Pará Ilustrado - Fevereiro 1942 n.105

• • . • • r • ... • • • • • • • • .• - , .. . • .. .. • • A • fflUSICA oe • • ' • oomes · Quem definiu? Que saibamos, nin– guem. Nem poderia. sê-lo de outra manei1·a. O gcnio não tem dl"finição, é "non plus ultra ! " Tentativas de critica surgiram á monumental obra mui;lcal de Carlos Gomes ; porem todas sem substancia; tudo vago, incapaz portanto de dimi– n1;1ir ou afetar siqucr a musica do ex– celso compositor patrício, ainda áque- . lc tempo pou! o conhecido no Brasil. Mas ªPfà'>ar da grita da Inveja, sou– be ele · 4fsobrigar-se dessa sublime missão, em tá\ rapida passagem pela vida objci iva, elevaiido, engrandecen– do, como a • utra nj.o fôra dado o nome • brasileiro ! • Sterne scntqpcia : "a morte abre a porta da fama e fecha a da Inveja " . Jtelativamente aplicando o pensa- . mento de Stcrne, a Ca rlos Gomes, ape- ::\:~:J:.ª morte, :: fechando" a porta ' .._Quanto á fama conquistara-a ele a ra5J:'os de tal~,!lio; po nto subsiste e subf lstirá atravessando seeulos, tal a sua ' inspiração eom extasiante multi– plicidade de eneanlos que não é dado a qualquer mortal critica-la, tal a grandiosidade com que si: apresenta de forma exuberantemente V,11\Plexa que não ha linguag~ capaz de expri– mir a essencla des; a musica. Estrutura, elegancla., " côr ", pureza de estilo, tudq quanto do genlo lhe viera; na terra nlnguem teria o po– der de lhe ministrar alem de harmo– nia e contratempo, .- Inspiração - • fonte perene que aflufa ao cerebro; escrevendo, sempre obediente aos ln– fluxos da natureza. Foi e ficou como um perdulario na sua maneira sincera de compor, não se encontrando sinal de pieguice em qualquer de suas melo– dias ou laivos de monotonia, sobretu– do no estilo Jlrlco, sua maior especla– Udade, sem hesitações ou falta de se– quencia, nos desdobramentos de pagi– na para pagina, nas "sinfonias", nos "concertantes", nos "duetos", nas "arlas", "romanzas", "coros". Como se vê, ele não enfraquece ou 25 _ 2 - 1942 • • • retem a opulencia de inspiração, emol– durada em riquíssimas orquestrações com o colorido forte, característica da musica sentindo a selva e vida brasi– leiras. Revelou-se um genlo da musica como por isso mesmo fôra um ingenuo;· nunca descera ao terreno do cruel ma– terialismo, comerciando, com as suas composições. Uma coisa estava in– compativel com a outra. O vil metal tão nccessarlo, quasi desaparecia, ante a riqueza espiritual, a sua Imaginação portentosa em constante assombra– mento desapercebido ,la materialida– de brutal que tudo esmaga, estiola como inimigo da fantasia. O Insigne maestro patriclo, na sua trajetorla artlstlca triunfal, teve que abrir luta com a acerrlma inimiga da arte, Infelizmente, lndlspensavel que tanto o torturava ... A ganancia das casas editoras, as exlgenclas dos libretistas ; traziam-no num circulo de ferro, uma atmosfera quasl lrrespiravel_que outro nã.o supor– taria. Carlos Gomes venceu, porem, todos os oblces com o brilho excepcio– nal da luz da estrela que o guiara na terra. Quanto mais sofria, tanto mais produzia; o sofrimento é um Incentivo inegualavel para Impulsionar, purifi– car, limpar a alma e coração dessa crosta de egolsmo que tanto entorpece a humanidade . . . O sofrimento é ger• minador de estlmulos novos, els a ra– zão taclta da musica do nosso grande patrício conter a Impregnação do Belo, quinta.essencla da Imaginação ! Empunhando o cetro da musica, honrara o Brasil. No entanto, lutou como um incom- PARA' ILUSTRADO • - • • -- . preendido._._. Os gcnios, a Providencia não os deixa muito tempo permanece– rem no mundo ob~etivo, le~-os para o seio dos céus. A humanidade é pe– quena para compreende-los .. . No momento em .que o voserlo dos aplausos reboavam no recinto do ex– tinto "Teatro Provisorio "~ .no •Rio de . . Janeiro, lá para as bandas do Campo da Aclamação, na noite da "premicre" da sua opera "J~ana de Flandrf's ·•, Francisco Ma.noel da Silva, glonoso autor do nosso empolgante Hino Na– cional, professor de Carlos Gomes, n– cebendo cumprimentos pelo rui,toso sucesso do engenho musical do seu dl- ,lfl' leto discípulo, respondera: "D1:ve a si e a Deus". Que melhor e mais judicioso elo- • glo ? ! . . . E' que Francisco Manoel ili– visara no aluno as facetas do gênio, • • • : - . . que mais tarde o imortalizara ante o • Universo inteiro ! E Incontestavelmente o insuperavel • maestro de ontem revive a nosso vêr m.aior, inofuscavelmente maior, :iluda nos dias da atuaJldade. As suas partiturad estão revivendo depois de estarem relegadas ao '!Sqne– clmento quasl criminoso, dos empre4l, rios de companhias liricns, mas quiz os bons fados que o empolgante "Gua– raná", o soberbo "Schiavo" e enterne– cedora "Maria Tudor" aparece sem ante a platéia doirada do "l\ltTnicl– pal ", com a execução confiada á gran– de orquestra e cantores de nomeada; tendo resultado dai terem deixado • aquelas primorosas partituras no am– biente do rico teatro, uma exaltação (Con/inúa na pagina 35) . • • \ . • . .. .... 23 •· ' • . . • o • • .. • • . . •

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