Pará Ilustrado - Fevereiro 1942 n.105

. (' ,, < ,~•-.· -. ' . . - . . .. . . ... . •• . .. . . _:_!!' você. Cirila? • • : • . Cirila . 11,11m natural estado de \ .T- E t E f O l'I (Confiáuação da pagina 4) !efonisla, com cerleza acabará con– cordando . recido. Rcsoivi então lelefone.r-l he. •• • • in'1uieléi_~o. não sabia explicar se -Deixe em paz a lelcfonisla. Ci rila cerro u o sobrecenho. -Porque para mim se eu não • · >, · .·• ,.,lava al~gre ou abórrecid~. • .·, • •• -O senhor não faz •oulrc! coisa · ·, ~ - l:'não dizer•tolices, muitas tolices . • • . e não ê, pelo menos parece um (.. · P,~dei~o ou o vendeiro da esquina . · ·• Êu éOU velha, lenho lrinla e cinco • ÍI • anos, e não consinto que me !rale fr" ~ por • você• . ,;.. \- A vc,i:' soltou uma risada. ~ / ~Os padeiros e os vendeiros ~ • não costumam exprimir pelo lelr– . fone as suas emoções. Tenho qua– l renla. e dois anos e continuarei trntando-a por •você, , Chamar- lhe-e.iº de Cirila, de C~ilia, sim-' 1 •• p esmenle : ouviu? E posso falar- lhe em confidencia ? Posso ? -fale: pode falar . -Ouça. enlão : eu me sinto só. .s'ozinh.o no mund~. e eis o motivo •· · por que eslou gostando desta nos– f :a converse . • . Cirila lom~u urna a!ilude grave . - Maior i\olam'e~que o meu não pódt: have\- r murou · ela. "vivo só, intc.rafnen só, numa 1 muito grandl' E ey sozinho, mui lo sozinho. numa pe,J.i'são muilo insípida. feliz– e~~e. ~ amanhã para fóra . ' Seg~e? '°' dqt1ir~ a voz dei m tom de ife,~nça, e.•o moço, n !ando-lhe da nça , oBlt'f'ITfkr~u : -N o me fale assi eu fosse ·nlriramenle -Ora e~sa I O sen meri'le estranho. Ha muilo tempo que a senhora vive na minha imaginação. Sigo amanhã para Mangaraliba. Vou a uma pescaria. Quer que lhe man– de ·de lã um peixe? --Se pescar algum .. . E sentiu-se Cirila repenliname;i– !e envelhecida. âo mesmo tempo que se julgava indiscrela . Sua ex– lrema soliàão a obrigava a aceitar um •flirl, pelo' telefone, com um ra paz que a lom;ra por uma irre;;– ponsavel. Ião irre!!pons avel qaan!o ele. Era tempo de -acabar com isso , - I~felizmen!e - fa lou a voz - eu lhe não posso telefonar de lá . -Não; de eerlo que não. Quei- ra ler a bondade de desligar. · Por que molivo ficou .receiosa · de ler ofendido ao estranho ? Sen– tiu-se lambem envergonhada de si mesma? Avenlurar-se-iam as outras moças da sua idade a um namoro como este? - Oes ligl'lr? Assumiu um lóm grave. o conheço? -Eis aqui o romance I Encon– lre.i-a por acaso e, encontrando-a. encontrei uma mulher angelica, di'– vina. a mulher dos meus sonhos. E ao cabo de um curie silencio : --Você está aí. Cirila? -Estou - respondeu ela. Seus labios !remiam. -Boa noite. Cirila . Que Deus le proteja! -Boa noite . .. Cirila poz o fone no gancho e cob ri:.i o rosto com as duas mãos. A sala parecia · ler mergu lhado num silencio ainda maior. • -Um namoro! Que leviandade · ~- .,. . minha ! •- exclamou de si para s!. E censurou-se a si propria: -Uma mulher de trinta e cinco anos. uma quarentona . não !em o direito de dar ouvidos él um .al– mofadinha, da maneira por que dei . No entanto. el e a chamara de Cirila, simpiesn1en(e, e lhe dissera • com muita sinceridade : .Que Deus le proteja•. • Ela encaminhou-se paré1 o quar- to e ali ficou por alguns instanles em frente ao espelho. analisando as suas feições . O espelho refletia uma cabeça loura com poucos fios de cabelo branco e um roslo gra– cioso, sem a menor ruga. um ros- to que muitas moças invejariam. Parecia muito joven , mais joven -Não: eu não lhe ' sou eslra– Jho, já nos , conhecemos, pois ha kintc tempo que conversamos : -Ainda bem que eiz isso . A' -Para que desligar? Dor que não consente que se prolongue por mais tempo a nossa conversél? Dara que malar assim, impiedosa– mente, um romance? Ha Ião pÓuco romance na vida real! Nunca na minha vida live um igual a esle. Ouça: · eu preciso falar-lhe uma confidencia . f al apenas uma sema– na que cheguei de fora , do Norle. Ha dez an9s que me acháva ausan– !e do Rio. onde não conheço mais ninguem. E hoje, querendo dislrair– me um pouco . fui a um cinema, Entrei. mas saí logo. Eslava abor- do que realmente era. Enlrelonlo, aos seus proprios o lhos. ac hava-se feia, sem alralivo algum, e velha. velha de mais para possui-los. • • Mts não era Ião velha assi;, (ConfinútJ ntJ ptJginlJ 57} ,9.llllllllllllllllllllllllllllUllnUlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllnlllllllllHIHllllíllllllllltllllllllll~IIIIIIIIIIIIIIII ~~. IIIIUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIO § 8V ííl ílS RBCíl DílS Díl GR pg • lo11 i cmt.do -rns com VINHO FIALHO, reronsliluinle de poderosa ar8o em to · 1 .. s 1 . 1 • '\ Uu llS C0 11Vb ecenças. f.s limúla metodicamente o cerebro e pr·ev1ne o esgolamenlo fí s ico (:ir:J[}][:JflCDr:lfíl 1 11(:)!;itJ Albino Fialho & Cia. si ª § ª § ª r ·I , • • • Praça da Republica, 43 ª Pará -· Selem :a · • lllllllllllllllllll2:i!S!!:i81!'~~•11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111u111u1111111111111U1~ llllllllllllll1:tllllllllll111llllllllllllllllllllllllllUIIIIIJWIIIIIIUIIIIIIIIIJIIIIIIIII 28 - 2 - 1942 PARA' ILUSTRADO _ 55 - • • • • • l ~ ) ... • ( .

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