Pará Ilustrado - Agosto 1942 n.118

.... ' . .. . , .. (Do Rio. pord PARA. llUSTRADO) Desarrumar élS terrns do mundo Poelõ, podes fazer. Arrunlélr sem iimiles de patria 1 Poeta, podes fazer. Derramar élzeite no mar, plantar flores no topo dos plqnlar trigo nos vales do Poeta, podes fazer. montes, mundo A minha ma1 Porque da lua entranha eu sai E ao abrir meus_o!hos ao sol da vida Foi com carinho, que me recebeste amorosamente. Porque me acarinhaste tanto · E do leite mais puro de mãi, . Me deste com ternura. .• Abrandar os tufões dos espaços, acabar ,com os firnnos do mundo. Poeta, ·podes fazer. Porque com a cabeça sobre teus brqços: Me afagaste pacientemente. E teus labios rossavam nos meus. Extinguir. a palavra de Deus, õfastor , a verdade da terra. Poet podes fozer. Porque sobre mim se derramou, Um amor profundo e eterno. , I . E' para ti o meu canto de louvor. . JORGE DE LIMA (Do Rio. para PARA. ILUSTRADO) ANlOft DE·._f A~ITASIA e;~ 1J-inicilu Mauro, naquel e cair tristonho da !arde. deixava-se displic:enle, ou– vindo o concerto rouco das ci– garras que embalava no sua sono– lencia as arvores cur odos ao peso das fo lhagen5 ~ lodo oquela nalu– rezo lrisle, oprimida por um mor– maço insurporln~l 1 No cé u côr rhumbo paira- vam algumas ens. magl'.' sas como os vul inl'.'nfes nos so- lenidades po <s I De vez em qµJndo uma fr~a medrosa, t1rri– piava as folhagens das arvorl'.'s e s e perdia , logo lorn1rndo ludo a , sua pri1 iliva imobilidade. A vi a daquele quadro que seus o lhos contemp lavam, como se .!!~– semelhava áque lo que ele senha em si , insurporlavel. replda dt tédio, inslove l onde nada agitava os seu!! sentimentos num impulso e inlu– s iasmo ! Ali , vl'.'ndo tis plo11lt.111, encfo al– guma s casas que rebrilha\•ftm l!os ullimos rtiios que o sol dnfl'.' · obliqua mente do horizonte. Mour refl eti a, no quanto errtíra. qurmdo a mo u, povoando de sonhos lindos a s u11 trima joven e inexperiente, toda vo lloda pari) os g rondes ideá is l OH I Como o tempo decorrua e como ludo lh e parec ia d isl11 nle 1 D istante eslava 11 sua moc idade, d islr.nle o seu sonho , i:Jislan le, in– frn itamenle d istan te. -o propi'io fu– turo l 29 - B - 19+2 Ouando ludo no mundo lhe sor– ria. conhecera Leis, uma linda mo– rena, Ião linda como as descrições dos poetas orientais quando se re– firiam as su11s divind11des I Belissi– m11 . fõra a fiqura decorati va de sua vi'}.a l . .. Fõro la q'ue · dera relevo 110s seus senl~enlns e lhe fizera vêr um mo(ivo de beleza! Amara-a tnnlo p11rt1 que o desilusão fosse ois amarga, mais negra. mais di– luceranle ! ... O quanto po 'luio aquela crio– lura de perfei 6é e'!ldic11, foll11va em inleligencia, compreensão da vida. em i,bnegaçiio. rnp11cidade de rificio ! o Mauro. nunca existira pa- ra r mais grandiosas que 11que- da fr'dze imorl11 I. de todos os porns em Iodas as éras da civili– za\·_qo: • Eu te amo ... • Ounndo seu., lobios proferiam e'lla musk11 do 5enlimenlo, lodo seu sêr vibrára. ao compasso do– quele inf"d ilo. ceu le amo . eu s o u amado . 1 • E num segundo crendo ser amado o qu(rnlo emava . ai:redilou l'.'m tudo qu e o pensamento tem dilo a lra vés de lod11s as imortai s reali zações arlislic11s ! ~~ l TOSSE ? . _, - - I ~~ PARA' ILUSTRADO ORLANDO BELQ·. · · \ Repentinamente, compreendera obras de arte e senlia.:se até ~ ca- · paz de r~a:izar algo de imppnén– le e nobre. que reílilisse a ó ;gr~i:i– diosi dade daqucle ·11mor. que · Ili e ras gava pespl'.'clivas novas nos -he3.· ri zonles dá espiritualidade/ · · · Tambem conhecera que uma pa– lavra existe. amedrontadora e lei--,, rível que se compara inversamettle ao amor: .Depois, . Nada peior existe para " alma que a certeza de que os dias se permutam e o tempo .passa para polir 11 "ida das arést11s de suas a~ira– ções, para com a experiencia n~- • cessaria das ,desdu.sõe'!. se .ffivelar á mediocridade. " · T od11 a ·cap;icidade de sonhar · se exgola gradaliv11mente, com ·as cenas de ciume e ex iste umo co– operação indistinta das cousa~ hu– manas para que a realidade vença e domine sobre a fantasia que con– cebe o impossivel p11ra realistir 1 Assim. Mauro , compreendera o amor, um'6 fonte fanl~!llic11 de so– nhos vãos, heroi smos eslereis e estoicismo desnecessario. • E· a mais sublime das lições que tendem a formar o caraler para os comba les mais renhidos e dila a di- , relriz da reflexão para ludo <i rnais que possa influenciar e s übjug11r a alma , otir11nd o-a no ab1srf\c do inforlun io ou do desa nimo . ': Mauro, pensava a ind~ em toda a indiferença de sua vida, qu 11 ndo uma voz conhec ida d esr>.erl o u-ô daquel1t le targ ia 1 No céu já alg uma s estrela s bri– lhavam e na sa la as lu zes acesas se derrt1mo va m sobre a 11lva toa– lha onde o esperava o ja ntar t -29- • .. . ...

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