Pará Ilustrado - Agosto 1942 n.118

.. . • • • em um canlo on_de não chegavam os olhares do mendigo. ' -Sou eu senhoriia Henriqueta . Não acredita que eu a quero? A joven ruborizou-se. As · lag ri– mas evapÕraram -se-lhe ao calor das faces : Ela guardava. em ver– dade. uma lerna recordação do pobre morto na Ásia. falecido Ião lon ge dos seus. Mas. era moça e não podi a fi car para sempre só . sem algue·m qut> a acariciasse. lhe !ornasse as mãos ~ a 11masse. E Juslino, a mera voz. !ralava de· a con ve n~tr. -Desi.ré morreu. não ha duvi– da algurpa. A senhorita já o cho– rou basla nle. perma necendo fiel á s ua memoria . E, depqi s, se;n que– re,- falar mal do pobre rapaz. que não conheci, creio que não era o marido que lhe convinha . Era completamente analfabeto. ·oue \ar lhe po,deriç1 ele dar? E.la bai,xou a cebeça e gua(dou silencio. - Bom, disse em tom de desa- , lento, o professor. Vejo que ainda o ania, ,e · não me quer a mim . Já .sei o que me resta fa ze r. -O qu e é. sr. Ju stino? - Pedir tran s ferencia. Tenho jus- lamente um colega que deseja, efetuar tr0ca de Joga r comigo . . . Vou escrever-lhe. Mas, H~nriquda tomou-lhe viva– menle o mão. - O sen hor não fará isso. sr. Justino ... • -E por que não. senhorita'? Faria mal em fi ca r aqui. não me q~erendo a senhorit a. -Não o querendo? O senhor bem sabe que isso não é verdade, e bem infeliz eu seria, se o senhor . . O NlE IDIGO· · • 1 (Continuação da pagina 4-) • saisse de Poissy , como fez Desiré. As lagrimas assoma,am-lhe no– vamente aos olhos. e Justino . pu– xando-a paro si. beijou-a suave– mente no pescoço e nas faces . -Não chore . ficarei em Pois– sy ainda que a senhorita não me ame. Não leria coragem de me ir embora, deixando de a ver pelo manhã e á noite, como alé " hoje. Ficarei e depois, quando a senho– rita estiver mais calma. veremos enlão . .. A moça levou a mão á boca . -Sim, mais tarde, prometo . e então serei muito feliz. E. possuida de uma inexplicavel necessidade de amor, passou-lhe os braços ao pescoço. e as bocas uniram-se em um longo beijo. O ruido de uma mesa . que ar– rastõra ao solo. separou-os. Era o mendigo que se levantava. Viram– no; de pé, beber a cerveja de um trago. e arrojar para perto do copo vasi o importe em dinheiro, passou diante d eles, que se acha- vam ainda be chegados um ao outro, e saiu rn passo l\·ac ilanle. -Não tomou mais que um copo de cer ve ja, obser vo u Justino e cambaleia como um ebrio. ~....,...,,...,~~ DO.R? - Guaraina ~ '. f' Grandes Fabricas· d .. J. KISLANOV r>ormilorios moderno~, êshlo "Carioca", em leqit1m e ·.,mos paro cosei.. com feias. estilo "Paulista". e111 Meia mobilio em legitima inacacouba, com · J?eças \1arant do– f. tdda e. qualquer -~ pec1e de nes PABAICAS oe mo.ue1s o J. 1 'lf[:_}f!lllJC=J(j~rfl r;J(!)f 1 )r:1r:) (:)[111 (lll•)LH~ 1 I?erto do Lar!.!O da Polvor~. confront iJ ~uo (:.- (1) f 1] (~ r, ~ PARA' ILUSTRADO. · -Viu c·omo nos olhou? mur– murou 'Henriquela . Juslino guardou silencio. agui– lhoado ainda pelo dese jo de beijar novamente aqueles labios q~e se aproximavam da sua boca, e el a . sob a mesma sensação. permitiu que de novo a estreitasse. deposi– tando-lhe outros beijos nos la~ios mais tranquila . visto não estar mais ali o mendigo . •' De repente. 1-fenriqueta separou– se . e Juslino. assustado pela su.a palidez perguntou: -Oue lem? Senle-se mal. Hen- riqueta? • -O homem 1. . , bd'I ucio ~o O homem ebrio ! O mendigo I Re– conheci-lhe os olhos l c11ho ce,:- _ leza ! Lembro-me agora 1 .;. , Des_i- ré, cJdivinhei-o 1 • Por sua vez. o proÍe!l!lor !ornou- · se palido. -Reconheceu-o? 1 -Sim ... Creio que sim . E s~ • fosse ele? .. . A moça não tornou a r pelir \, nome, mas o professor compre-en– deu-o bem. Levantou-se, para cor– rer á poria , e olhar a estrada. Ele quiz rele-la. di zendo-lhe : -Henriquelt1, rogo-lhe que nt; vá 1 Parecia-lhe que a sua felicidade: apenas vislumbradél, ia fu~r-lhe, • escapar-se-lhe para sempre por aquelo poria ab la. Henriqueta. com ar grave, res- pondeu-lhe : , -Sim, é ciso. lenho que nre !irar de duvl s . .. E com Jua · Nado se via Só, lá longe. o céo az se juntava com a Ili, se a vista- va uma mancha neg, , de ~rligo ll'i OU & IR ÃO 2() - 8 - 1942 ...

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0