Pará Ilustrado - Agosto 1942
,, Natividade Li ma! Ei-l o vivo ainda. diante de meus ()lhos.- meu confrade. me~, amigo. meu irmã o. Olho-, negros, vivo'\, grandes; na– riz fino, boca lar~a. dentes r la ro'I , cabelos cres pos. de mulato. com0 os de A lexandre Dumas, pai: es– latura ponro alem de mecl iana. e magro. In ic iou-se na vida pralica como caixeirn de uma loja de fazendas. no Ver-o-peso. aos 14 a nos. Não tendo queda nem geito para ma– nobrar o melro e engtinar os fre– guezes. disse um dia adeus aos patrões e foi-se para o inl erfor do Estado, passando. então. a exercer cargo mais e levado. pois linha aptidões pa.ra isso. -p de guaroa– livrus. numn casa comercial do Pucurui. Rtlpaz de talento. estudioso e pertinaz alcançou pouco depois a nomeação de promotor publ ico. sem caria . ainda no interior do Estado. Volvendo ã capital entrou para a redação do .Oiario de Noticias,. quando iã ere. proprielorio do jor– nal o saudoso escritor e poeta maranh se Marcelino Barata. Eis os pr;m rclios da curla exislencia de Nativid11de Lima. Mes, ê preciso dizer lambem que desde a epoca do balcão da loja ele vinha esc:revendo versos. contos e fantasias. mo11trando as– sim o seu pendor para as letras, confirmado depois 110 seu livro •Mu<1a floemia •. rujos originais, exi'ltenle'I em poder do poeta Olo– vo J I rne<1 eu solirilei um dia. p11rn puhlicar f'm l'olume, sob mi– nha re,;ponc;dbdidade , depois da morte rln twlor Olavn ,onrordou co.!'igo. e c> lino saiu . N111tv1dadc. - rs~ mt>sliço de csprrilo solido e '>UP rior lolento, a 'li <io ,lt>via a cultura que pos– '>Uia. oblid1t sem me!{lre. com a leit urn â luz dl'I larnpMinll de seu quarlo de dormir. Eu assim o conheci. sozinho no mune~ , ausente do'I seus. morando em ,rel-'ublin1'I•. dormindo em ca§'a clt' llml~()S De inicralivas seguras : foi ele o felit neador da , Mine Lileraria>, es'511 associt1ç110 de letras pnraense qut", até poje. ainda não enconlrou 011tr11. no Di:trã . que a substiluisse ! Do , O,t1rio rle · Noliéias• . onde e ·lreion como repoder e cronis!a. passt,u _pttra Provinda do -- 10 - ( Pag inas Paraenses) .. Parã ,. brilha ndo , enlão, con,o jor– nalis!v e poela. Seu espirilo floreav a , lanlo nos salões elegan tes di:- so,: iedadi:-s e clubes recrea livos. como nos ,o– mici O'> ag it ados dti ,Mina Lite ra– rie •. o u nas rodas boernias dos cafés chiques da capilal. Oiça o leit or como o poela can– ta va &- mulhe r de se us sonh os . nestas de li c iosas quadras de rimas opulentas (com licença do meu querido. Bruno) : [f} (Il [3 (;} [l Aquela que me perlurba e vai le\'ando de ras tr os. as allT)as brancas dos as tro s. as rudes ãf_, · <la !urba. não lhi dos ~ hos míopes. de côr , á do coi ro reluzenf. . os eliopes. as cl1fras lu netas d'oiro ! Como que !emendo ll íuga do cabelo recendenle, prend e-o no escarneo de um penle de casco de tar lo ru ga 1 Nas mais elegllnles rodas não ha quem se lhe ava ntaje. nos esplendores do !raje a e:; quisi!ice das moda s. Para que em ancias me abraze, basta que eu lhe veja os seios : dois pombinhos. sem recei~s. dormindo cm ílócos cie gaze f --A dent11durn formosa bronqueja, em r.leira lroncha. ,orr o pero las na concha e'lcarlate. de uma rosa! Ouando aparece num baile. ha relampagos de assombros , tio surgir, li vre do chaile, -o tentação de seus ombros! Morresse minh'alrna louca. livre de terreos escnlho'!, -nas brazas daquela boca, -no ini:endio daqueleg olhos 1 E ernm assim todos os si-us \'CfSOS lirices pornasianos. de ele– vado eslro. Nalividade Lima era. acim11 de ludo. um humorista fino. insinuan– te e querido de todos nós; não PARA' ILUSTRADO • . . ... .. ~- . deixava ningueni fica·r trisle a seu lado. • • ~ . . i Um di a . foliando ao se-rvtç'-> do • . jorna l. conlra o ~e u ha biÍo, o di: • rei~ da , Provinc1a1>. mandou Eha– ma- lo na •Reriublica • onde môr~- va. por um emprPgado . que o roi encontrar d~ cama. arde1ido · elJl fre nte e gemendo de dõr . : . · ·.1o , .. O propriela rio do jornar."" sen~ ~ · dor Antonio Lemos que era lam- b,·m provedo r dtl Sanlli Casa , Í!l– leribLr-o logo 110 li o;pitaJ: respedi- vo. com lo <l o~ • os c-o nforlos. p@s- ' si ve i.s. que se dão ali '<i s pessoàs ~radas: · ma::;. de nad a 1·F1 !eram- •os esforços de seu Chefe . . . Jii moribundo (9ontou-nos ·01fl– vo Nunes. lambem seu · grande amiqo e que o l1ssisliu nos ulti– mas moment os) uma das bondosas rmãs daquela Casa . pediu bõi xi– nho é outra. que fosse buscar urna ve la para coloca-la ·en lre as mãos do pobre boemio ... Na li vida dl". de esp i;·ito. lucido aindll. ouviu o pedido. • abriu os o lhos, já quasi sem brilhos, e res– pondeu, como 111.;m sopro '. -Não precisa vela. irmã, -- e.u vou mesmo a remo . . . ~ Pcucas horas depois. falecia .. . Seu funeral não foi de indigente; a e le compareceu o que Belem possuía de seleto. n'à sociedade e nas letras. no di a 9 de junho de 1897, graças ao ge 1.o nobre dos seus confrades da .A Província do Pará•. lendo ii frente o seu proprielaric . o fal~cido senador do Estado - Antonio José de Lemos . Paz ti sua alma! JACQUES ROLLA ÜtlJllt> da, 1ltU Hoje-ás 20 112 horas-Hoje ~ (!,4tUJJ, 1lJ,8eiJ,,o, com elementos locais apressenlarã o peça em 2 atos &itUU da CJ,ui,nta, &iuna e um alo variado •••••••••••••••••• Leia e anuncie em j)atá llu4U,a,d{). a revista elegante da cidade - 9 - 1942
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