Pará Ilustrato - Setembro 1942 n.120

Tres norueguezes. Si gurd . Bak– ken. Will e eu. e n lituimos uma • soci.edade e tomos xplorar o no– roeste do Canadi Oueriamos ins– talar-nos em !erra virg<!m. cons– truir uma cabana e arrotear a .!erra. que, não lendo dono, per– tence a quem primeiro a ocupe. Nossa bagagem reduzia-se a alguns moldes. armas. instruwntos de la– voura e um saco d.: sementes. Não podiamos levar mais nada ás costas. Nossa comida diaria , eram coelhos que pelo caminho iamos caçando e algumas frutas apanha– d-,s nos rios. A paizagem que vinhamos. dia após dia, era 'lempre a mesma : colinas escarpadas em torno de lagos imovei s; rochedo e mataria sem fim . .J · l iam passado ses– senta hor·'-••oti que deixaramos a ultima grnnj dftí em diante não viamos senao arvores colos– saes, cujas raízes e troncos tinham n'rmas a5som brosllS. Além disso, espessuras inlerminaveis. brejos a erder de 1•1s la. · Por fim, começou a parecer-nos que no mundo já não havia senão bosques. Até as choupanas de pão. a pique, em que havíamos • pousado antes de mergulhar na ' mala virgem. e que de certo não eram modelos J l11npeza e como– didade, me pareciam agora. aô pensar nelas. extremamenle confor– laveis. Desta vez . forçamo s a marcha . com o propc,'lilo de chegar. antes da noile. · r,rimeira granja . Mais atém eslendin- t· o inexplorado e ,10sso ohjelil'o p "nctrar oitenta kilomelro , r1o'IJ e desco- nhecida regi povoou tod do Norte. Ao cair da noili;– muilo ao lon~e. fl no um pequeno Ct1'irb1 e. la numa varze11 . A nos , grande, mas 11, o me11or í bem a 11dm1raçao ao vermo'I da cabana não saia fumaço chominé Nu ull1mo sílio em 1 pernoiloramos, linhamos 01 que o morador daqut>la ronc um misonlhrcipo. tlavia 111 que ninguem o vil! , nenhum pensara jamais em avengu causas daquele isolamento: caminho a percorrer era exle penoso e 5lrllnclemenle orriscõ<l 2( 9 - 1942 ~~ De mos o barranco e aproxi- mamo- os da poria da cabana. Eslava fechada. Em condições iguaes estavam as duas ianelas . Um exame mais detido nos mos– trou que haviarn pregadas as om– breiras com grossos pregos. Estando o rancho abandonado. podíamos nele entrar tranquilamen– te . segundo as leis do deserto. E não nos foi muito dificil arrombar a poria! Mas, ao executarmos essa lorefa, assaltou-nos uma vaga du– vida. que li ansformou em. ongus– liosa especlaliva a a legria de dor– mir naquela noi!e debaixo de um leio. • [!) ITl [I) [) [) ~ l1lúJ~~[l~ ct© [ITI'ffi [:] (!] ~ :.a Afinal. entramos e fizemos lu z... Eslava deserta a cabana. Vozios ' estavam ('g armario'l e o fogão: nua s as paredes. Mas sobre a mesa . que se via ao fundo do quarto , diante da Cõma. hav ia uma toalha! Luxo inexplicavel 1 t'. sobre a clara e impecavel toa– lha havia ·clp1s li vros, um dos quaes. a ,~ lgar pela espessura. devia ser 11m<'l hibJia. Atraido po1 uma força misterio– sa,.: ~heque1-rne á mesa . e t;ste n– dendo por cimn dela º" olhos. divisei o leito, que eslava igu(J l– menle coberlcr por impecavel e alvo lençol. Por baixo do linh o 1111p<,l11la adivinhavom-se as formas d um cor po humano! Com um gesto n:pido, ergui a roberto E n Ires demos um sallo, desconcertados e eslupefa· elos Sobre C> leito eslava estendi– do o e daver de uma mulher. Ali . no deserto. uma mulher I Os colo– nos nos haviam garantido qne não havia mulher alguma num raio de quinhentos kilomelros. Estavam Ião PARA' ILUSTRADO ~----., acoslum dos a passú sen1 campa• nhia, que nem davan r falta dela: cozinha vom, co tu m. la- vavam e passavam s zinhos a roupa. A vida na selva !orna o homem Ião misantropo . que õ I va a evitar qualquer amisade. espe– cialnienle a feminina. A ::norla era uma incomparavel formosura. Tinha a cabeça delica– damente modelada : o nariz fino. de azas quasi lransparenles; a bo– ca pequena. escarlate: os cobelos louros. Tinha os braços cruzados sobre o peilo. como a defender o .coração de algum ataque. -Olhem, rapazes 1 - exclamou Will, apontando para a fonte es– querdfl do cadaver. Por baixo das guedelhas louras. vio -se uma pequena mancho ver– melha. Era um ferimento por arma de fogo. O silencio reinou oulra vez en– tre nós, mais pesado que nunco. A mulher fôra as!:lassinada I Mas quem podia ser o criminoso? Ouem a leria deilndo no leito e coberto com um lençol ? Ouem leria deixado sobre a me a os dois livros. 11 biblia e . . . o ou– lrn? -Vejamos que segredos escon– dem esses VL lumes - pros.sr ulu Will. Chegamo- nos para junto da me– sa. O . livro mais volumoso e,~. de falo. n Escritura Saqrada: o o utro, uma especie -de diario es– crito por nião de mulher. e em que eslavftm onólad s \'!Irias observaç , sobre t.1 1 m ern- ura. a. sementes e collt ·1la os mananciae'I de agua polavel. De q'uando em quando. entre nola_s mel<" ro1ogicos e aponfq.me~ los a_gn– colas. deslisa vam confissoes mli– mas, frtises so ltas qu e lançavam uma luz difusa sobre a lra~edia que oli se desenrolara. Dizio dssim um trecho : .Como Carlos me . visse hoje um pouco enfadada. lbrnou a pe– dir-me perdão . Ofereceu-me- •{)ara :,. me levar de ..- olla p(lra T ow n • Mas o pol ,re ropaz interpreta mal minhas brusca"\ mud nças de ani– mo . Já devia saber -.:.. pois tontas veles lho le!)ho dilo 1- que gos– to imenso desto, ".ida, Sou prisio– neiro do deserto. O bosqu~ a so– lidão apanh11rarn-me nas suos rê~ des . Amo Carlo.s . o nossa casi- . . I ' 1 •

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