Pará Ilustrado - Agosto 1942
. . .. . . 1ltfUi4 '1!~ 4 . . .:: • . ,..,...._,..,,,,.., ... ,.,,....,....,. Por One:de Lopes A miie morreu quando ma is ero neces'lllrio que vivesse. Lo~o de– pois de traze r ao mundo o fru to do seu gronde .prçado.. Era jovem e hela D esde que _:1e , ornara moça ero assediada por I dos o~ r pazes do lugar. De fato :Pulce era a peq uena mais bonita t <;edulb ra daque lt ar– rabolde . Si bem fõsse pobre. o pai não poupara c'lfo o .; p11ra a Íõzér- es. ludar. Faltava -bem pouco tempo para que ela concluísse o seu curso de professora , quando conheceu Hum– berto Gonça lves. E ela o amou desb ragadarnehle. Ell" lambem de– monstrava qutrer-lhe muito . , Um dia dru-<1e o inevi lavel. • f • Os pai'I expulsaram-no. Ele. o c1mal~a. desapareceu . ,eleix.ando-a a chorar desoladamente a ua culpa . foi para, a ca511 dl" uma senhora emiga. AI, nasceu MMia Sabina. Minutos tiepoi~ a pobre mulher foi procurnr no .alrm um socego •par o • eu espirilo atormentado . Marib ·Sabina ficou para sofrer mais oinda que a mãe. Cresceu Jlftquela c8s8 , sob as zombari8s de lodo,. que atiravam os mais irif amantes gracejos. . • - Será igual á mãe, diziom . E ela fico,•a o escut8r. sem com– preen9~r. boquiaberta. enquanto duas lagrimas rolavam-! he campas- s8damenle dos olhos muito negros • e muito lrisles. . \Junca lhe mandaram para !l es– co la. E que vontade el11 tmha de ves– tir lambem aque le bonito uniforme br8[1CO e azul que as oulrns me– ninós usavam . Baliam-lhe pür qualquer éb isa . · A 's v zes. ii noite , remenda ndo as roupa~ .~a gl"nle da C8Sa, ela co– meça v.a a pensar : por que seri8 que Iodas 8S cri8nças linlrnm pai e mãi: , só ela não ? Da mãe. ou– vira dizer· que morrt"fll ao lhe dar a luz. Pai - nem mesmo sab ia se havi8 lido. A dona da casa. vendo que ela abandonava a agulha. censurava-Ih!" . prometendo p8ncada . E a pobrezinha p~rgunta va 8 s1 mesma si não linha ao menos o direito de pensar. Maria ~abina est8 v8 com dez onos e até 8gor8 só aprendera os grosseiros serviços don;iesticos. Oua11do aos 13 anos ela demons– trou vonli,de de 8prcnder a ler. dissert8m-lhe que fõsse procurar o pai, e ele tal.1<•. a m8ndasse para uma escola . Pai ! Por ven ira ela lambem o lt:ria ? . . Desse em dianle. Maria Sa- binri •só pe sa va cm encontrar o homem que sua mãe t8 nlo 8mar8. E como elo o haveria de amar . tampem! ... Mas . como enco nlro- lo . si nem o seu nome ela sabi8? M8ri a Sabina ... S omente. . As ou Iras c1 ian ças , tod8s, tin ham • outro nome, depois lo prim~iro. A J oaninha era Joaninha da Slva; • • o Domingos era Domingos Pe1:eira; ·. e el a era ~penas ~ Ma ria S-1;1bi11a que .tr.abalf\a•v8 muito na- cosa ele clona Cf)nSlanci a. e nue nunca fõra á •est:ôl8 aprender o A B C. , · Maria 'Sabina fez-se moça. · Tudo ne la 8sseme lhav::1-se á mãe. Tudo não. Os o lhos de Dufce eram negros , porem, vi vos. grauclo.s. sen- suais. . . A bôc8, enlrela nlo. era a mes m.J .• •• ,. Os mesmos rnbe los s{'.d9sos, e. o corpo flex ivel. lgmbem ·sed_utor. Como Dulce. ela lambem amou. Na mesma idade. Dezesselt' anos. A mãe deixara-lhe como hera ,1ça o seu inforlun io . Sabina a nsiava encontrar o pai. E nessa sêde louca. lerrivel. dei– xou-se levar pelo ant igo namorado, hoje amante, par8 diversos lugal'es. onde, com certeza. acharia aque le que buscava . Jã esquecera os sofrimentos da infanci8. Só esse de não ler pai ele não consegu ira olvidi,r. Diziam-lhe que o pa i talvez já morrer8 . Porem ela não se confor– mava com essa idéia . Q ueria ler cerleza de que o poss ui11. como lodos os meninos do seu lempo . Não o encontrou nunca. E ela . que tanta vontade linha de colocar oulro nome depois do seu nome de bat ismo. jãmais con– seguiu isso. P o bre Ma rio Sabina ! Mo rre u como no~cera: infe liz . .. , Do livro Desli110s Diversos. ( em Prcpar1>çiio) AGRIPAM .AMPOLAS * PeROLA S O ME-L.HOR TRRTRHEIITO IJM PRODUTO RAUL LEITE · PARA' ILUSTRADO - 8 - 1942 • j • ., .. .:, ..
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