Pará Ilustrado - Fevereiro 1942 n.105

. \ • • • • • • , • . • . I' çou a tamborilar com os dedos no marmore da chaminé. Carlos fitou- ª· espantado. . -Mas, Ana - perguntou-lhe. que é que tens? · Ela não lhe re~pondeu. -Vamos, responde - insisl(u. Üuiz acaricia-la, ·e elá afastou-sé dele com um· gesto de enfado. O marido encolheu os ombros. Endireitou os P.~nho~ da camisa, e • dirigiu-se diretamente · á .mesa. Lã, na \ravessa de · louça, estavam ás alcachofras, cheirando a azeite e r1 vimigre, apelilosamenle apime11la- dàs, . . . . Carlos fez um gesto âe desagra– do, e- poz-se a corPer pedaços de pão. á. esper,a do segundo prato . Ana,' 'por sua vez. se11larn-se aparentemente tranquila, e puzera– se a sabor'ear com prazer as deli– ciosas alcachofras. Abriu-3e él por– ta .da sala de jarífar, e apélreceu a criada com uma travessa fumegante e chejrosa, · · • Carlos, ao ve-la. !ornou o· garfo, disposto a fazer as honras ao ' seu ape\ife, , mas quando viu enlre a cor. vermelha dos tomates o verde– negro das alcachofras;. rebentou , como uma bomba : · . .I . -Mas isto é. ~nloloravel 1 - ex– clamou : Islo não !em nome! A ,:-riad~. entrevendo ti lormenta, deixou o •prato sobre a mesa, e _saiu precipitadamente. . . O dr. Barrios levantou-se e poz– se a medir a grnndes passos a salél . de jélntar, Duas ou Ires vezes esteve a ponto de parar diante de Ana. • ·_q1,1e parecia deleitar-se com a sua .{ndignação e saboreavél, rnlma– menle. as alcachofras, mas conle– .ve-se. Afinal. quõndo já não pou– de mais, exclamou : I ~. íl -ílOTíl PílLS íl (Conlinuôçâo dô pôginô 17) . . -~im; faze-te de désente[Jdido ... Julgas que não lenho vergonha? Sou uma mulher decente. sabes? Como te atreveste então a fazer– me objeln de uma brincadeira de tal natureza? -Mas. por Deus. explica-te. De que se traia? -Inocente l Não sabes, talvez, que me désle uma nola falsa ? -Uma nolél falsa? -Não o sabes ! Como és in- gcnuo ! -Uma nota falsa? Estás louca, Ana? -Sim; uma nota de quinhentos mil réis. Oue vergonha, meu Deus, que vergonha l , .. E pensar ... -Mas ... - Cala-le, não me digas uma palavra. E eu que eslava Ião sa– lisfeila . . . Ah. és um mau ma– rido, Carlos, um mau marido! ... -Mas. Ana. não fiques assim, ni'io é parn lanlo. Em uma pala– vra : que te aconteceu? Se te dei uma nota de quinhentos mil rêis falsa, é simplesmente porque ma •••••••••••••••••• Estação de repouso Em GUARAMIRANGA. com um clima saudavel. 850 me– lros de altitude. a Pensão Sanlo Antonio, de d. Lili Nogueira, conslilue ·um ambiente propicio ás pessôas que queiram repousar. • • - Mas, afinal, queres explicar- 111& a significação de tudo isto? Trnlamenlo familiar, olimo passadio, e repouso absoluto . • • Ana filou-o com desdrm. qut- brou o seu silencio, e disse-lhe: - Estás falando comigo? - Não; com o papa, - Isto quer di zer que outra vez não zombarás de mim . - Mas nã o compreendo .. . Leia PARA' 1LUSTRADO a revista elegante da cidade # ... ·GUDRUUU s1moes - ••• • • • • • . • • deram lambem. Bem sabes que sou um homem um pouco cÍíslrai- . do em matería de dínhei 110. A culpa . do engano n~o •é unicarrv:n· le minha. pois lu lambem devias ler reparado. • -Então , não o sabiag ? - Dou-le minha palavra, An~~ •• que sou ino i enle. Fui tão engana- • . - • . ... . ' do corno lu, neste assu11lo. Além disso, não devias encarar com lanla rispidez um caso Ião insigni- • • • • ficante. • · . . -De modo que afirmas ·que não quizeste zombar de mim? - perguntou Ana, ainda duvidando. -Perfeilamenle. minha querrcta. Não devias duvidar um só m·o– rnenlo . Mas afi11al. perderam-se qu :11hcnlos mil réis? Está bem, dar-le-ei um conto ou dois, e aca– bou-se. Ana sorriu como se lhe ti~•ês- sem tirado um peso de cima, Realmenle. fõra uma lola ! Aborre- cer-se por uma coisa tão insigni- • • ficante. Todo o • mundo na loja · . sabia que- a esposa ~o dr. Bar- · · ; rios. um dos nomes ·m_jl i5 respeita- • • veis do Fôro e dt! pr~ a . era in– .. capaz de un,. alo •des~a natureza, . . Oue eslupid~z l. , . i, l~m disso, as allimas pala,.r~s • d~ Carlos soa– ram-lhe dq cemen!e ;os ouvidos . .. Dias anles. vira , uma loj i!, de rn o– dõs, umft maravilhosa pele de ra– posa, verdadeiramente maravi~ sa, e que cust ava upenas um con1Ó e • ' quinh~nlôs. ~ a baga tela .. As pazes eslav ft m feitas · Dois minutos · ~~Õr abriu-se a poria da sal~ de ja11tftf, e apa re– ceu a criada com oulro pr,alo fo• meganle. e'.àrlos filou-a com receio . - Alcachofras? - perg unt ou. -Não, meu querido - respon- deu .ª e5posa: são walinhos quf le reservara para ma is fard e : um prato de coe'"ttiinh os ,sa utés, , d a– queles de que fu gos tas tanto. Carlos respi ro u com a li vio, e empenhou o ga rf ô . . . "'): : BARTOLOMEU GALINDEZ • semPRe lffllTADO mAS nuncA IGUALADO ! • • -44 - PARA' :U,.USTRADO • •. 28 - 2 - 1942 • • . • • • •

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