Pará Ilustrado - Setembro 1942

• 1 - ... Já linhamos percorrido quasi ludo. Perguntei ao guarda que me acompanhava , um velho forte de cnbelos e bigodes brancos. cha– mado froncisco : Respondeu-11ic: : · - HJi uma celula. a ultima des– te cor;edor E' a um louco que está aqui há um ano ; ·conta a lo– das as pessôas · visilanles uma his– toria muito triste. Como os de– mais. rliz-se são. porém he certas ocasiões erri que tem ataques hor– rivr4s~ Começll a· lamentar-se em cillas ~,ozes e d chocar a cabeça violentamente na parede; ate•.1 dis– ~ lornó_se pma féra ! E' pr ci~o • ama~ra,fo quando is lo acontt:ce e · como nós já sabemoS' • dias de êsãl!e. ficamos de sobrr,., ,o. ! .' ·...!_ Como ? - pergunlel interes– '5ado 'pejo que me dizia o ancião. ~ 19ois sabem os dios? 1•• • - Sim : -é o 25.º de cada mês. - Pot que? O guarda fez: silencio. Depois falou. baixondo a voz:. onde eu julguei percebrr um cerlo gráu de emoção. E' rnelhor irmos lá. O <1enhor saberá então. - V11mos. F. d1ngiu-,e. o pn.,sos lentos e qua~i impercepl1vr1'1 p11ra a mora– da do louco. Ouando o guarda abriu a pe--a– d11 po la de madeira. eslava "en– lodo ro b1111qu111ho rom o rosto entre o'I' mãos. Creio que nos não presen!ia Pare~ia dormir. malenalmente. 11q11e– fe à·r~br<~:-htí muito perdirlo num sono esp1ntu!II. Toé:lo h,10,em. - unico animo! racional . de certo temperomenlo afetivo. senle-se 111ev1tavelmente co– movido e o'>suo;lado dianle de um semelhante seu 1rrncio11t1li!!od<, • - BE;nílo ! - chamou o meu gui11 Le.nlamenle levantou o .:ebeço t! olhou~nos. A i. • f · 1 · . luz roca que pa5'1tiva pe o Janelinha en\.!r11clada puclr 0 analis11- l0 com· cuidado : os faces mogrns. p11terendo qurrer i;omper II pele polida. 05 olhinhos inchados e n~– gro~ que rel'ir11vom no fundo das orbitas lenlnrnenlc. os labios bran– cos. o rahelo rrn clesalinho.-ludo -- 8 - lhe davB aspecto lrisle e miserovel. -Oue me querem ? - perguntou com voz frnca. - Benito !·- pediu o velho que me acompanhBva - este senhor in– teressa-se por ti e quer ouvir a lua historia. - Pa r~ qur? Todos sabem que é lris le ... Comovi-me e não me podendo conter exclamei: - Vamo~ e-mbcra. c h efe! Eº melhor deix1i-l'o. , E quiz sair. Mas o louco deu– me, nesse momento. a impressão de haver cor.ipreenJido. .- Não 1 - disse ele - fique ... Farlhe-ei a vontade. Eslava deveras admirado da opa· rencia entre palpilanle de sofrimen– to e de distinção. de simpalia . e de ct. miserBção - que d e s d e o principio me impre,;sionara. Sentamo-nos em dous outros ban– cos trazidos pelo 1,:uarda. e espe– ramo'!. X X X O desgraçado olhou-me tristt'– mente e começou : - Moço. o senhor 1ti ornou ? . Não sei se pc r me hnver encon– trado ~neio desiludido ou por ser feito por quem fõr11 : o crrlo é que me-us lab1oc; lremi11m. e meu o 0 rA~ TIi.AO, --==- WAIU •OVAL fVPIWJIITSA. C.OIIIPANY. INC. A DOY8 ROYAL e maia duravel e produz melhor serviço, com mata rapidez SOUZA, MESQUITA MANOEi;. BARATA. 367 TE!L. 2115 PARA' ILUSTRADO • - - rosto devia ler-se tornado palido receiando confessar . .. confessar .. . uma afeição não correspondida . . . -Já ... - balbuciei. -Verdadeirament e? - insistiu. -Siml - Então vai compreender. Eu era joven naquele tempo; não sei a idade. mas era jovcn e eslava empregado numa grande casa co– merciBI. Era feliz. Um dia. indo a um baile, enconlrei-me com uma linda moça: era um tipo fóra do comum: tal vez isto a fizesse Ião admirada pelos homens. Sendo-lhe ........ ., ......... 2>0-ehf(U do. ~? □ (J) [D [Il [l [3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • apresentaclo, dctnsei com ela diver, sas vezes. Oepo,~. disforçnndo, ofe– receu-me a sua re.:;ídenna e convi– dou-me para um sarnu ti ~e rrah– zar doquelo dalii o uma sr-mana. No-luralrnenle aceitei, me,rno porque jã lhe linha algurno ,lmpol'io F. o louco interrompeu sua ;fit1r– rnçã~) por in'ltanle Reçorneçou opó,;: -fui I Nes-;e baile declarei-me o ela sendo corr:spondido no meu 11mor Em brrve ficamos noiv.,,. . . cinco mezes depoi~ do pedido un1.r 1110-no'I pelo<1 l11ços sa~rado<1 li , matrimonio. Oh. meu D1·11'11 mai• diln a ír,tn em que a 11 1nnldilo lioro e-m que dissl' quea nllla\·O. mal-· . • dito o dia cio no-;so I asament"o ! Porque. de~~raçadarnenle nolei ser muito hcl11 n minh11 ("~Pll'\d. ler dr1x1Jdo muita'! ~imp lias e ser 0111dn procurad,. clr~r,adll 1 Se11li e111ito. ciume: 1 Ciume ntro1 I . . formulti um plaºno tern– \·el; fozc--la fe:ia, ptll'tl q1ic ninguem mlli'\, li nii.o ser cu. ll qui.. t"SSC e po~!!llh1l' '1 ! Submeti-a n tudo (coilnd11 I) e r lo sar\t11menle a luJ" '<r • rr~il.!navn Porém .. no fim de um 1111~ ,1rhal'!1-'le abolitlis'\11na. em (Cm .,,, 11 }JlJgina 25) 12 - 9 - 194-2 • . . . . ..,. I •

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