Pará Ilustrado - Março 1942

. . ;~hrnHff m . · ,,,,. ..._· ·~m~ $. c;1 ~ 1 · ·:~ Y ! ti@□ITCDITi[!)~ J i! -------• . ,.._r:/1~,.":- --,,,-~ ......... ,,,_,..... "" " ~ ·:. ;,, :·· • S &r as qu ébrnd.ii_i ·roch os do ardente • litoral do G o·tfo .Pers ic e . que os mÀtulí n'bs ra ios do sol lin- • giamede vivo s ma ti zes de o ur o e •fogo , a fa lan ge el e pescadores de Manaar, mostrando nús os bron– zeados corpos . fa zia os ullimos preparativos para desce r ãs pro– fundei.a s submarinas, e à rran ca r ao OceiWIÔ os seus leso ur<.1s. Eram os pescadores de peloras ! Ah I De que magica sugestão se re vestem - tais palavras ! • Porque as pero~s. mais qu e os . rilha_ntés, mais que os faiscantes • · • ,"'ftlbis, mais . ~e. as esmeraldas -= ,.. • mai~ que as e afir8s, lêm yma 'mi ~– teriosa lenda e vid~:·pr;..pria, essa vi da só com,r~d~ . pelos pes– cadores do G~fo. liilc,sico, q1:e. c::i _ ª sbcóla pt!ndenle da cintura S1avalha . presa 1'os denles sub– merg~m ppr en tre as ondas. aber– tos os ô Ih os escrutadores, a té - âchar •~ banco de ostras guarda- •. 1 dores das ambiciosas ~las. -...,. Pouco imporlava aos· forçados \ ,, nadadores de f0.aNrnr, os ais fa- ' mosos do litoral. vo l'l aii super- • ficie, depois de uma imersão de dois ou Ires minutos . .S!\g grando pelo nariz e ouv idos. se traziam comsigo perolas, porqu e, em ta l .-:aso, o tesouro arrancado ás on– das poderia converlel-os em se– rrhores do prazer e d\...ri queza 1 .• . Muitas vezes o Oc~no, ze loso de que lhe roubassem /os tesouros. armava emboscadas aos pescado– res , f~zendo-os c a ir desmaiados nos verdes ab~~ os aqualicos, an– tes de lhes dar fempo a subirem de novo para o ar livre, ou lh es en via va vorazes tubarões, e mons– truo sos polvos, que suslen lavam horrein.l all'\l utas com os qu e iam profana r ~ verde mislerio. Ouan<lo os ho mens venciam, ás navalhadas, eram os tuba rões os qu e vinham á lo na, os corpos abertos em hor– '1-orosos ta lhos , mas , sucedia, ás vezes. que , no luga r em que o nadador mergulha ra. se produzia um remoinho qu e, pou co, o pouco, s e t: olorio de sangue. e o homem não voltava mais á supe rficie. Nem por isso , entrelan'o. os ou tros pesca- • dores desanimavam . e até persis– tiam com mais empenho na sua penosa tarefa . Era questão de sor– te 1 E diari amente mergulhavam nas salobras aguas, com os olhos di– laladamenle abe rlos, no fundo do mar, ávido s do a rrisca do banco oslricula. para lhe ir a rrancando com as nava lh as. de go lpe . as os– lras, afim de que estéls, cerrando bruscamenle as conchas , não pu– dessem eliminar a perol a , o u con– creção globulosa que constitue no molusco uma enfermidade que apro– vei(_çi aos homens. para os seus alardes de soberbia e de oslenla– ção. O s pescadores, uma vez feitas as suas explorações submarinas, lo rna vt1 m á ter"ra , lra zendo os te– souros roubados ás profundezas misteriosas. e depositavam as os– tras em grand es fosses abe rtos sob o so l tropi cal. onde os moluscos ha viam de apodrecer lentame nte. impregnando o ar de es pantoso fétido, só comp arave l ao que exa– lam os cadaveres das beleias na ilha dos Ursos. em pleno Oceano Glacial Arlico. Depois, os pesca– dores. despreza ndo as mortais pi– cadas das moscas carb1rnc ulosas, , empreendiam a ta refa de extrair dos corrompid os moluscos as pe– rolas, para as lavar cuidadosamen– te, as poli r com pó--. da nacar, e fa. zer a classificação por familias, côr e oriente, dedicando as prefe– rencias ás de tonalidades rosa e creme. X X X Entre todos os pescadores de Manaar, Ramadata era o que, pela sua vigorosa resistencia fisica e amplidão de pulmões, mostrava maior intrepidez e resistencia nas exploraçõ es aos bancos das pero– las. Nenhum como ele linha tão agudo golpe de vis ta pa ra apreciar. s ob as ag uas, as os fres guardado– ra s dos tesouro s cobi çados. J oven . fo rt e e rn ro nil, cons ide- rava as ondas seu proprio elemen– to e. quando, navalha ã boca, na– dava entre duas aguas. era o mes– mo que um triião. audaz e vence– dcr. X X X Mas, Radamata não era feli ~: Não era feliz desde o dia em que pela primeira vez encontrou em se u caminho Susila, a bela filh A do comerciante mais rico de M~ nat1 r, o singa lez . Devala, possuidor da mais. opulenta coleção de pero. las que homem algum tivesse na terra. Radamata enlouqueceu de amo r, desde que os olhos se lhe refleti– ram nas escuras pupilas de Sus ila que. por sua vez, não foi alheia • ao que por ela senlira o joven indio. • E começaram ambos ª• amar-se ternamente, mas, o pai da peque– na consti tuiu-se o mais invencivel obslaculo aos namorados, que não podiam conseguir com sua união, a mai o r ventura da sua vida. Davala impoz como condição que o homem que aspirasse á mão de s ua filha Susila linha de lhe oferecer a ma is bela e maior pe– lora negra que olhos humanos hou– vessem contemplado, e, desde en– tão, Ramada viu morla loda a sua a legri a pois que todas as sua\ intrepidas tentativas de roubar ao mar o tesouro exigido pelo pai de sua amada lhe resulfa•rnm infruti– feras. lnuli l era que Ramada ta ofere-– cesse frequenlemenle ao come rcian– te Devala formosas perolas de fi. níss imo oriente, arrancadas das entranhas oceanicas. Ele rrpelia-as sempre, e dizia sempre: • - Só a pe ro la negra exigida !e dará a mão de Susila 1 X X X • Nem as s uplicas, nem as lagri– mas de Susila , nem os reiterados o fer ec imentos de Ramodala como– viam o endurecido coração do co– mercia nte. qu e, dia a dia , se man– tinh a md is infl exive l no c umprimen– to da s ua dec isão. O desa len to e o desespero apo- • ., Vi , .. 1. , . • • • • • • '\: \'. "

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