Pará Ilustrado - Junho 1942
• • • .. . . ' . • • • d0 menino Abel; essa obsessão 11 acomp11nh11 o dia lodn, por m11is que trabalhe, paroJ aturdir-se. e ag noites se lransforn11:1 em umi:i dolo– rosa tortura. Luiza Brnndés não demonstra idllde delerminada; tem um11 ex– pressão ambigua em relação com seus cabelos incolores, e dir-se-ia ai<; que seus olhos perderam aque– la diafolieidade verde de longinquo horizonte marinho. Em Luiza Bran– dés a o'bsessão do menino Abel foi tecendo um labirinto , do qual nunca mais poderá sair. Jamei s refletiu na origem daquela ternura. que a invadia sc:mpre que anle seus olhos se apreseniava a si– lhueta . de Abe l. ou quando ele lhe dirigia a palavra com s u& voz suave e harmoniosa. Mas chegou, ofinal, ·,., dia · em que a revelaçéo fez o \'.o ração ,fo Luiza Brandés palpila r de modo singular. A dona da ca5a , como . de cos tume. deu-lhe nesso !arde uma lista p_a ra a compra de gu,e– ros para . o jantar, mas obser vo u– lhe que • esle era t'xtraordíni,r io porque eslava convidada ne!<-.'!d noite a noiv'.i de Abel. Luiza Bran"dés filou-a ::om olhos esbogalhados· de assombro comÇ> ante- uin perigo uni'camente visi vel para ela. e ficou de P,é. lorcendo . nõs mãos o ,ayenlal ele Lr'm. -Como , Luizo 1• • • J\ lii0 ficas alegre ? . . Não dize$ · .coisa al- guma? ... . •. E ela, mau grndo a ·.~ angus– tie sufocante e doloros~ : - Sim. senhora . .. Como é lin– do 1••• Como é lindo. senhora 1••• E. retirou-se para a cozinha. a continuar os seus afaures . Mo– mentos depois it dona da ca~a s urpreendeu-a com os olhos aver– melhados. - Oue é que tens , Luiza? ... E ela , como surpreendida con– s igo mesma, he silonfe. afirmou : - Nada , senhora ! . . . E.' a ce– bola que me irrita os olho!J 1•.• olhos profundos ce úm modo que torturava as carnes de Luiza Bran– dés . . Ouviu a dona da casa . re– ferindo-se a ela, que andava em silencio servindo os convidados. dizer á noiva : -Sim, é como se fosse de fa. milia . . . E varias outras expressões. iso– ladas. que o cerebro percebia truncadas e desalinhavadas, como se fosse o eco de um dialogo muito distante. - foi uma · especie de ama seca de Abel . , . Sempre leve o rosto .9ssim . . . Pobre · Luiza, e é liio • :.= boa l ... ·:-· Não compreendia claramente o · sentido dessas _expressões de pie- +- Pedimos aos nossr;s amo– $ ' ; veis colaborndores que en– . viem os seus , trabalhos da– ·. filogrofodos ou em coligrafio :egivel. afim, de evitar ~ejom ·'compostos com erros, tiran– do, uila dos veses, o be– lçza .de suas produções, de– 'vi<lo o incompreensibilidade dos originais manuscritos. I ;' emoçãÔ agora não lhe c alguma. Olhava se, suai para 05 faro cs. luminqsos n!'l nbile _- _ e repen\e . • cm seu cer~bro,:•<1~ 1 1ii modo: ~-w-e' lhe causou · umq. r. p.ur ,genle. sur– giu a recordaçã,;Q~, d,' . · o boneca de pano . . . Oúe ignota ar- rancou-lhe do fo do . ~ a- ~o morlo ~·· espeta' . · doloro\~~ boneca .