Pará Ilustrado - Março 1942

/ • • • • • • • ~~ ~ ~ ~ De maneira. disse feuillade. que não entendias a caria ? E'~r?ade. confirmou Hemard. Meus avós combateram na guerra de 70 e lã em casa respirou-se sempre fanfo odio contra a Ale– manha que nunca passou pela ca– beça de ninguem mandar-me ensi– nar alemão. - Nalu,almenle. - Ouando recebi aquela caria . datada de Dusseldolf. em alemão e cheirando um pouco :a cerveja. -fiquei eslupefalo . Depois enfureci– me contra mim proprio. Não po– dia le-la ! Finalmente, tive uma idéil e iui folar com um sujeito que . por ler residido oito anos em Cclonia, sabia perfeitamente o ale– mão. • -Bem lemb rado .. . -O homem não eslava em casa. Esperei. Ouando chegou e soube o que eu queria abriu-se-lhe o roslo num s'orriso. -Pois não ! exclamou. Vou • traduzi-la já . Poz os oculos, passou os olhos pel~ caria, franziu a lesta e devol– veu-ma , udeme~te . -Pegue, ro3nou . Vã amolar o boi! - Dia bo! - Tive que me pur ao fresco com a caria no bolso. Oue pode– ria d izer aquele papel que tanto aborrecera o meu ~migo? A minha curiosidade aumentou Ires palmos. Resolvi. então, ir ~ casa de Alberl Permoye, o antigo companheiro de colegio que ma is .estimo e que é um poliglota no– lavel. fui encontra-lo a traduzir um manuscrito latino. Recebeu-me de braços abertos. - Ouero que me traduza esla caria que recebi de Dusseldorf, expliquei. - Mui lo bem ! exclamou ele cor– àialmenle. Deixa ver. - Dei-lhe a caria. leu-a • lalmenle. /\o termin ar. os fuzilovnm-lhe. Amarrotou o men– o lhos papel --0 sr. vai realizar uma festa ? - Então, telefone para 2-7-1-9, pedindo o nosso fotografo. Publi– cado. em nossas paginas. um as– pecto de suo festa . PARA' ILUS– TRAI )0 lornar6 perdurodoura a lembrança de sua alegria. - 8 ., . • • • • • • • - nos dedos crispados e atirou-mo na cara çomo uma luva: -Vai-te daq ui . cachorro! ·rugiu aponÍando a poria d a rua . Vai-le daq ui com a lua imunda rnrla. E. não tornou a olhar para mim. -Caramba t - disse Feuillade surpreendido. · -Visit ei mais dez amigos que sabium alemão e em Ioda a parle . a mesmo cena se repeliu. Antes de ler a lal e-arta !ralava m-me com afeto e simpatia ma.s. depois de traduzi-l a me:ilalmenl e, enxota– vam-;ne a ponta pés . em meio dos ma is ferozes insullos. · -Mas que dizia a carlá? -Fui a uma Agencia. que anun– ciava nos jo rn ais tradução e copia de qualquer. e~pecie de documen– tos. Urr. emp ,·ega do pegou na car– ia leu-a para si e lançou-me um olhar- de profu(ldo df.sprezo. «Üue imoralidade ,. berrou. • E.u de via mçind.:1r prende-lo, . E.in s egu ida, desapareceu no m– lerior da Ag~nc i11 e vollou. dali a pouco. acompanhado do diretor e de varios empregados, que me alirnrnm pelas escadas a baixo. - Depois jogaram com a caria, feita uma bola. \ 1 - Mas é curioso 1 -Rl!solvi. então. pedir ao meu socio HPrberl que me traduzisse a caria. refalando-lhe lodos os precalços que me tinham sucedido e garantindo-lhe a minha inocen– cia, com respeito aos dizeres