Pará Ilustrado - Junho 1942

~-·~ \ - ', .. ~-"' . .... • (Por infermetlio do represenfanfe do .1 I ·. PARA' ILUSTRADO no Rio de Janeiro) :Ji J )t . · • A lrodição acordo de "ma nsinho :ó . sono ., - . .•.· g ostoso e bom dos p ,·egocs d. ci-.lode de • • Bele m. Eles r-,cordom que é ,;espe:' ~' de S ã o " '-- • João. E" preci!>o ir ã b eiro éla •.o;_iJroia. o , .. V . ~ _ ~ . cr-o- pe~o e com 1 , rttr J ...>s cabüt:O~-c ,,noe •- '-• -:,...._ºr9; tu l11 o h erv11 . fullio. P"U c ,,,ó. c o:,ca, -· f . r ·r õV~ o_u rt11z do terra põrl1 ! 1r -1~rtt'.¾er I\H ci- - doJe n t0Jt1 o ge nle ·que ocred,to no sorli– liegio do b Jnlto d 11 me io-noite segu ndo rez11 o cn::nço do jJovo: • · ,L é por ~s~ ue rtll ves pera de São <# J.piio. l3e lem ~nte que .• ~e rc,vi ve 111 -~ t ~s lrádi<;Ões s boo~ ,qut! povoom . ~ inge nu " · d eg 111oginoção simples 'f-, e puro e 1101· , n vel de. uo ~ente - retroto -.t d': herunc;a~_,_ncl genos :l'"ºs e oíriconos .. . . _ _ D e ,L, <I 111.,Jrngn. li:1 vozes doces e lip,cos " end,._· de: omovios e perfumes as ruo~. lorg_.,. e c ~e.irs d.i sol. os ovenid<>s c loris~im ,; · de 111,c: os f :,uburbi,,s d e ris os o_legres e Ít'5l~j0g -~tirro ~ I~ de olmos -d~•mples e ?brns do e,!~ de 5 ;;,io,. M11ria .º G,ao p,, ô . ~ ::_~' ' -theiro-cheiros~ I' - : che, ro-cheiroso !, ( • ~- . _ tlia v m· J,~a,s festeiro porq11~ 11legre5 d ~~eíras s i\o todos os vozes que brotom. eixondo no "r \, ~o de seu estribilho de _5 4 6 ,musi't:a, o ·111.~._a que eles criaram paro o pre~ . • sup mercadoria. · _ Ho rilimo de sombo. de batuque. de •con• r::d 9u de modinha pufo_ircl'o~allando. bro- . ? d a _:h<><:a dos p,teióe!! e no or se mtslurondo com a olgaziirr dos p11ss1iros no/umu)fo, festivo do manhã de .'-ão João. M· umullo 'de fes ta11 ! T u,.ulfo de vozes 1 d 15 \~ros de rooç!ls ! Ropsodio de trovas e escontes. de ritmo e rimos ! º"\ d e -:-Eh_ vem o moleque da cobeço seco, ~dm1~11 ltstr11d11 que deixou.de apregoar 0 _ cus-cus de milho verde e II lopioco com ítc.o, 0 trevo roxo e o pou de A ngolo - der_vos que serv1,m poro o prepora do tro- ictonal banho que afugenfo lodos ós ozo– :es e lllroi bononço, fdicidade . di 11 heiro e d~or.d ~le passa lodo bamboleonle e socu– l O eixado 'no o r de mistura com O éco 0 egre de s uo voz o melodio gostoso do ~eu pregão todo i1'lpregnod11 de cheiro for– ~ ç.l~agem e . f, esco das hervos, dos pou!t. das ro,zes e d a s cascas que vende. , leso atroz de· si vem o neg rc:;° que puxo • ~ 0 pra Jorge , Covi,lciro reol em noites Oe to 1 , ,,de lt>mbor de minas que bate o boloco-baco_ no ferreiro de S11tiro de Bor– ras q 11.- do,is11 nos f,s lns de Uhossa n - oprc~oando num rilmo J e toudn e botuq11e : •Ü 1 o cheiro-chei roso eu levo nqu i prá vendê pro minha-sinhá I• Pnsso o homl" m dó Norde~le que vei u e111 bu!lco do oi • o n gro q ue cxplod,o Jo vi,ntre Vt'rde do A me1zon 10 em pc pilos como so11ho é 111iroge:n do EIJ orodo e acobou li,ond o !l<·m o oiro ,_. se ll' 11 ilusão. virando J., co, lndo r de bar adw " vendedor Je qu inqu1llw1 ws e b u~1 ng11ng<1s . . . Posso o ge11olo emp1n11dor de papogaio, jngodor de pdcco e pincho opregoanJo o mt:loJ,a de seu pregiio, s imples, inJenuo e boa con,o ele, c omo suo alma, como s ua terra. Dentro d11 molJ11r11 típico do din ·- desfi– lam e po,,iom como imagens on,modos d11 c,d11de todos os "endeJores dc che iro, .:hei- 10 J,, terra . A cidade cuidou de orre mafor e comofar tod ,5 as herv11s paro o prep1tro do banho de c heiro do meio-noite quando o Santo Joiio desce do céu poro Denzer os vosilh me~. sr:ii11ndo a 111irm11çiio do ge nte cren,lcira do volc omozonico. e Agoro são os devo(os e •cheiros• do Santo que cuidom da noite mais popujar do terra . A fogueira é o pri meiro brado dos ex– pansõ es e dos jubilas no noite ele São João. O povo rc,cord " no ferro lodo II doçura, enco11l0, P"""'º e !,rismo do ori11ein do fo– gueiro d 411 ~ nos f11 l11 com acendrado amor Afon~o L\1·i11os em s •u mMovill,oso ,Lendas e tra dições brt1sileirns•. Em (odas as porlos h., uni devoto .