·suicido, n'b rego do quin– fal ? . . . Novamente tornou Luiia Brandés a viver a Mg°ústia 1 infa ~ ~ 1, ,,., 1 t '"' . ,, ; 1 ,.,p1Hnen e ornou, a \ler• ff\•\ U• · eia de garolosJ gr~lando' ' a l~ré~ . • mente alraz do nõbre A•• boi1e\.: a·_ :m-r.as! ad -pe la cor;en E sém : dar · por isso, Lui?ie · dês mertu.lhou o rosto •-~~ as mãos e começou a çh9"i'tfr"' suave- . mente . : . ·• · .._: x, x . · \t Aquelo :Jius ia não ei;a ludo' · quanto Lúlza ·Br:rndés linha de so~rer. . Pouco tempo ~ ·,1,.:,;.'}~ soube que Abel ia casar-se_ . •i •oi enlão•l que compreendeu. e· U, !1 • ti•inuto, • ' Ioda ·.a lraged,o .da · !Uia,.: ídá obs– -curo : foi essa a uníca irt:Õns,lan! cié em que, ante uma noticia lila-. da e pela senl}ora, ' 1100 ~xclamou: ,Como é !iodo t. Uma oh;e'~_s·ão ongu. tiosa absor- . \·cu-l he pen..~•nc!nlos e alívidades.,. , •<t'Dui-~1 ' se-n;iç_o , f.ca ,· ç~h:aida, · · · ..senlpda nos éantos'. " l)1 o .olhnr dranfe ~ . Qúálldó o inatividade • r. ' J ' t d nsi a provoc.'I . . a.Jttpmen os e • inl""nsa 'd~ . ~ - li: pénsava na ' r infamJp : na· -:n, . 1~·-.Abel. nas dade . Pareceu-lhe enlão que os ,p.lhos negros e profundos da noi– ::'va adquiriam uma expressão iro– ':J;_ic11 . quasi perversa. como quonôo ,A.-·· meninas d_i,,,_,vizinhapça - suas énligas compdAbeiras de infancia- iziam-lhe : .Que é que queres? : .. ,Com a cara que tens não podes ·-ser a •senho rita• 1 ~ o i:nbartas' ~ :meninas da nhança .. ," f#' fi 'ft.l.et ,_lara ai alegria nb , ·· r do~ Uma. unr~ ·.·• · \ . .:ii"~· ago~~ ~~ '?~~W" ,. virhiae - : lks, ·· ~· A do1t.á~_tfã c·asa fõra boa ·:para ela: Abel. quando •era criança. es– timava-a , mas quanco fie~ hornem ela tornou-se para' lj:- -~~ ofso• na casa ; uma coisa~ .CQffl ·fuóYÍll\Cn• los auto o · os. 1 deslinad~ •:~is . ·~ao • Nessa noite Luiza Brandés ser– viu a inesa cm um .estado de semi– inco ncienéia dolprosa . Apenas seus olhos tinham uma fi'xidez estranha e hos til pa ra aqúela mulherzinha franzina. de cabelos castanhos, que sorria para Abel. da noite de seus A' noile. qu<'lndo os convidados se retiraram e a dona da casa foi dormir. Luiza Brandés subiu ao aposento do sobrado. Era alta noite e no sombra havia uma tran– quilidade contagiosa. Luiza Bran– dé.!- senlou,se perto da janela . e voltou os olhos para o caes cheio de trevas e de pupilas sangrentas. Aquele espeldculo, que a atraia na infancia como uma maravilha , sair , do su o ila , cumprir ll~ ·sqaA ~ _ obrigaç e '. o , ar um reduzidô:;, \ ·· logar. Ouem e ocupara. inteiramente o coração? novamente surgia a a pagimJ J "I) ♦♦OC)bOOt>OótJõi? [:) rn m [Il a (D [1 [D © [Jl @ [i] (F (D [iI) <SooooooooooõôOQQ~(lgg m rn íl m rn looor:-ogóg"'g:°º:ºº(i)º,o I A1ttrn ele Culonio. Ei~ttalti , fir1lltnnti11a. , Lil.. , S&buudu. Lb~Õ< . , Do 111 f1Rrrl dl'nlt'!i, T b leo dr tm,1111,ba. Dó dr iHroz, Pr', de g 1. 1 ,·v,. nutuo •º Cui'!~r 1 a,s, .13 sa~iío . T ttkn e mt1\11 ttrl!gu11 do 101110 ~n , 1 " ru11 M dt Perfumaria . 800000000 MOOOOOOOô PARA' bRA t llL, I _ 4 · PARA' ILUSTRADO 20~- 6 - 1042
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