uma arte que não compreenda aquele limitado circulo social e não gire em torno da gordura e do estômago. • • • Jáques Flôres nos trouxe um en- saio sôbre Vespasiano Ramos. O au- ••••••••••••••••••• ♦ ♦ ·1je11,d~o.t 7 & 2~tiO.d . Comissões, Consignações. Importações, e Exportações Rua 15 d e ovembro. 165 a 169 CAI XA D-OSTAL. 544 T el efon e. 253 Telegr. ; BENCHIM OL 1 Ribeiro A B C 5.a e 6 .a ed . D uo CODIG0 5, - B li . · 1 en ey s Ü ;iiversa l Mascolle 1 .a e 2.a ed. PílRl=l·=BRílSIL --------------- - 48- Recebemos comunicação de ter sido eleita e empos– sada a nova diretoria da Assembiéa Paraense, a 12 de janeiro findo. A diretoria · está assim constituída ; dr. João Pris– co dqs Santos. desembar– gador· Jorge Hurley e co– ronel José Maria Alves Be– zerra, nomes . credenciados para uma otima · adminis– tração. tor de "Cuia Pitinga" é um vitorioso em nossa vida inte1ectual. Fórça to– dos os obstáculos para trabalhar pela nossa cultura. Não a restringiu,ao seu interesse pessoal fazendo dela o mer– cantilismo que outros usam com de– sembaraço expondo até ao ridículo ilustres personagens políticas. E' interessante a sua lembrança de ir procurar um poéta que ninguem estava ligando e, era apenas conheci– do nas bancas de café, nas palestras de Horminio Pinheiro . Vespasiano era um repentista magnifico, poéta surgido da terra pa– ra o seu meio-ambiente. A sua obra era do povo, sem mistificação, tão clara e real como de onde ela nasceu. Rona_ld de Carvalho tinha razão quan– do afirmava que a verdadeira poesia nasce do povo . E' mesmo tolice a gente ir procurar em outra· parte. Vespasiano, não nos espantamos com o seu fim, finalmente morre como devem morrer os poétas. Morreu co– mo José Simões, Ernani Vieira, esse tortµrado _que ainda em vida pode– ria ser homem e santo; como Antonio Tavernard outro quadro vivo de so– frimento_ ·e · bondade, to.dos parti– lh-ando a mesma, _sorte de Moacir de Al~eida, esse ~extr_aordinario e belo poéta que mo_rre abandonado, escar– rando ·sangue numa lata de lixo, até – que lhes c):legasse o auxilio de D. Ana Amelia .· T_odos esses fázédor'ª~ de be– leza, ~orturad,o~ ~ .venciâos que vi– veram deslumbrados . com a propria existencia, rescendent~s de vida, no entanto o corpo se ia despedaçando, seus orgáos iam se desfazendo em pús. PARA' ILUSTRADO l Desembargadàr Jorge Hurley E, mesmo assim, êles continuavam a viver isolados desse horror, de.ssa tragédia intima de cada um, sem sen– tir dôr cantando a belesa das coisas ! Têm homens que nasceram para santos ! Por menos, outros se deses– peram e gritam o seu ódio contra to– dos ! Estes, nasceram para homens, homens somente, vendo a vida, vendo a humanidade! Foi o encantamento da poesia deliciosa que não se desfês no calor das febres, da volupia que a morte trás· para com isso subjugar os imor– tais, que nos trouxe a realidade de um poéta esquecido. Sim imortais, po– dem jogá-los nas valas comuns, mis– turar tudo mas ficará bailando den– tro da vida a gloriosa beleza dos seus versos! Jáques Flôres foi cuidadoso. Fês o livro com carinho. E' apreciavel na fórma. Deixou-se seduzir pelo cole- · ga. Porque, por sua vês, Jáques é um poéta completo._Não é só o ·poéta do "mija na cuia e bochecha", não; é ~amJ:>el!). o burilador de "olhos bri- - -lhantes, negros, cismadores, esfingeis fulgurais entre as olheiras". E' finalmente o nosso poéta, o fol– queloristas da Amazonia. -Ningueín poderia como êle, c9mpreender Ves– pasiano e torna-lo nosso companhei– ro, arrancando-o da vala-comum.tor– nando conhecidos para nós a ironia dos seus versos e a tragédia de sua vida. Vespasiano voltou para nós, de– pois de um imperdoavel esquecimen– to de outras gerações. Assim, outros voltarão ... 20--2-194.3