Pará Ilustrado - Julho 1942

acostumei a ouvir Iodas as noites. era uma mulher cheia de honrndos sentimentos de s inceridade. Nos momentos em que não se ocupavn da sagrada mt"moria do s eu defu,1- lo espos•o·,,f bri c,-me o seu peito e. , devi90 a 1Wso. soube por que ela e a. senhorita Magda tinham tantos ., • .--.... inimigos. Soube que na cidade ~ não havia rapaz que não ti vesse .,. ' ; i l .... . ·, 1 .. I'. . querido casar com a s enho rita 1\'\,agdi, · le ser a lti vo e ·encan- ta ' lura lmenle. em vão, . rila Magda havin d e- - 1 • - nao s e carana senao . -com. um vertlt1deiro professor. di– plorflatlo. de latim e grego . Agra– davam;J,he os classicos da an tigui– dade,, e isso era ludo . Aquelo de– clar1~ão. q ue 1:1 senhora Mados fez invôlunlariament'e, e q1ie leve g/ lamen ta r imediatamente: depo is. produziu-me um prazer enorme; ~d.e t;nlão, não cessei de dar gra·ça!( ·!!· Deus por ler-me feito , escolher·. precisamente.. o estudo d_o lal11n e do grego. Naquela 'ocasião a sra. Mados · esqueceu..·~or a lgum tempo o s<·u defunto· esposo e me contou ludo · quanto se· r~feria á senhorita Ma– yda. d_ei;!'·ndo-me rternamente rr– . con 'heci.do por 11quela confidencia ,:'qu'e··-~nto me honrava. Soube que ji,oo' diretor havia querido casa r ¾·:~ senhorita. mas q ue da ha– respondido não podrr s impali- r com um tipo daquela. especie. • _oi,lou-me lambem que um pri- meiro tenente, que viu a senhorita Magda na capilol. foi visito-la. naquela mesma noite, para pedi r sua mão. declarando que. no caso de uma negativo. suicidar-se-ia. . . ....~ Apesar daquela umec,ça. a se– r,forila Magda não quiz ouvir fa– lis; nele, motivo pelo qual o le– n ._ 1• e saiu correndo e atirou-se ao rio. de onde o !iraram, depois de Ires dias. Tambem o prefeito havia jurado que a senhorita Magda se– ria prefeita. ou qut então 1li11guem ó seria, e como a senhorita havia / dilo que não, o prefeito continuou solleiro para sempre e. enfrisleci– do. se havia entregue á bebida. Além disso, a sincera e emocio– na·d·a mãe contou-me outras muitas 'his torias, pelas quaes soube como. - 4 - po r culpa da moça. haviam-se_ s uicidado nove rnpazes. X X X As his torias contadas aumenta– ram o interesse que eu sentia pela .moça; mas ao mesmo tempo . me davam medo. Naquela epoca eu · costumava acaricia r amiude o meu r evolve e de vez em qua ndo me passa va pela cabeça !riste a idéa de que eu seria a decima vitima S e tomava em cons ideração a bo nda– de da mãe, linha a lg umas vagas ~esperanças. pois ela havia lido a bondàde de d eclarar em diversas ocasiões qu_a eu era o unico ho- _mem a quc.m ela se atrevia a en– tregar a fi lha. Mas quando via dia nte de mim ··a senhorita Magda com sua frieza e a ltivez., renuncia– va a Ioda ~sperança . J{erdia toda a ' coragem. po is ela não s e fa zia mais amavel. nem sequer q ua ndo .,_ eu Jhr fa lava. dada minha cc.,nd i- • çãs=,,J<. latinista e helc-nisla. dos classi<"J:)S da a ntig uidade. Desse modo passaram seis me– ze . levando eu uma vida cada vez m11ís solilaria, sobretudo para não o uvir as calunias cont~a a sra . Mados e a senhorita Magda. Ao cabo de. seis mezes.. mim domi ngo. ocorreu um falo ·extrao rdi nario. ,:. Numa dos revis tas que se publ ica– ~- vam na capita l e que chegavam á - nossa cidade. foi publicadíi a. no– ticia de que eu. joven e _;abio professor do lnslilufo. havia cele– brado os meus esponsais com a sen~rila Magda, filha unica e cheih de encantos da sra. viuva de A bel Mados. E o mais interes– sante é que aquela revista era jus– tamente a preferida de Magda. Erl) ela quem a recebia do cor– reio e rompr~ ' a cinta. para poder se · ent regar d.ti prazer dà leitu rn. Tambem aqude dia tomou a re– vi.~ta com a satisfação habilu~I e , ,;omeç0u a le-la; mas de repente :lançou um grilo e desmaio u. iJ Isto se passou numa tarde de domingo, quando a mãe lambem estac;a em casa. A excelente mãe, que adorava a filha. fez reunir todos os de ca-;a. Pediu-me lam– bem que a ajudasse. Felizm~nle. o desmaio não d urou muito tempo / , A· L • ( Re~istae:Io no RePResenTAn Tes em Too o OS 9STA DOS DO PA IS E x p e d i e n t , ._' NO ESTADY Nume~o ✓.:,~ li& . J $~00 • • ti traz~ ~-• •. 2$000 1 Assino,furas: Capital (ano) . Interior • OUTROS 'ESTADO$ Numero avu~ .5 •. alrazado Assinaturas (ano) Anuncios mediante conlralos. e quando a moça volto.u o si. en– tregou a revista semanal á sua mãe. desatou - a chor• r e saiu. Sua mãé. surpreendida e inquieta, pois segundo me confessou mais lorde. não havia es quecido o seu defun– to esposo naquela circuns tancia critica - poz-se a ler a revista e. tfllilagrosamen!e, s eu o lhar caiu logo s obre a noticia que anunciava os ~ossos esponsais. Lendo aquelas linhas, lançou lambem um grilo e depois me enfregou a re\•ista e olhou-me fixamen_le. enquanto eu quasi caia da cadeira. Depois de uma pausa. terri velmente comovi- , do. disse com ,oz rouca: (Conli11úa na pagina J+) lü(D r:1 Ol ltl r:i [!I r1 il CTJ f:i ºººº"ººººººººº o o •} o .u 8 T Fruh.10s0 f 01e 1600 ♦ o o o ••000000000 PARA' PARA' ILUSTRADO 4 - 7 - 1942

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