Pará Ilustrado - Junho 1942

.. \ ~>\¼inha visi:~~ ao lado, que é ·moça, nova e ºsimpalica , senle-se t1gora muilo feliz . Eslã Ião conlen– le comsigo e com os oulros, que ~ (mou um amplo sorriso de . . ~1.,-ade humanH com que obse– ,. , · "~--ti : quia a Ioda· genle. Não é mais ·"'• .,_ 1 A ... ~que la. vi~i.nha aborrecida de a n!i– • ·_. gameitr. que lodo mundo xingava " mm ess~~ n.ome;:.i nhos feios. Não. -. lv,.rih"' vis(.,;1c, ~ão. lem mais aque– . • ~-~~a carinl~a de.sfale_fida de penilenle, clh<., :,, "íf" nl-. )S 0.rudados no chão, . ~ ·pas_suncto P<;H' jOulo da genle ~em ,-,. c. folar '="': ninguem. Não si: sab·é porque a moça da • 1 mm~1a rua era ossim. Não havia d1:,,..onfiança de- nada, não se po– dia afinar porque foss.e. A verdade d ·'. !~do é que ela viv ia sempre cc,.laaa, sempre sozinha, sem ami- --'• gas ~e'!' na?ª · Oueslão de nttri. u• ro nao pod,~ ser. minha visinha nunca foi visla conversando com nomorado Aquilo tnlicava com o • ~ssoal. Velho Cirilo . que m·óra logo adiante. que. eslã se "-P r e cheio de !dosofia e sarro de ca– chimbo, velho Cirilo que é desses \'cl hos deleslaveis que ainda olham prii.'! coisas fuleis do mundo e de- __,j}ois d izem com 1ir de pro.funda ~ - comiseração : Esta mocidade- de hoje 1 - velho Cirilo resmui;igava • conlra aquela situação. Não p.odia suportar•· aquilo de u'a -moço ca– lada. sempre de cara enfarruscada como se eslivesse pora haver qui- .._.. zrlia grossa. .. ,. Velho Cirilo não se conformava. ~-Estrilava: • - Ouais, m i n h a gente I Essa menina 1-em veia. E' .' !em veia prã coisa ruim . Eu nã-0 era da opinião do velho -:irilc. Achava mesmo que velho Cirilo era um falador que não li– nha razão prii criticar. R a z ã o nenhuma. Mesmo porque, por len. drncia , eu gostava de ver a lris– lern da minha visinha. Era uma li:isleza calma e socegada, de ge– nro bom. uma tristeza que lhe fi. cava bem , que alé me smo lhe con– vinha . Não sei dizer porque, mas acho mesmo que convinha . Agora sucede que t1 moço de sem– b lante lrisle e sofredor da minha rua mudou por completo. Mudou. já sobe s orrir, mostra as duas co– vinhas que tem no rosto . fiquei admirado quando vi o aconleci– menlo , ti ve d e me convencer por– que da mudou me s m o . Não é - 20 - 6 1942 absoluh~rnenle aquela mocllmbuzia de ou lro tempo. de olhar atraves– sado .:orno desejando mal aos ou– tros. Até Parece que a alegria irra– dianle que 8 minha visinha agora oslenlíl . transformou o proprio as– pecto du minha rua . T anlo que eu, que ando alualmenle com a ma– nia d<>s conlogios , sou capaz de jurar que a minha rua não é mais aqueltl rua velh{I e abandonada. cheie. de lama e mão cheiro . E' que a minha velha rut1 se conla– giou do lirismo interior da minha visinha e ficou como se fosse uma rua nolovel. uma rua novinha em folha feita para u'a manhã brilhar.– te de fesla nacional. Agora. quando a noite chega, minh!i , Í3inha lambem chega na porltt, bola a auslriaca na calça– dinh11 prã sentar . firn uma porção de tempo ali, olhando as coisos. vendo a lua se encaminhando pa– cienfemenle pelo ceu . Seu vestido branco. feilo de simplicidt1de . lim– po e engomado , é u' a mancha ela-· ra que se desvenda aos olhos do gente . Rilinha sorri pros que pas– sam . a situação de Rilrnha eslã muilo melhorada agora. Senta-se eslr.,nhamenle feliz . Rilinho ucha mesmo que a feliciJade é coisa bHn1la , que a felicidaàe está ao alcance de qualquer mão . Ao olcance da mão de Rilinha . Dos desejos si11gelos de Rilinha . A noite sobe pelo ceu. Está fi. cando farde. a ca lma d a noite põe urn socego imen so na rua inteira. de ponta a ponla . A visinhança se recolhe . Casas se fecham. lu zes 3e apagam . Distante . ao piano . al~uem modu la monoto namente um estudo prir1cipianle <le Czerny . Dona E m i I i o n a passa . Dona Emi liana é o l'po da mulat a es– landar prá po rt uguês, mul altt boc is- PARA' ILUSTRADO .. la. Ioda cheia de séstros . No qua,·– teirão se diz e . ve lho C irilo con– firma . que seu Ernesto. o luso do botequim, anda ·rondando a mula– taria cheirosa de Dona Emiliana. Velho Cirilo é oraculo do quar– teirão. Dona Emiliana passa . - Alôpis , Rilinha . - diz ela re– quebrando os sobejos das ancas de m u Ia Ia pura . - Preciando a . noite . hein? Fois bem. fois bem. Rilinha se le\'onla . le vanta. sorri carinhosamente pra Duna Emiliana. Vai se recolher. o sono já peza– lhe · nas palpebras. Em frente o noivo de Eulina sái. se despede na poria. Cç,chicham juntinhos, na penumbra eicolhedora do bolente. E.le beij~ Eulina todinha . Nos olhos. no boca. no colo. nas longas tran– ças louras de Eulina . Velho Cirilo. sentado no seu banquinho , pila o sarrenlo laciuarí. O oraculo do quarteirão resmunga contra a palifaria do norvo de Eu– lina: Esta mocidade de hoje 1 l'm relogio de varanda . cançado. sol!eja dez badaladas . Velho Ciri– lo se recolhe para o seu barraco. Lã dentro, na pobreza mis eravel da sala. pinga a luz _maria de u·a lam– parina. sombreando antigos lraeles empoeirados que parecem . na e– numbra. iuofensivos fonlasmas ador– mecidos. A noite ficou mais calma . mais solilaria . O piano. distante , se calou. Silenciosamente, os posles de iluminação mar e a m espaços ao longo da minha rua . «Sintonia» Do representante nesta ca– pital recebemos o ultimo nu– mero de « Sinloni~ •. revis t ·a que se publica regularmente em · Mbnáos. sendo o seu diretor e proprie~ario o dr. Rigoberlo Cosia. .. S intonia . está bem ilustra– da. sendo esse numero con– sagrado ao Congresso Euca- • rislico Diocesano de Manáos. ........ •·• ........ DOR? - 15 • • -- • '

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0