Pará Ilustrado - Outubro 1942
\ . • Lindolfo lvl esquifc:t. (Zé Vicente) ~ O rapaz virou-se para q6:inciãc que eslava sentado no me..!.110 b11n– co daquela prdça pub lica . vendo o desr.le da mu ltidão: - Olho parct ludo com uma profunda impressão. O luxo , a vaidade, o orgu lh o . a ímporlancia ba lofa desses cava lheiros e a so– berbia irrefletida desses .gran-r. um dia se transformarão em velho olhou-o interessado. orno quem clesejaria sondar a lma do rapaz . E o moço conli– uou : A morfe , que grande coisa ! )enlença irremediuvel e 1rre– qu :: 1-'aira sobre a cabeça ,anid · e. Se lodos tivessem um pouquin 10 de bom senso . di an– te desse l1m inevitavel procurariam se r mais simp les e modes tos . Puxou uma carteira de cigélíro . J Íereceu um para o velho . acendeu o fosforo e chegou-o perto da bo-• c do companheiro . - Obrigado. gosto dum ciga rri– nho fraco ... Continue na sua pa– lestra . O rapaz proseguiu : - Ouando eu vejo alguem lu– fando de orgu lho . egoisticamenle preocupado exclu5ivamenle com a sua pessoa; homenageando os gran– des e pisando os pequeninos ; cor– tejando os que estão de cima e diminuindo os que lhe não podem revidar o d espreso ; julgando-se um ent e sup erior e sac rir.cando os hu– mildes em benefi cio de sua como– didade: dese jando para s i lodo o a preço e acalamenlo , mas lirani– sa ndo os qu P. dependem de seu ma ndo . quando eu vejo isso . , . - Tem vontade de promo ver uma revo lução t: sacudir com esses lo lo'l no chão , não é? O rapaz sorriu com di splice n– cia, sacud iu a ca beça nega tivamen– te e exclamou : - Nada disso . Eu me lembro é da morte . Vem a eterna ce ifadora e nivela ludo . Vai o rico. o po– deroso . o orgulhoso , o branco e o negro . o que manda e o que é mandado. o que humilha e o que é humilhado . Vai ludo para baixo da terra . A morte igua la a lodos não distingue ninguem .. , E depois de um silencio curto : - A morte é o maior amiga que eu lenho . porque dela me lem– bro sempre e é ela quem me faz reprimir certos inslin los , diante da verdade irrevogavcl. A morte rnis- . ~ .,. Realizou-se no dia 28 do mez lindo. nes fo capifo/, o casamento do joven J' tenente do Exe ci/o, Newton Lemos com a gentil senhorinha Carmencita M elo. filha do ilustre Antonino Melo. O },stin/o et1sal foi residir no Rio de J aneiro. lura lodos. ni velando-os no mesmo espaço de terra . Leva o rõlo e o bem vestido . o inteligente e o me– d íoc re, o bem ins ta lado na vida e o desabrigado. Ah ! se lodos . em vez de ler horror de pensar na mort e, nela vissem uma eterna ad– verlencia . . . E ca lou-se. os olhos filos na multidão que passava . O an ciã o pousou-lhe a mão pe– sada e rude sobre o hombro , pro– curou o lhar-lhe bem dentro dos olhos, e murmurou : - Ah! meu' rapaz . quanta sabe– doria encontro nas luas palavras. Apenas quero d izer-te que a morte não iguala a lodos . Ao contrario , é quando principia a seleção . A morte deslróe apenas o corpo fi– sico, mas o espirita, esl t! não mor, re porque é de · Deus. A- alma é imo rt a l. E depois da morte é quan– do o bom vai receber o seu pre- mio nout ro plano invisível : o r.rn ·, va i verificar o atrazo de seu Pspi– rilo e sofrer pelo que praticou ; 0 tirano vai dar cont a do qu e co– mtleu con tra os seus s emelhantes: o orgulhos-o vai contempla r a ver– c!ade e envergonhar-se do senf' . menlo in fe rio r que cultivou : o qu : se julgava um sabio vai ver qu e não passo u de um ignoran te; o que umilho u os seus irmãos vai c 1vencer-se- de que na vida pas– sou o lempo plantando em terreno sáfaro. A morle , meu ·rapaz , ape– nas despoja a humanidade das suas ves tes co rporea . mas não iguala ningyem . E o an cião levantou-se. sepa– ran<lo-se do moço , que o fi cou con!emplando alé s umir-se ao 1 1 . ge. sob o crepusculo como vec.l que 'l derramava sobre a ciclo on lampada s ÇOVél·Ol
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