Pará Ilustrato - Setembro 1942 n.120

(Conlin~açâo da paginei 1~ , \aria lo.do esse lemro, :;en eslanejar, como.. se se Iro ln se de t1lgucm do outro mun<l . 1.: f!Uando, afinal , !ornamos a por-nos em ca– inho . em direção rió armazem, meus companheiros forlarnm-se de fazer !roça de mim. Aqueles gra– cejos me enrai ved:rarn lanlo, que chegados á venda, puz-rne a beber , até perder a noção do decoro. Gastei em bebidas lodo ·o dinheiro que linha e passei dois dias e duas noites estendido entre os arbustos . por traz dél taberna. Ouando voltei a mim, já •meus cornpanh1:iros haviam deixado New Town . E eu me sentia complela– menle outro homem. De socegado e pacifico que era, !ornei-me de– sordeiro, lendo lido varias brigas ~angrentas com os malandros da taberna. Fui barbarnrnenle espan– cado e. por fim, senlei-me num ·anlo. silencioso e cabisbaixo! A imagem de Maria não me saia dos olhos. Além da admiração que me havia causado, e que se repelia sempre que pensava nela, dorninll– V6-rne um desejo irreprimível de a apertar qos braços, de a ler só pora mim, de roubti-la . Eu não sa– bia que eslava apaixonado e que ludo aqµilo era apenas amor . Como poderia sabe-lo ? lnsisli com o dono do armazem parn que me vendesse a credito O'I viveres e objetos que me erám 1 precisos, mas o miseravel, depois de ler embolsado lodo o meu di– nheiro a troco de alcool, recusou– se a me atender. Por fim , não tive outro rem dio senão lrocar uma parle das sementes j.á compradas por algumas provisões indispensa- ' ' veis á 1·i11~em . afim de voltar ao bos1.1ue . Desesperado com a mal– d de Jos homens . resolvi vin~ar– me, r !ando Maria. Por cerlas conver, que ouvira, sabia que a no era o orgulho de New · riem por um minuto me que ela. e o pai, nadé\ er cor., as minhas de<;- ocor 1 tinham , graças. Altas horas da no ile, roubei o cavalo do taverneiro. que pastava num cercado, pt:rlo da casa. Sen– tia cerlo prazer em fazer algum mal áquele hom<;m de coração de pedra. O rapto de Maria. em compen– sação, oferecia dificuldadadeé maio– res . Sem kr feito o menor rumor, galguei o janela do seu quarlo e amordacei-a, sem lhe dar tempo de peºdir socorro . Depois carre– guei-a 1105 bra_ços para a rua. A noite eslava escura como boca de lobo. Ouando sentei a moça no cavalo, diante de mim, vi que e!>- , lava desmaiada. Mas isso pouco me importava ! Deitei a galopar como um louco até ao amanhecer. Já t'nlão nos enconlrnvamos no mais espesso do bosque, O cami– nho !ornara-si" inlransilavel e o cavalo jã de nada me servia. Apeei . descarreguei ludo : a mulher: o saco de sementes e as provisões: e com fortes vergastadas fiz o animal fugir para os lados do oeste. pois que o meu caminho era para o norte. Tenlei carregar sozinho a mu– lher e ludo mais, mas logo vi que era impossível. Parei. Acendi uma fogueira com galhos de arvores, fiz café e proctirei reavivar as for– ças da mmhQ prisioneira. Mas, de cada vez que me apraximava dela , Gran es r cas olhava-me com rancor . Não disse . uma unica pal avra o d_ia lodo e só comeu o eslrilamenle • neêe~sa rio · · para não mor rér de fome , Muito lempr. le.ve de passar a1i . que ela se cou en cesse ele qu~ ~-1.f · não pretendia azer-lbe m I nenlium .' · Mas. ao cabo de uma· semana, consegui que respondessse ás mi– nhas pe rguntas. Não havia receio ' de -que os meus perseg11idores me apanhassem mais. E"slav ...mos em plena [J1õlo virgem, cercados por manla'nl ~ •. qua'li inlransponivei~. P<t 01111~ o rastro do: c11valo di :i gia-~ ~ara oeste . • Ao cabo de outros oilo dift!l~ • • - 4 .. corno visse que neo nos perse- guiam, derrubei diversas arvord pora fozer uma choupana . Ml'Uiiõr ' que era uma crealura inlelige □I , -.'. audaz. pouco II pouco fo i se con- • · formando CLl•n ua so rle e passou a ajuda r-me. pois do contrario leria morrido de ledio . Como a !ralava. com respeito. julgou ela que cn a raptara para exigir do pai um Y.:s- .,gale valioso. ,= Não me lembro como Íoi. ruti • o "certo é qu e um dia nos e; mos nos o hos e dec;alamos a Ficamos amigos de <le então, Da amizade ao nmor , não mais que um passo e, a breve cho, notei que Maria me amani E como ncs ama s durante o. c.:inco anos de vida comum I Creio que nunca houve ~mor como º • noss0 , . . E agora Maria está morta. Para o mundo , havia j ' tempo que o estava , mas desl vez morreu devéras e, com ella razão de ser dti minha vida. Oue farei eu a ora n Não sei. Lamento • veis de J. KISLANOV de &I 1111- MAO r . ; Dotm,I ,n,)S moder'nos,- êsfilo "Conora'\ m le~if C. 111nm, pnra CõSõl. com lelõo, esblo "Paulista". em \, 1 r 1oh_1l,rn en, 1 qitinrn milcacõubll, com O p >ºs emp v.anmtid > - J~5 ·o n -34- .· f. lod~ e qm1l4urr .e'- pecie d' e moue_1s oe J. :ií:l [:lr:) 1)1:1r:} r:}lll 1,(1) 1•} li! P r, > do I NQ da Polvoro, con 11 )r.{ 8 PARA' ILUSTRADO

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