do, papel. Herbert é um desses sujeitos que sabem fazer as coisas. • T ra– ze a caria. companheiro. Dir-!e-ei tudo. embp.ra seja o maior dos deselinos,, afirmou ele. Dei-lhe a corta, leu-a mentalmente, como lo– dos, e pespegou-me um murro no craneo. A nosSõ sociedade desfez– se ncquele d ia e Herbert, quando passa por mim na rue. cospe para o laào em sinal de nojo . . . -Caramba I mas que dizia ·a· cerla? -O meu desespero era infinito porqul não conse~uia sabe-lo. So– fri insonies. emagreci e depressa fui apontado na rua como. o es– pelro do que f õra. Passaram-se dois anos. A caria, Ioda amarro– tada, jazia esquecida num dos bol– sos, e qua11<lo toc11\·a nela, por ocaso. <.:om os dedos linho a im– pressão de que me tibrusava. Um dia ... A' ILUSTRADO ~ -- . ~ • ·"' '\.... j- . ' . ,. " . . .. . . - : 1· -Utrí dia recebi t'1l}~ legrama :- "'- ~,- ·•: de meu pai .• Oi~ a assi :- .c;h~~-"" . .!·-'· garei· no ex1Tresso, . M p1.1 ~ q - • • rido ,=eiul, ade , sempre o octHtóu. / • mas conhece -o . alem~o. , . Aparr... · .. · · ci na estação duas horas antes e chegar o Irem. A mi~ha e\ citoçã.o: ; nervosa era 11:11 que. para a Có'!n r, • o ci garro . linha de segura.r a mão. ·f ,– direila com a · esquerda _;. . O Irem - entrou na eslaç_ão. Meu" -pai des- -.,,,/ . ceu . . Ab. açanip-nos eslreifo~ e~e. ( depois duma separa~ão de qUêlro ,_ 11 imos. E.le quiz informar-se do on- -V· damenlo dos meus negocios. mas não o deixei falar. Contei-lhe a historia .da cmla alemã con'i . mais detalhes de que estou fornec êndo. Por fim , .disse-lhe: «Pap i: a êar a. deve dizer qualquer cpiso · de . \tfr•.: rendo. mas, por Deus, ~ig{l-m . o ~- que é. Diga-mt'! emho a•.fu 'l!Ji ·· -'. · ':' te e me desherde. Díga-1~ .;,/ no _ -., · l • 1 ·b' •· . • •, • • -, corre risco ~ e eon r, . u1r para l'> · · suícidio de seu •filbtfJ:~ não pos- • ~ ,, ;. so ..:ts 1~: -~ ?• ~ .. ,;- ~ •j{· -Meu ,Ji ! o ~ iu corno · qu_~hâü· •:,. ~:. . . au, em creanç, . lhe fazia al-rt": ~, ·: • ... pergunta ingenua e repli~ u : fT' ' t.if ;' C:. -~ '~ co1~fiança em mim. me&. filho; i~- ~-i, ' ria impossiveis para evila e q·- _ ·. quer sofrimento. Da-me a e· ;ta::::""'· ... Prometo\ 'ttaduzi-la co;;-. lod ."~.-:.,~ • ::,· t ·J- rJ ,...., cxa I a,, . • -, - E f eí! lã~ ~ · •. . .. ..._ - M~flr a mao no bolso á pro- • . cura da caria. Não a encon_trei. ;ti ~.; mais. irih a-a perdido. LOUIS CLAREDE ••••••••••••••••••• g I p~e'l,_o frafar uma oh a d aa te como se trata um alto personagem : fletir de pé diante dela e esperar pacien– temente que et:( se digne ' . dirigir-nos a palavra. ª SCHOPENHAUER ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ • • • • • • ♦ ♦ Estação de repo~s E.rn GUARAMIRANGA com um clima saudavd , 850 me: lros d: allilude, a Pensiio San! Anlo~io. de d. Lili Noguei ra conslitue um amb1·enl .. . _ e prop1c10 as pes~oas que queiram repousttr. Tr1:1lumenlo fomiliar olimo passadio, e repouso abs~lulo. 28--) - ...

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