Pará Ilustrato - Setembro 1942 n.120

(il ~E~~NA passou no bonde pe la LiJ · 28 e olhou para o g rar.de le– treiro: .. PRECISA-SE DE ODERARIOS .. O a vis o ficou por longo fempo ba ilc.ndo r.o seu p: nsemrnlo. Oepcis. como P- r encanto. d;:s ::- parcceu . Ouando chegou em casa lembrou-se de novo. Par::cia que um fatal ismo arrastava a para dentro da fábrica . Ela não linha nem quinze anos e vivia lorturad : pe– ld , ecessidade de trabalhar . Fôra empreqada ~ uma casa de familia rica . Seu corpo e~lal'a la lua ~o de belic;cõec; , quei .-.a::.uras e surr~c;. Fô– ra obri gada a fuqir àuo:,, vezes e Ioda . a · duas \'Czes a s ua I a voltava co 1 ela para en,reqar á c;ua palrõa . Finalme.. te daquela vez ficara . Sua mão e'ltava qu ::imada numa chaga . Haviam dado uma moeda quente J'.)ara que a aper– tasse. O resul ' ado fõra aquele . Um dia ludo mudou em ca a . A velha ca ira doente . No outro . a fome. veio disfarçadamente encoslar-c;e no ba– lente dr sun poria . O letreiro da " 28" l'ollou a brin– car . a bulir com o se.1 pens11~1enlo . A– go ra a fome eslava do lado de e enlro de sua c:asa mex êndo com o rc;lomagp das dua'- . 1 • a manhã seguinte \' 'U a \'e lha lrt·– lllt'ndo de frio, alirada -atõa na esle1111 negro e velha Era quasi umd cosa . dr nada . enrolada e acabando.. . O lhou pari, ª" lrc:<1 pedras dn fo– gao, nem 'l i ai de fogo . Os o• os da ve– lha p e 1nm olhar o outro mundo. um del ir10 a t'nvolvia em coisas cónfu~as. atrapalhavam- ;e e corrinm dõidas pelo cérebro do dof'nle Mergulhou na rua la passando gente para as f ·bricas. Todo'l os dias ela assistia aquele cortejo de trobalha– dores andando não sabia para onde . Agorn fozia parle dele O letreiro ven– cera · la arran ar dinheiro r comida . Ao longe av1'1tou o ununno convi– dando gente para g11nh11r " vicia e com– prar uma passagem de 1. classe para o tuberculose. Ficou sati11feila , havia ser– viço Aquela certeza deu lhe alegria e coraqem. E.11qut'r t a ludo o que ou\ ira sobre as fãlmcas . A .. Boneca '" a c;ua Vl'lirha . morrendo r ec;corrando sangue 5110, ludo! Aqora a s ua necessidade da– va-lhe apena'! urna prrocupaç.õi o : T n,– balhar. .. En trara . Dentro . na bancada ne– gra um baJe-b~t; df' martelo'! descas– car.cio ca c;ltrnhas. rnovido11 po r braçoc; ec;qur-leli r n 'I "e~uido 'I por olhos lan~uidos • AD RICA de padecenle<s. Çelesle . ma l a~c:iladll, c;ub1u os de– ~ri,ío da escada . para f'al r com o ge– rente Os seus seios bonitos desenha– varn-'le sensualmente no seu veslidinho de gc:nle pobre Aquilo convenceu o gerente· Você quer trabalhar? Pôde. E' bôa. Vá trabalhar. vá Ela desceu As grandes filas na bancnda imunda d<''lrascavam castanhas. Oulrao; eslt1\·am na " escõlha ", OJhos trio;tes, como s<' estivessem de,cascando a tri,lern E. a pequena máquina linha o som 'lêco de martelo da morte. O s molambo'I, na quaz1 penumbra do casa– rão , mexiam-se no ritmo macabro de co1'1as ;diotas <' confuzas. Era o riJmo 'lem fim para encontrar a vida a morte. O ~erente de vez em quando pas- 'lava 8 p'erna no copila lisla lc linha o ri~o afoclo de conquic;lador mi rias. Um dia mandou chamor elesle, uuanrln el descru. a vel ha Nicota . que tomava conla ela bancada e rouba\'a dS oprranas o <:a1xôc!I de ca ·lanh "· riu c i111 nwnl e orn o ar de l0 hecedorn FLAUIADO P8R81RÀ • •• ( . da " casa '" e o'hou po a a s oul ra 'l. Aq1'>,;.- le olhar era um 11 nção, E o s ma ~·· leios pareciam le m d ado o seu ritmo . numa musica difer nle . Lemb rava m sons noturnos de exolicos ·, slrumenlos loca- dos por alma do outro mundo. • O tempo marl u no corpo de e• leste lransformaçõe inleressa,1lcs. A , i- da da men ina flor iu em extases rno alegria nova . surpreendente. bro( na sua alma transformando-a em mnlher, A ve lha lia de ele'lle gril o u 0/'I poria da fábriCi1 urna p lavra fê1 11 T o ch'l a charam ~rnça 1 ';1 1 compree J 1am motiv o daquela Zllll\,I hd de D . O geren te gm:nva II furn, Vá embora . ande! \ seus di reitos 1• . Seis mt'sc:c; depois ela vo t \ n T ribun~I _com a sua ultimo dec p O 1. A cerlidao de idade não linha merecido fé aos ju1zes E, qu ando o bo nde pas– s_ou pela fábrirn , dois b ra ços e._quele- . licoc; aponlarnm para o cé u: - Deu" 1 v<' ndo 1... Era n 11111co coisa de lud o a quilo. · que lrnhnmos certeza . --------~-----~---------~-----~ 8RCIO e IDDUSTRI RDADBU OS/A r éde - Avenida Rio Branco H. 155 4 t:nd . Tel raftco : ,C ASA FORTE. TELEFONE. 1eren . 9558 , Gera l. 9085 Rec1F'e PeRnAmsu co - ---------------L~-===--..... -~--.-------* - 24 - PARA' ILUSTRADO 26 - 9 - )042 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0