Pará Ilustrato - Setembro 1942 n.120

l • • • 1J~ ✓-- . colega . e não sei se com m~do de: me perder. ou · se pcnsand ue eu sou uma bu rra . o certo. ~ que me tirou o dirt'ilo de olhar ,par11 os lados. Como você eslá vendo. ctu só posso· olhar para a frente . Est~s sólas. nos lados da minha carn. me: enfurecem ... · Di11 5. eslava eu em frenle 11 sédc: do Club d Remo, assistindo • a organis11ção da legião de azul i- nos que se preparava para o des– file em comemoração ao Dia da Raça. quando fllí parou um gelei– ro que conduzia um carrinho pu– xado por um burro. procedendo a distribuição do seu produto. Notei que o pobre burro cho– rava em profusão, Condoído do infeliz animal. fui para ele. O bichinho eslav11 Ião aflito rcebeu que eu d'el me aproxi Y s suas mandibu las, até o fucinho , eram o ponto fino daquele vale- Q lis que se estendia nos tM191..ditlf'.d -Porque Disse-lhe. - Ah! eu omi~o n·o convem o mim n occ, dizer o mo- tivo da minha de 11 desqraça 't. .. Respondeu-me o 111fel1z animal. i!l soluçando ... ~ Não ha de5graça eterna. meu c aro·. Após a tempes tade vem a bonança, segundo o adagio : .. · - Dara'• alguns . meu amigo ... No ~nlanto para mim, é e sempre será assim: a desgraça é minha . ,..,•..,_ _ companhira in5ep:irovel 1. . -Perdoe. amigo: não quero co– loca-lo errf situação de obriga-lo. por gentileza, o confessar-me o mo– tivo que o leva a crer que o seu mar– tírio é infindo , ma<1 talvez. eu o conhecendo, poss11 fazer algo em s eu beneficio . Bostaria somente que isso estivesse: em meu olcancc: , - Estou go,tond o de vocé. que se eslá mo<1tra11do muito gentil para comi~o Di!t'I -me o burro– Acrc:dite-me q11 t" a primeira H que ~lguem <' bondade. Vou . ( unfe ss ar-lhe, , ex– ponlaneament e. po rqul" eu me sin– to s umamente desgraç ado : ~ E o a nimal começou o rt·lnlo: •Ho muito ll"mpo r11 , se rvondo que ~ó preste mt· 1 > p rn puxor este: co rro . lm.1q111 e, • ,r que es'le •zinho, - e rom o qu apo11lou para o ge leiro que e 1 11 p11rado na<1 proximidades. ll '11'11111 do Cümo eu eslavo . O<; mo,•101 los dos guapos rernisl s-nã ) dá um !empino de folga. Tend aqui. preso. bale-me con'llanl m<"n - le com um chicolt' . só porqL Ir tt'm a certeza que revidl!r. À'!. ,•eze'l 2ó - Q - 1942 ~~-----~~~~----..,,_ 1naiw. e. ~ carro cj\ie eu me locomovo com difi culdade e as minhas ancas fi– cam Ião geladas que eu len ho a loJ1s -FILIAL D ELÉ 1 -PAR ÃO AL~ ~DO.~ (]) Aí o burro virou ll e beça e olhou em direção o um rl\ldo que ouvira . e prq~eguiu: - O vo é acha? Tudo isso fã não é alguiija desgra ça? ... Porém. o peor. me lorlura . Ô' que: me deses1 é o seg uinle: Veja você! Veja esses cav1'los que eslão ai! - e: novamente com o fucitiho,. opontou 1,ara uns cavalos. l'(10lllados por amazonas rt'mistos-– Veja · esses quodrupedes, esses •Ca– va Iões· 1 . . 11dn têm melhor do que eu. e mesmo assim são os preferidos. Estas joven'>. não ho mei– os de me escolherem para· os se passeios. Só os cavalos é que t a ventura de conduzir essas bel– dades . Veja 1. .. Olhe como efes p - sam lodos lufados como •perú de roda.. lodos convencidos! ... Em que eles são melhores do <tuc Você distingue n'eles oli;illmo ,•1111- lt:tgem? - Perguntou-me . -Não meu caro amigo. co- nheço nenhuma . - Respondi-lhe. -Se você fo · e dar um pas,elo de monlada a quem você esc lhc– ria. eu ou a um cavalo ? - Conli-, nuou ele indagando. .. -Você. está claro! -Por que? Só porque nós )á somos amigo s ou porque você me prefere mesmo ? -Por ludb, meu coro... -Está certo. ma'l t nludo eu gostaria mais tle ser monl~p por uma dessas senhorinh _. I1iJse-me o burro. francamente . t o e~uio: Pois é. a não ser a, mi s ore- lhas um pouco mc11qrc:~ - mas p11ra isso eu poder-nw-w operar. - e: e u– tras coizinh !I Sl'lll 1mporlancia . eu não os cons1 eto superiores. Lembro-me perlt'1lomenle. como se tives<1e acontecido' ontem que eu ._.,.'i!..,Ril:#. -~or.iquasi consigo a minha maior ven– lurtl êu aind11 nã o ·havi a si do ven– dido a esse •Zi nho - e novamente · ....,.n.a.,..,,,..apoRlou pa ra o ge leira - qu ando -,-':,......_'F-.....- .... =~....;.;~.:Aa1Zt..ic,c:,.c,c tudo quasi se real isa . Ve ja vôce. impressiio de que não ma is as po~- 3UO . f.nquanlo isso. o ch ico te: l11mhe-m lodo o corpo . e eu ar· rc slo tod(l t1que:e peso. Ainda. poJ rimn de Inda essa miseria. ele não ~o,lo cl õ11d11r a pé e. por tanto. 1 111 t"mprc na bo léa . Isso não é nlida indo ha cousas peo res ... ião . a minha vida é negra , rle me apunhou . em fla– gnnte. piscand0 pi,ra urna nosso PARA' ILUSTRADO fui vendido co rno um esc ravo .•.· . Vi via eu, nesse tern no . numo., fo. ze nda, íl!!t M a rajó . quando. pela prjmeira vn.. B filha do palrao · foi passar 11'> fer:iac; . Era urna joven muito linpa . . . forte e, linha um s brla s pernas. mui to bem lorneõdas . No dia que ela chegt:?u , OU\1•8 :di– zer que rrrlend io apren.dcr a mon– tar. Não mais me arredei dali ~a ( ConfinÚ8 118 p8gin8 J0) • I

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0