Pará Ilustrato - Setembro 1942 n.120

• • '\OI abrasador conli:~uava a ,mor o sertiio sem pied;de . Não ha1 [a mais esperança de chul'a. O ~ado morria faminto, Todas.. as hérvas estavam reseq uidas e não e encontrava uma só _gola d '.a~uâ por aquelas paragens. As a voan– tes cruzavam o espaço. em bandos . ó procura de outros. pousos,. A e II havia. chegado com Todo a 1 n ida . Só sendo cas tigo do Porque nunca _se viu um es- , lac ulo Ião !riste como esse que natureza oferecia. Pelas estrada'> • empoeiradas caminhavarr. , a· Ioda p !Isa . os reliranfos. em grapos . nndo 0s pedacos da terra ama- da m que linha~ vivido feli zes, e do u~s eram expulsos, de um mon1enlu para oyl ro , implaca vel– nen!e , na mt1is completa miseria , X X X Zé Tobias pôs a t:abeça f óra da jtmela e conlt:mplou o firmamen– to.· Oual nada! Não vinha agua mesmo. O calor sufocava , E não havia tempo a perd~r . Foi com os olhos cheios de lagrimas que com– municou ó familia o resolução fa– tal Tinham que faze"r . naqudo noi– te umo morcho forçada. pela es– trada Tortuosa . até alcançar o pon– to ondr havia condução para o ca ·tat O verno eslava reco– lhend ô'\ reliranles para envifl-los ll outros fafõdos vizinhos. Zé To– bies sô ia ~deixar o torrão natal porque a fome fll começavll o es– palhar o dtsespero m seu lar. O unaco geilo qull hav1i, era seguir para Fortaleza e ir ganh11r a vida em outro lugar . Ct>nrense de tem– pera . anft>s dn p11rlid.-. reuniu a fomilio t' le-1 fl drspedid11 da !erra 0nde hil'ill nac,, ido r ci11 qual ern um dos ull•mo,; 11 ,;e 11f11.,far. Tóca pr•a ft>nll' c<'lmbacla: Tôra pr" a freote·! e ln <1c· íornm. t>lr e a mu– lhl"r l' m111<1 ~rle filho< 11. raminho dn' via · rr uri-; Olrrreno ., vencer ' . t'rtl o relo r r< ~~ivd Rt>cla- .~ava !,!rnfld" r-. íor\·() pMa <it'r I ri– lhpdo M11ci ho"1a111 d dar I onla Ja farefo, O 111n1s velho do'i !ilhe, J 7..é Tnb iO"I , d1n111orlr, Sr1·t> rino. ·i;o1 lo\ a dr1101fo -n110<1 ·' Ji- idade olhó-. \ i,·os musrulatu ra 11gida De odo", o unico li quem o ,ofrimen- lo nAo rn11"-e~u 1n apnj:lnr n ale~rio - ó .lo 5eml:,la nl e. E' que se tinham llvivado a inda mais na memoria aquelas historias que ouvira . certa vez. 11a -ve nda. de um paráoara e q ue li11h1:1m c1:1usado um reboliço e111 sua \'ida. Desde esse. dia pas– sou a sonhar com uma lérra en– ca ntada . onde morava d felic idade. um EI-Dorado, l'.mfiml que a lodos recebia de braços abertos. Era para lá, cerlamenle. que se ia dirigindo. Por es-;e molivo é que Severino exultava de contenlamento e não 'lenlia as as::ruras da viagem . X X X A familia de Zé Tobias quando saltou em Belem eslava reduzida apenas a quatro pessoas. A bordo , 1.1 mulher e mais Ires filhos haviam enlre~ue a alma llD Creador. Na capital paraense só se fala– n1. nessa época . na alta do preço da borracha . O dinheira ia nova– mente se espalhar com abundan– cia na Amazonia devido á valori– st1ção do ouro negro. E chegavll ·gen te da todos os recantos d-o nor– deste para trabalhar em seringais. A maior oaile acoseada pela secll. Os navio~ !raziam o terceira clas– se aba.rrolada. O governo não li– nha quasi ôificuldade pllra soccor– re os flagelados . Porque seringuei– ras não fallovam para quem qui– zesse exlrair o lalex. -Severino , meu filho. que Deus tenha cc.mpaixão de nós. Não é com qualquer cousa que cearense se amofina. Tóc pr 'a frente Des– graça poucll é bobagem , PERFUM E' de seu mleresse, po1<1 alem de possuir ut 1 sortimrnto de l'lrhgos flno'I do<1 melhores lahricant t-'ltá npta li forriecr-los PREÇOS RED02IDO i PARA' ILUSTRADO .. - Sim. meu pae. Eu so qurro que a sorte nos proleja ao men~.s uma vez . Porque trabalho para nós não mele medo. E lá tomaram passagem no ,gaio– la· . rumo de um mundo até en– lã :1 compldamenle desco11hecido pa, a eles . onde en1relanlo Severino espera:.•a encontrar a su11 Canaan sonhada . Como eles . a!'I, lambem seguiam dezenas e mais dezenas de criõ lu ras, cheias de esperanças mais. oufras. levando uns cabelos bracos os desenganos da vida. e que eram, em suma , braços que iam desbravar as selvas amazonica e énvillr de lá. a custa de mil sa– crificios. a borracha para récheiar os bolsos daqueles que , na cida– de. comodamente, ficovam a pen– somente em cifras . Então, meu .pai. é que a gente ve 'o ganho Oue vida ruim, meu p J, rece o inferno. Sim. meu filho. desanimo. Tó pr rense velho nã~ De fato , a v18fl ali cadeira. O trabalho. dade. Não dava des ns po. Madru~ada aindo, a faina co– meçava . A mala gigantesca desa– fiava 6 homem com alti\'ez: O ,pium, não dava tréguas a ninguem. Tõm- . bem a onça só · vivia espreitando uma ocasião para a ir, Alem -dis– so, a sezão campea\·a em lodos os logares. Só se via gente baten– do' os quei~os com a lerrivel Ire– m deira. E cadê quinino p~ra com– bater o surto de paludismo~ O, bar– ração o que linhe demdi.11 era umas mant/ls de pirarucú deteriorada para enganar o eslomago daqueles dis– groçados. Mas era is5o mesmo. Bem que Severino linha r Ao quando clossificava aquilo de inferno, Uma • vez no Ceará, só porque o. Zé firmino, um companheiro de infan– cio e s~u mõior arR1 o mongou dele por causa dt> um {Con..fin 1no .32} A de Maio, 227 ~ Porá 26 - 9 -- 194-2

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