Pará Ilustrado - Agosto 1942 n.117

[ ., FICOU um S·OfflRRA oenTRO oessn AlfflA E se como nada mais ho uvesse a fazer. ele acho u q ue não devia gostar mais nem d ele mesmo. Não valia a pena. Oue bdo ha na vi– da q ue merrça o sacrrficio de al– g uem? D . J oana deitãra bem e, ã meia-noite, morria de aegina. Fo i um a larido dentro de casa , lodo , mundo se admi roü daquilo. E nada poude ser fei to ao · contrario. Oue resta de D. J oana? O filho do , seu, Germaoo, donb do botequi m onde ele lo~~va· o aperefivo d ia– rio saíra de c·asa para visitar s ua mãe, doente, no hospital, e fôra apanhado per um aulomovrl. morren– do instantaneamente. • Seu • Ger– mano chorou. chorou muito, rece– beu muitos pezames.Tez um enterro de primeira clllssc:. protegendo o armador . unico beneficiado no caso. e não deu geilo. Seu filho morreu e se enterrou. ante de completar vinte e quatro horas da fa talidade. No dia seguinte. o dono do bote– quim gargalhava . juntamente com d~. que lhe contava a ultima ane– dota de Bocage. Vida. Mentiro. Convenção social. Nada. Não valia apena a preocupação. Tudo tem o mesmo fi m. Ü'! rnn– cipios apenas mudam. A I ida tem a mesma sequencia . Uns sofrem mais do que os oulms, mas lodos sentem o dese5prro de um sonho insalisfeilo e ' a an,.uslia de uma conquista malograda O epilgo sem– pre aquele: um caixão. vel12s ar– dendo; rostos tristes, muita hipo– crisia, um carro funebre que chega. o coveiro consumando o falo ba– nal. banalíssimo. que revo lta a ma– ioria de lodos os fiéis as leis de Deus. Covardes são os que te– mem a morte. • • • • • • • • • • • • • • • • • • Estac;:ão de repouso Em GUARAMIRANGA. com UIJI clima sJudavel. 850 me– lros de ·altitude. a Pensão Santo Antonio.' r d Lili Nogueira, conslilue um ambiente propicio ás pessôas que queiram repousar Tralamenlo familiar, ot1rno passadio, e repou:io absoluto 15 - 8 - 1942 Vi ver o minufo presente. e nada mais - eis a vicia em Ioda a mr n– tira luminosa da sua ete rnidad e passageira. Ele gostava de trava r essas lulas em que o Destino en– tra como o maior e ma is len1ivel ad ver<;õrio. por conta r com o a u– xilio do imprevisto. com o apla u– so da s urpreza. E o que ele jul– gava impossível. por esta r d entro de si. em lodos os seus nervos. animundo suas celulas. conseguiu malar, com uma foc ilidade Ião ra– pida, que o deixou na incerleza .:- qa sua verdade: a sua sensibili- ';t-:. ·1ade. Até- bem pouco. sofria, vez 'f)or outra. da doença de melancolia. Havia um anoitecer rapido dentro de s i. Seu coração d iminuía. Sua a lma era envolta pela escuridão do df"sconsolo. da magua da ans ia de não ser nada. de ludo deixar, de nada q uerer. E um desalento pro– fundo tomava co11t11 dele. incapa– citando-o de sorrir o u fa lar. Mas ele, potentado e despola de s i mesmo curara a c!oença ce,m o paliativo da alegria. fazendo des– aparf"cer de sua lembronça qual quer dia dú pllssado. Haverá coisa– mais horrível na vida, quando se é novo, do que a saudade de um bem que se leve ou a angustia nosltilgica de uma mentira que se revelou? Jogou-e ele proprio se admirava-a visiio primeirn do seu mais emocional romance de amor no crematorio do esquecim~nlo. E ele sabia que <1ofreria por isso. Sofreria. s im. E· doloroso. profun– damente doloroso-era ne!>ses mo– mentos que temia o fracassos do seu p lõno,- se malar a maio; ilu– são, em beneficio dos outros. por determinação de quem criou leis e instituiu prescrições para o sa– grado direito de amar Ah, se ele pudesse reformar lodus as leis so– ciais, principalmente estas que len– tam fazer ,alar o ~rito da alma– me,mo que a 5ua vol se foça 011, vir da podridão da lama . . So– freria 'ltm, porque ela, trazendo em sr a nodoa de lodos os desenga– nos e a leprn de Iodas as impu– rezas lhe déra o direito de modi– ficar sua vida, dl'llldo-lhe ·noção concreta de sua capacidade, mos– lrnndo o val0r do sua autoridade e da sua vontade. Mas ele com- PARA' ILUSTRADO ( Ao ROSSINI BALEIXO) p rrendeu. Ma ldito o homem que, no mt1is belo do amo r. pensa. jo– qando o coração na. conciencia e o uvindo o que esta deler,nina foi num dia assim d e btilanço geral. que ele compreendeu que ela es– lava ficando denl ro de s ,. tomando vulto no seu desli110, c ria ndo au– loridade na sua alma. P erdido o homem. reduzido o noda o ideal. quondo a mul her-inspiradora .do'S' seus sonhos - domina a sua vcin– lade. Ha necessidade de sua pr~ sença. Mas essa presença rara; fugidia como a verdei ra frlicidade impossível, que quando se tem nas mãos conslilue ama rgura, resulla em desengano, epi loga-se em des~ graça. E matando su8 sensibilidade não mais poude querer bem a nin– guem. Será que ela. ind o quando ele pedi u q ue fosse. lel'ára lambem sua alma? Mas o eslraordinario em ludo isso. netsa tragedia inte– rior. é que ele não mais sentia vontade de le-la junto a s i. Ansi– ava. as vezes, 1•e-la, possui-la um minu to só. p11ra sugar-lhe a boco, mala-la d e exlases, crucifica-la de incertezas. Como ela ficava linda linda - e o passado tnlrava no presente - quando chorava. E co– mo mais bela se tornava quando, no meio do pranto, sorri11,. Não, ele nunca livéra alma. E-.ta mor– rrra quando ele experimentou o travo da desilusão, quando a gente não sabe o q ue é a vida e só d– ve porque se tem brin:::iuedos e bombons. Recordar isso era pro– vocar a rel'olla de lodos os seus sentidos. O destino fora o seu car– rasco. para poder ser o seu grand e ( Co11linúa na pagina .35) •• •••••• • • • ••••••• ~-de ~- nu– melt()-d de PARA' ILUSTRADO Compra-se os numeras 105,· a 109 do PARA' ILUS– TRADO. que se exgofdram e q,;e são de necessidade em nosso drquivo. Paga-se dobrado. -27-

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