Pará Ilustrado - Julho 1942

.. ") • • • • .,,,,. No agiologi0 de J unho, a devoção populdr distinguiu com . s ingulares festi– vidades em P ortuga l, na llalia e no Brasil inteiro. os aposlolos maximos de Cristo: - São J oão. São Pedro. São P a u.lo - e o iluslre conego Fernando de ~ouillon. mais farde o meigo e cari– tati vo frei Antonio, quando. sob os arlesoados claustros de Santa C ruz de Coimbro. troe.ou a respectiva murça ne– gra de conego regenle de Santo Agos– tinho, pelo burel pardo de São fra ncis– co de Assis. Eram já decorridos dez llnos , após ler-se engolfado na.s sombPas do tumulo o g lorioso fundador da nacionalidade, e Jreze depois da vindn de São fra ná1- co, quando em 1195 a lv.oret;ia o inclito lisboêla que. tempos depo,is foi' o lou– vado Santo, cuj~ h·1s+a lr·ouxe um acrescimo considcravel ao pa11orama que a Igreja d escorlina dos olheis elos cren- tes e dos incréos.. . Assim, quem primfirap1énle lhe emba– lou o berço foraln as auras do claro Tejo e. quem contemplou os ~us pri– meiros exlases e ·escutou as efusões de seu Cl.rnçãd .=ardenl.- ÍOl'as as ausk-ras abobddas do Mo~leiro de S&o Vicente. Não qüe~çm. os li5boêl.1s. po r esse molivó, ceder o seu Santo aos iltJlianos . 1 Estes. o vrneram como o pai, de Padua ' -r • II sanlo di P adna• - tanto em Mes– .sma·. ferrara Milão, como em florença, Veneza. Napoles e Roma. Áqueles nunca éstiveram dispostos a ficar atraz. já que consíderdm ju~la pre– rogaliva se chamarem conlerranens do humilde frade , não querendo concordar que, é dl" lodn,; as pai.ias um nome que força as porias do agiolog10 cristão Por pcrleoccr a 1\l"s ti hunurnidade e ler sido luz do 111, ndo - lem os ·italia– nos que concorda- era ser Antonio de Lisboa - pelo seu nascimento e Anlo– niç de ·P1Jdu11 pela morte, a li ocorridll quando apena? conlava trinta e seis anos ~ treze dias. por uma sexta-feira. pouco antes do pôr do sol pronuncio u aos de– mais frades da súa comunidade eslos derratl~ir~s· palavras. acostando-se 110 portal da Géla e filando o firmamenlo:– •eu vejo o meu Senhor Jesus Cristo. , Antonio, . nesse momento, cerrou os olhos- pareceu adormecrr Eslava mor- to 1 ,.' . No mesmo in'ltanle, o· superior do convento - o a bade Vireul - viu abrir– se a poria do seu gabrnete e penetrar. lentamente, o potriarca da eloquenda porlugueza, o humanista maior. • o ilumi– nador dt inteligencias. o enobrecedor de corações. suavisador das fomes e das sêdes. aquele que .,•ivia aqui e ali a co– brir nudezes e 6 curar chagas - 28 - ,. Acabo, di z Anlbnio ao seu superior : .tde· deixar II minha moradia junto a Padua ,: parlo para a · minha palria. Vireul. . não compreendeu . senão mais ldrde para que palria Santo An to nio havia' regressado. Para ·o ceu ou para Lisboa? , Para Lisboa , de certo· - cl11maram os porluguezes• . , Sim. para cá, para o nosso lado. para viver conosco , para esta Lis boa q ue é sua. muito sua 1. Ele cuja erudição roçava pelo cume do ma– ximo saber· claquele tempo: ele que d'e– ~eja ndo ainda II estola de missionaria. proçurou a p_alma do n;iarlirio nas pla– gas da murif<lnia. se(ldO então a'.rojado para as regiõt:s do Lacio o nde mel hor • se d iJ(ingui ram da imagem viva d o sol. do mar e do vulcão, o fogo da sua de- QOVAL. TY,.&VIRIT.R. t O/'l".f>AKV IUC A noyá ROYAL e milis dura9el e produz melhor i.erviç-,, com mais rar,ld'1:z. .SOUZA, ME_SQUITA MANOEL 8.ARATA . 