Pará Ilustrado - Julho 1942

. . . • • 1 •. Minha Nossa Cinco Horas T o <las os tardes, infa li velmente. ' me telefona. S ua voz é s u11ve como o de um mulher que nunca negou 11 vergonha àe uma esmo la a um miseravel. Ho ra exala. C inco da ta rde. Assim que chego á redação o telefone tili nta. Jã sei : ela. Des– conheço-a pessoa lmente. Ta I ve z seja feia como todas as mulheres inteligentes. Eu só lenho encontra– do nas basí licas de encantamento femini no carrilhõe& de mediocrici– dade espirituat A",, mulheres bo– nitas - justiça se faça - são de uma pequenez de espírito profun– damente -lamenlavel. O que as sa l– va é o pa11orama exterior. Aliás. é que mais se yalorisou . .. A mioha Nossa Senhora das Cinco Horas deve ser feia por aquela razão. Meu nome, res pon– deu, certa vez, para que ? P ois bem. é natúra f. quer saber? Sou. escute, Mulher Desarmou-me, po r certo. Oue resposta ! Não a via ainda. Já me tem marcado encon– tros. Nos cinemas. nas avenidas, nas sorveterias. Eu. l!údatioso , vou mais alem. Proponho coisas ma io– res, mas Ião naturais como uma ê:riança que nascesse mo rta ... El<1 não se abo rrece. Gargalha. E. t'Qlre frases li ndas. com aquela voz • que tem qualquer coisa de doce porque muito de pecado, se es– quiva, e eu perco a parada. Não fui ve-la. ainda. Tenho medo de desiludir-me. Ela pode ser dema– siada feia. E nada mais horrível no mundo do que uma mulher feia. · Principa lmente qua_ndo já se gosto dela, pela musica da sua voz, pela independencia do seu i n t e I e c t o aprimorado. pel(I pQnlualidade· do seu compromisso vespertino. Sem 1 Pedimos aos nossos ama– veis coll'l boradores qu.e en– viem os seus trabalhos da– tilo~rnfodos ou em ca li~rafia legivel. 6Ílm, de evifM sejam compostos com erros. fir.an– do, muita das veses. a be– leza de suas produções. de– vido a incompreensibilidade dos ori~inais rpánuscritos. -8 - Senhora das Croniça de GEORGENOR : FRANCO conhece-la. imagino-a bonita. O u pelo m«;nos passa vel •.. lelefonica- ·mente: ' · · · , Seu ·nome, minha Nossa Senho– ra das· C inco Horas ? - · voltei. ontem. â perguntar. - Mu lher. - Mulhe r. Mas que especie de mulher ? Solteira. casado, viul'o ou ,mulher,? - Oh. meu bem. · ~~ulher I A solteira. a casuda, o viuva . é mu- • lher. bem como a tra nsviada. S ou uma mu lher como você é um ho– mem. Áme a mulher que eu sou e não o meu nome ... E gargalho u. como se caísse em exlosc. d ominad a pela inocente vo– lupia de um beijo morfinomano ... f. .« lelefonisla . delicad a . pediu licenç·r interrompeu 6 ligação. et do o ufro lado, uma voz, parec~çl,n O melhor café do mundo é o do Brasil e o melhor do Brasil é o do CAFE' GLORIA A' venda neste C?Onceiluado esfabelecimento AVENIDA PORTUGAL. 27 BELEM-PARA' com a de um solido burguez. for– mulava uma reclamação ao jornal contra o nosso serviço !elefonico, classificando de enervante . . . · ................ ~ Dara preparar o vinho de quina comum, basta dissc lver cincoenta gramas de quina em pó em oitenta gramas de al– cool a 50 oi° e deixar durante dez dias, agitando de vez em quando. Passado esse tempo, junta– se um litro de bom vinho e filtra-se. fazendo-o passar atra– vés de um pano de linho. PARA' ILUSTRADO - .....,-.;-:- .. . .. • • • . . fil [:] □ l1(!}(3@ escreve_i'~ · es fe confo ~ Foi- um• diá de festa espirilui!1' · no .conv~ito: quando ela aprese!f.',~-- • !ou-se pa ra professar. Era· então · ._,, j . uma linda rnJça. em pleno . -1igor "> dos dezoito ~ os de ~dad~: • que acabava de r~ uncia r a ~ m~lhores o mundo proc,Hgalis11- tregar-,:;e..comple1amerile! ao servi de Deus, ,_;a o rd_em; driJ. " Irmãs d ridode q ue Ião bêne- · vo lamenl r a' acolheu. Desa [>t~i.1. , • assim. nes e momento , a •senhortt~'I-,. ·.· . . .. Florisbelo Martins .• dt-scendenle de • uma familia'éabasladâ. e cyja•.0gu~, ...- ' . ra era apoqlada como llm-• .f-~ ·. mais legítimos . o ; ~amenlo a so- . ciedade em que vi via . nãq so pelos dotes de beleza que a ,_arocleris11- vam como lambem pelo espirita de escõl que possuil'l./ Ficou • sen- do. daí em d eanle. apenas a lr!"Qã Angelica. nome d e flo r pura, que coadwnava bem êom a. · .sua alma moço. com seus' gestos êandidos. com a meiguice do suo voz.. Pou- cas as pessoas que conheciam o mo tivo pelo qual h11via !ornado aqu~l(l resolução. Ficara em se- ··gredo. no seio da fam ilia. Só se sábia da for!;, çrposição q ue hou– verá por parle •dos pais. 4tjue cho– raram. desolados . o afostamenlo da füha que ~onsliluia lodo o en– canto do lar. X X X Irmã Angelica linha os o lhos cismadores e uns ares ele lrislezo no sembla nl ~ .que, longe de inspi– ra rem compaixão. !ornavam-na ain– d a mais s impalica e respeitada. D eus não podift ler uma serva mais o alt ura da sua missão do que ela, nenhuma prece podia ser feita com mais fervor do que o saida dos seus labios. A sua pa- lavra, pora os enfermos, era um balsamo que suavisavo dores e tranquilisova espirilos. Por isso. Irmã' Angelica. no hospital em que servia. era bastante estimada e ve– nerada como se fosse uma santa. Os anos foram passando. enve– lhecendo irmã Angelica naquela ardua tarefa rJe servir ao Creodor. praticando o bem cum lodos os forças do coração, suavisondo o sofrimento alheio e confortando almas pecadoras. Não havia mori- (Confinúd na pdgind J4) DOR? 4 - 7 - 194~ •

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