Pará Ilustrado - Agosto 1942

( . . ' . . • Ano V Num,º 116 .•. ,,. . . . . Diretor-proprietario - JAIME DACIER LOBATO 1 . , ,. ·: .r(ed. "'t"Of.: Trav. • \ampos Sale~. 113 Redator~chde . - SANDOVAL LAGE Secretario - CELIO D, LOBATO FONE, 2 7 1 9 BeLem DO PARÁ, 1 D8 AGOSTO oe 1942 • . . Píl_G nqs- oum o ílR ooug gu pg.Ro 1 1 1 .Um dia eu me lembrei de li . . . Tu eras branca como um jarrão de porcel·ana. · esguia como' uma palmeira', undulanle como um rôlo de fu~aça ... Tu eras de neve. eras de sonho, eras de ·br.~ma" . . . • Vinh1:1s não sei de onde. . . Eu creio que le pedi agua parn beber á beira <los poços . Eu creio que lu- me désle um pouco de !amara ~ mel q~ando cheguei fominlo na ,Jl"""tua poria '. Eu" creio que o crescente furnva o céo qu ando eu le vi i-m Veneza, numa gondola côr de praia . ' : Eu ' creió que um dia lu descias como uma vaga andando d~s lour(ldas de Madrid. Não sei se lu eslavas em Boulogne , vendo as florei; e o céo transparente .. . Não sei se não le vi na Russia ou em Viena. Mas eu le vi I Por isso foi que sonhei contigo ! Eras mais leve. mais esguia, mais sonora 1 • As luas mãos · eram dois gestos de quem abençoa 1 Os teus olhes eram dois dia– mantês de Rajah 1 A lua boca em uma falia de romã 1 ' Teu corpo era um !a lho de jarrão de porcelana ... Mas eu le vi I Ouanr:lo falavas o ar ficava cheio da melodia da • IUfl voz. A lua voz era urna prece. era dcio , e ra um can lo de ave no crepusculo. Tu mesma eras um, Rouco de sombra . . . um pouco de ve ludo, um pouco de fuma ça . . . Eu le vi um dia . . . Não sei onde. . . Ta lve z denlro de mim mesmo I Mas eu te vi I E sonhei contigo I Não sei nem se pensas te em mim I Se o leu pensamento fez volteios de pombos sobre a minha cabeça cansada ! Se os leus olhos de diamante de Rajah en tristeceram ao pôr do sol q uando evocavas o moço loiro que cam inhou na estrada e te Jo– gou urr. ramo de rosas e verbenas • . . ' Não sei de nada I S ei apenas que um dia eu le vi ; que um dia eu me le~brei de li l Quando? Nem sei lambem ... Mas qua ndo _lu passavas. serenà como quem e lá rezando. piedosa como quem foi feila para um aliar,. eu me lembrei que um dia eu sc. nhei co nt igo , que o leu corpo de canlaro mataria a· sê~e de amo·r 'com que v~nho alravesssando o deserto da vida ... Os teus passos le ves pareciam vir de longe. talvez lives·sem machucado a , a reio dos caminhos daPaleslina ... Vinhas do outr0 lado porque já te vi nã0 sei onde . . . Nã0 sei onde mesmo-. - . Mas eu te reconheci 1 E O teu vulto de vaga. o teu corpo de fuma ça, ficaram ouka vez dentro dos meus olhos cansados corno um horizonte que não se esquece mais ... - S.

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