Pará Ilustrado - Fevereiro 1942 n.105

• • • . , : . / ... ., ~ó. seg~iam. Volf?u a cabeça, _ as-– .-- ~:.,uslado, e .,. viu que · era T1lan . · Er_él. um• cão .cOl"pulenlo, que. .reun.ia o9s caraclerislicos dt> varias . ;a.ças. · Eai sua enorme. cab~ça. _. · brilhavam dois olhos azu~t hu– m"idos , mansos~ que denunciavam • ,._·,.. • • slu• • ~raler afetuoso , Seguia Mi– ' • gijt!l a dez passos, lranqtJiltimerite. • · · • • Logo oue ~ ass/lssino parou, • /' t'nrr~er o_u-se· para lhe lamber ps pés; _ .. . · fy\iguel deu um sallo. irri lado , , -( ontra o -animal importuno e, apar- · \ • !ando do chão um pau. poz-se em guarda : . -Passa . .Tilan, passa fóra ! Mas !> animal não se moveu , _, Ali ficou, ol}lando-o fixamente com • séus olho5: ~z11es: Miguel ergu eu a mf> : l'l~m ·•,geslq_9 meaçador , mas o • a111ma .?'c'ontjnuàu imoveL Espan– cou-o ~ • Ó·-: cão arrastou-se para seu · p6;. •e~ lilude humilde~ -Deii a-me , cão maldito 1- gri– lou ameaçador, mostrando o pau . Mas o cão parecia pregado ao '\ -_s'olo, Miguel aproveiw:iu o momen- to. · para recomeçar a caminhada. · - ._ ).Áp,:Jou · ~ pas.sof •~uasi a _correr. ~ .~~fl,n_do para Ir~ a .cada mslanle. : • -rece1oso de encontrar ,algu;m. ou ~ de que o cão • -segu~ E já • s ur, u , ler-se af'5I~ as!anle , , ai. quando eesle llie surgiu . fazendo -lhe ~stas. - +,P a saira , peste do diabo 1 5ão sentou-se. como espe- r . , Mi apanhou uma pedra .._ e a~ -lhe. acerta ndo no '!tiva, O · ~ an;rfl. de~ t'l'in salto e •e~inhou .-_ {_. ladr!t1 dcf ~té elf~ ~vo fázendo . . ,,_• <:, '('f~. Depois parou eltu a · ~ .),lha-lo lristementé, · • · - ,Ir-me embora ? - a ecia ,' ~· . • dizer-lhe. 0 Mas, se lá em asa já 'i nâ o lenho mais o dono I Tu o - ·tnala sle. D eixaste-me orfão e não con çço mai g ninguem senão lu . Hei I de acompa nhar-te. Não es,Pe- res que ie deixe. . . • - Pa ssa fóra , maldito 1 - ,Não te deixarei . E Ioda genle '·di,:á: , Olha , desde o dia • em que João fôi ~assassinado, o e ~(UU, • e:, • [I][Il). _(g[!](D [D(H _ma.mm~ m zzrn ~~ (Conlinuaçi o da pagina 8) cachorro não larga o ç1ssassino ,• Miguel começava ' a inquietar-se. Afligia-o o medo de ser ·visfo com aquele cão, o que .bastava para suporem que . vinha da casa do assassinado. " Esta idéa fe-lo perder ~a calma completamente. No seu e; pirito foi , ganhando vullo uma obscura e ate– moriza11te impressão diante claque- _ lt; cão ·que o seguia e não queria lar.ga -lo . Chegou a um ponto d~: caminho · onde começava um ca– navial. Atravessou-o correndo. sem– "pre seguido pelo _cão. A persegui– ção começava a transpor os limi– tes da retilidade, converlendo-se em pesad~lo . Vollou-se e outra vez · deu com os 'olhos do cão. filos azues. desmesuradamente abertos. Pensou então em mala-lo. Poz– se detraz de umas canas e empu- . ~e'2)~ dtJ. ~o.~ JOSé DA SILVA OLIV81RÁ S.CA. Casa Impor/adora e Exporfodora Rua João Alfredo n. 1 ( canfo do Lorgo de P11l11cio) PARÁ Leia PARA' ILUSTRADO. fflARCHAOT8 nhou a faca . A arma despertou– lhe no cerebro a cena do crime, o Jorro de sangue, a cara de cera . . . Ouiz vencer o terror que o su– focava. Senlou..se na relva, mas logo que o cão s·e chegou a ele. ranovaram-se lodos os seus ter– rores . Aqueles olhos azues . doces, !llansos, oqueles olhos de vilima . enlouqueciam-no. - ,Mataste o meu dono !- pa– reciam dizer. Não · le odeio por isso: mas, que ha de ser de mim sem' dono ? Mala-me lambem , . ,• O assassino sentia a fronte al– fofrada de ~uor. Teria querido• grilar e não lhe er_a· p'ossivel : leria– qmerido fugir, mas son.lia-se tolhi– do pelo olhar diab.?_lico do cão. · - •Mola-me ·- -piziam os olhos azues. Aqui léns meu pescoço : .. crava-lhe a faca , O sangue não jorrará. Cuidado . não sujes a rou– pa. Estou e·sperandõ a focado. Mas se não me malares. não te larga– rei. Serei a -sombra do meu do– no ... • Miguel quizera que à campina· estremecesse com mil grilos inau– ditos e estrondosos. Aquele sih:n– cio, aquela solidão majestosa. aqueles ·olhos azues que o fi~vam fixamente , aterrorizavam-no até . á loucura . Para os não ver , olhou . para o céo , a imensa cupula azul com reflexos dourados . Isto · aca– bou por enlouqu ec_e-lo . · _ De repente. soltoµ · uma garga-. lhada convu_lsa, eslridehte: ' Ao cair da larde.. alguns cam– ponios. de volta da faina diaria ouviram estranhas gargalhadas no canav·ial. A curiosidade. fe-los • aproximarem-se. encontrando ent ão Miguel a dar sallos desconformes e preso de um riso louco e incon– tido. , Junto dele. lranquilamanle deitado. esperando. eslava o cão de olhos azues. Trav. Frutuoso Guimarães n. 3 1.º andar ( • ft,Uf04, da, ~. ~~ End. Tel.: REGINA - Fone, 339 BeLem - PARA~ - BRASIL PARA' ILUSTRAfiô ' ' . . . - 53 - • •• : 1 .. • • • • • • • • I •I • ' ,. • • • . 't ~ '

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0