-lo Sonfo pondo fogo no fogueira que armou em frente de suu cost1 . Em todo o' b11irro ha um ,J iio• que pulo fog ueiro, ft1 z pMenk,co·. conflrmn o rorentesco do ono onlerior conviclo do trn– d,ção que reino n o 11l ma do povo. 0 São João disse São Pedro -conft ma u. Oue nós hoviuro c>s de ser compt1dres O e Jesus Cristo 111<1ndou !, E deniro d" t1! :=gri1:1 inqui,·to e b11li,osa do noile -- o genl< recordu ul rovb da poe- GENTIL PUGET sio e do encont~ dos s ork• oqu ilp que bindo é segredo 1•11 vida. e q ue n<>•ce sem– pre entre umo trov11, unrn chula uo umo modinh" qu.: so ltem ou quenles e bulicosos ou lernos e lnngoros<>s dns cordas dos vfo– lt1s. dos violões e dos covo4uin!,os seres- !eiras . . . (E quem nc55o no te não senfe o ílor langu do, te, no, 1nién1111. n111orovel da poesia brotar como p~, Íu1Je denli o de sua alma?) f:m tudo p11 ir11 umo nlegrin e unia c1•10- c;ito, um..i an,ia t u II dese jo, um sonho e uma esperonç11 no i11 fm1l0 azul do ceu e no luc ilor dos 115!1 o• e dus e~I clõs - no murmurio tenue tl ,s folho, e no su~surrnr dt1s aguos dos r,os - na l1m1~dulo "iv11 e berrante das fo~ue,rM ll crepitar e no os– censõo ÍURuz dos b<1lõ~s. que sobem tontos de chama e clnridnde - no ponfeio molen– go dt1s violos 'JUC ~em~n, na 4uentur11 doce e gosfosa dos mod,n has que ,nllam de im– proviso dt1 boco <lo_. ca boclos ci,ntodorc~ - • nn prece muda d,)s que 01110111 ncst11 1101le como no sonhu do,e e eterno dos q ue ~e conheceram ó be1r<1 dt1, loque1ros - n~ tilegno inqenuo . 'el1z e boa · da, crianc,-115 que dese jnm wr o Santo de5cer do cen e no olhar q11osi 111>ogado daqueles que cnve– lne, crom com o le,npo .. , De fonae. o v,nlo lroz num eco ~urdo d.: batuque e loodn do birn;,b,á qu ~ dons11 e conl<> no curruol dum arrobolde da ci– d!lde: t o •Estrelo d"Alvo• que brinco com o sun ge nte ne,so noite de festas, dt lendas e trnd ições. O omo do. bumbá 11c~dila que o Sunto Joib nessa encnntodoro iroife dor– me o fem po todo oec,lrntodo pelo promessa de Noss11 S enho --o de que o meio noite elo o ocord.,ró ollm de ver a suo noite "~ ler– r,1. i->or i,so o bumbó c11nto e don5n em surd1110, Ele niio quer que o eco J e su11 Ir~''" ou o rilmo d~ um .1 conligo cheque ale oo <eu e Jesperte o So11linho que dor– me o le111po lodo .. . ,Ele não Mbc: que seu dia í:. hoje êh !, O bumbó ct•nli nu,i contando. E' a va- queiro que vem e diz ; · Meu 111110 eslã me chomondo .omô não sei pora que serã ... E' o orno que retorqnio com esto: ,Cl11co firo lingo. Chico l,ro linguo, Chico tiro li ugu11, S, tu quê !,rã!, O cõ o em rilmo e cadc •A foco ló cego, o foca ló cego, a fo a ló cego, não quer codã !> E Jurante o lempo ·tqdo - o buinbá dons11, solta , pulo. espil\o le,o, samb,,, a>1in– ç11, r•11v1> diontec dos pc, sont1grns que sol– tom quadras e trovM oo som de melodi as quentes e lõngurosos. ,E,trtl'-' d' Alva, vi.oi dansar no cucral do , Boi Brilhante • ! 11fi rm11 um dtvoto do 5011!0 clepois do banho de cheiro da mei a. noite. Nes!!õ . noi le, cm lodo o arrt1b , Ide ou subu•b,o h<> 1,m lar&o todo ~nfe1todo com bondc1r11s e b11 ndeirol<>s. bu, r1:1cM e btirtà– qui~1 os carn, de . sortes e de comidM on~e qualquer bumba II c-onv1te do dono da fe:1111 vem e dons11 u 1hi11do ~ungente Noutro lc111po todos o!Í bumbi;s no~ noi– tes de S~nto _Anlo n10, Siio João e Sõo P,dro so,am o ruo afim de donsar nos MS de fomili~s onJe os do nos Jo e cl?– I <l . • . or, oo 1ov1am posst1 o 1ngre~so, p11rt1 e~ibir seu boi. Dq,oi, veio II civ li~nç~o e ex·,ul,ou do c,dode lodos 05 cordões de b11 1111 ã -A lta– d,ção des5as noites cheios . de tendos . de poesi11 e encontamenfo fo , paror nos arra– balde5 e nos sururbios onde o povo ainda crê nas sorks e nos bonitos de cheiro na 5 lenda~ que se contam do S11nlo. nos his– lori115 •que ouviu 11 'proposito cJ;j Nos., 0 Se– nhora com Sonlo lzabel. bltr~la d'Alv11 já brilha no ceu e no curral ,Poi do Campo, ainda dans11 pro d1Slriur 511a gente ... Rio de Janeiro. junho de 1942. • •

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