367 ' . TE.L, 216 dicâção . a corre nte da sua menlalid<1de e o crepitamenlo das suas virtudes: ele que se não houvera nascido par(I ser um sol .- Deus creou-o para luz do mundo - leria tido a sepultura em Lis– boa onde tivera o nascimento. Mas, nascer numa parle e :mcumbir em o utra, é obrigação do sol. Lisboa foi a aurora do seu oriente. seja. pois. Padua. a se– pultura do seu ocaso. E os anos passam e a memoria de Santo Antonio el-;rnisa-se. Os seculc-s decorreni e o seu nome perprlun-se. nimbodo d e luz inexlingui\•el. sempre lu- •••••••••••••••••••••• Leia e anuncie em PARA' ILUSTRADO a r("vista elegante da cidade PARA' ILUSTRADO • • ...... , . c ila como um dos mais c ul~1nanlç5!pra-– dores depois de Sã .1 João C risoi l.àmo, • como um dos mais egregic's· c_o n+rçi.!M!f~ • • ... • s i!ltas depois de S . Agost inho ,• . .<:fiÀlO• • um dos atletas mais te rríveis ~do ~)'ios: • • lolado calolico depois r.le $.io. Pá'ulb.- . • ,E' lisboeta e não pa~uíl nil• . ainda ~ · Í ' d izem os porluguezes. o. ~aumal urgo que . ~ ha 71 l anos d~sapareceu e q1!e •.p<_:n!." ; ... -~ peou no mesmo seculo em ~ue _pomi:ren• · · " rarn São Boàl'cnlt~ra l " ?ii~.,l .pri11iz <lc_: . · Aqui no - o Platão e o ·Ãrisloteles da, .:·.. Idade Media - e ful guranlíj o porlen-. ~r.-_ toso sabio Ro_gerio Bacon • e o ge(lial Dante. · · • Nenhum d;s!es insignes v111"õe.:; po couq ui,;tou renome como ex-coºnego nando de B-oudlon; nenhum ~i tã' verenciado pelqs povos, Ião • r,tc-4..~ic lo pela pena, Ião cantado pelo estrc> lcfo · imorlalisado pe'.a paleta e pelo · p111t;t"_. • como o humilde, frade ·Antonio de bi~ho«.; .. ' E. de Lisboa . . . E' de Li-,boa Santo Antonio que fez seis milagres onde Cris– to fez um só , segunâo· llÍ!rma o padre. . . ' V ieirn na sua linguagem s imbolica, Qom e loquencia. com· logica e com brilho i.– Cristo somente após lhe haverem apà- n-cido Santa Marta e Sania _lv\ r ria,' foi que soube da enfermid&de de S iio La– zaro e • Anlonio foi cientificado tfa morle impo:.la 6 seu pai pela revel~ç~o .sJo céu;, Cristo tardou quatro d ias. A11lo1l}'o tiâó fardo u; Cristo encontrando-se nas mtir– ~ens do Jordão, gaslou para c hegar ã Belhanio. quarenta e oito horas, Ar1lonio .da lialia a Portugal. f e-lo em uma noite, prova ndo perante a justiça togada que ... .i seu genilor, néic, i,ssassinara o rapoz. cujo corpo fõro encontrado, ao am irnhe– cer. apunha la~~- no solar do velho Bo– uillo11 . fazendo com que. o scpullttdo ha mezes, se erguesse do tumulo, inocen– tando quen'\ já eslavll sentenciado á morte; Cristo mandou\ levantar a campa , Anto nio não mandou cav·a r a ferra , que cobria o assassinado; Cris(o pediu fé a Santa Maria, á quem sempre pedia. An– tonio linha fé : Cristo. finalmente. com um alo de ressurreição deu vida á urna pessoa , Antonio deu vida a Ires : - uma ao morto do sol:ir de Boudlon. o ulra ao seu proprio genilor, condenado il morle e ao verdadeiro prolagonisla , que ele niio quiz denunciar. T nl é a ft ~ura verid1ca desse doufor da Igreja que a devoç,ío e a lenda trans– formaram no santinho popular das crean– ças, dos fogos e balõc:"I multicôres e ... dos namorados. mas aquele que o agio– logio cristão mais distingue nas suas festivid(ldes como 5 nlo Antonio de Lisboo e não Sonlo Antonio de Padua. LADISLAU PATRIC!ü 4 - 7 - 194!l • . '

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