Pará Ilustrado - Julho 1942

~ • 1 1 • r~ V l . • .~·, • • . . .. • • • ~ • ~e ►· ~ . . . ,. ·-· ~ o i num chuvoso dia de março : ··~ e chegou á pequena vila a quela •- \ )"' fami lia. O chefe era,_um a1':" ~do capis– la lis_la • cr1e, canslldo ♦ vida da · cidatle· se r • ,t>lvera a ,.mudar para o i'nlerioi;. 1.,-fi1p;de re~ .l'ar por . 1Igu_m, lempo J inha -esp! e uma 'iin:_c~ filha:, _~eni1111. d~ n1 anos, chemiidll Nalalia. , ~.:' • 'f.;§tK: . • lJn~liiz"uidda.p~1 _;>s dias : ~.l!'J.)oi( . 0 t'sc:ola da d. 'l\osinha, - -~ is.!Jí~~."?l1s. 6~1, melros de s ua ,,. .. "'56• t.'IÍ'o'if • '"'. ',;( • · . .... _, ·;'tnWi-'; os 11lunos de .d. Rosinha contava: . Sergto. • . um garoto de onze. a'nos, :11'1io de u in pobre ope rario qu'e· lutava' com inuila dificu l– dade para su.:,;lenl1:1r-se, bem a esposa · ~ m~ ôu;ia de palidos e doentios. Nalalia simllalisç'u. logo com o pequeno. Btiticava'm, se:npre ju• los ao recreio, e como moravam pro– ximo. v0lt>t~ nm lambem juntos para casa. Era mort.11a, de face aveludada, lono sr cilios, bastante lrav~~a. coisa vropria da \ua .idade. Não lend,o com ºt;1•em se dcs- . . ' •frAi_r. corv,dava corúontemenle Ser- grol' p ,M/;I brincar ~m sua casa. o pai que a queria lo ucamente, _sa tisl'azía-lhe lodos os caprichos. Aproximava-se o Natal. No dia 24 Natalia iria completar dez anos. Convidara iodas as crianças da redondeza. com q u e.m. arranjN a amizade desde que chegou. lendo o cuidado de convidar primeira– menlé Sergio. Hã Ires dias que não se pa~va de trab11lhar na casa do indu~lri.:11. Finalmente chegou a vespera do nascimento de Jesus, que era jus• tamente o dia do nascimenk. de Nalalia. A casa eslava repleta de crian– ças. Todas vieram cumprimentar a aniversariante e mu1las até traziam– lhe presentes. Havia flores e risos. Só Natalia eslava lrisle. E' que Sergio não comparecera ~ festa. Não linha roupa decente. nem um dad1va para oferecer á amiguinha. De vez em quando Natalia ia até ao portão a ver se enxergava o vullo de Sergio. Logo mais re– cebeu um bilhete que lhe fora man– dado por ele- .Querida amiguinha: Sinto muito ser pobre. Si n-ão o fosse, iria á sua casa levar-lhe o meu abraço, e dizer-lhe quanto lhe amo. - Sergio,. 4 - 7 - 1942 . " ' . do- ~ Natalia fiéou mais s a I is f e i t a.... porque, apesar da ausencia do companheiro . !in-ha agora ce"rleza de que este corres pondid o seu amo r. Dai por <lianle. in..-ariavelmenle flLIAL I)'~ qualquer não estudou a lição. A~11- bos ioram chamorlos. Natalia errou. A t'neslra ordenou que Sergio des– se om bolo •com força,. Sergio estremeceu. Dar em Na ta lia ? Faze-la sofrer? Era impossivel. E desobedeceu a mestra. ele. o n1,~n.inó obediente que era. A rneslc_ll mandou Nalt1lia sentar-ss e deu em ~1:gio meia duzia de bolos ardentes · Scrgio não chorou, Ficou d z ca~ligo {llé seis horas. Nalalia vol– tou nesse dio ':IÓ Ouando Sergio . .vollou rnconlrou-a brincando com · o Juca seu \ izinho: ·Chamou-a. Nala 0 lia Íu!,!iu-!he. T risle, Sergio fo i para ..;asa. A'. •1i-qite· n,iio pode dormir. A,nsioso ·esperava o ama– nhecer. l\làlalia. no enlanlo, dor– miu m;.;ilo. -acordan<lo-se tarde de– mais. .. Q menino já a -~perava há bem meia hora. qua,1do . ela apareceu no lugar de cuslum.e, ..Sorriram-se. · Ouando .:hegaram ,·11 esco ld, d. Ro– sinha não os dcix.ou entrar. Já : passava da hora. '' . Voltaram. Nalalia ~ó-nvidou-o a da r uri1 passeio. Strgio· q11ú ha muifo esperava uma ocasi~o. {'Ce– deu al~gremenle. Passarnm ·· muito tempo. ora de mãos dadas', ora correndo a ver quem cheg-:1va· pri- meiro até o lugar indicado . .. BELEm -PnRn' Cansados. resolveram srnlar-se H ..,.."""".á sombrà de um carvalho. O que conve rsaram .aquelas d uas crian– - ,....,..........., ças de 14 e 12 anos respecliva- R,JOAO ALJ:RtD0,49~- meol~~;ã;a!:a::eb\or aquele lu- gar, aquela hora, leria visto duas rx-'\ boquinhas· unidas num grande beijo. \....>I.J .XX.X Sergio a esperava na esquina de sua casa, e seguiam juntos até á escola. Na impossibilidade de conversa– rem durante a aula, pois d. Rosi– nha era mestra rigorosa. trocavam bi;helinhos e mais bilhelinhos. Sergio era o melhor a luno em laboada. Certa vez, Nalalia, cu por es– quecimento ou por outro motivo PARA' ILUSTRADO Sergio e 'Naia lia havi111"n !em) ado o curso primai:i~. O . primei– º· sem recur~os. não podia. mais _.._'>õl•1.-1o· , ludar. O pai de ·' Nalalia vol tou · ar<i a cidade •a-fi~-de matricula• la num dos ciÍOmados colegios ela capital. Partiram. Nalalia chorava. Ser– gio não em fraco. por cc:insêguinle, fez um granoe l'sforço e não der– ramou uma só lagrim11. No intimo, quem sabe? . .. A menina enlregou-lhe uma car– ia e um retraio. E ali. perto de casa, sob um pé de manacá lodo florido. beijaram-se novamente pela ultima vez. Na ca~la Nalalia pro– metia ao namoradµ jamais o es- ( Conlinúd nd pdgind .30) -7- . '

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