Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
90 EPHEMERIS Mesmo acceitando como demonstrado pela lição dos poetas que em latim estas dicções eram accentuadas na · penultima syllaba, estará ipso fa– cto provado que cm poríuguez t:Jmliem o sejam 1 E o facto de terem no verso sido empregadas como paroxytonas não poderá ser levado á conta de licença poetica 1 São duas reflexões nimiamente ponderosas, que ·desfecham descoro– çoadoramente noutras tantas gravissimas questões :-a primeira de phono– logia historica, a segunda de metrica. Querer respondcl-as é tentar discutir dois problemas dos mais mo– mentosos, mais complexos, mais refertos de empeços que nos depara a phi– lologia. Urge, não obstante, que me abalance a essa discussão, que, para ser cabal, tem de ser longa, porque minuciosa. Ferreira dos Santos 31) Instig-ado por um,1 polemica, a que fui -arrastado aipós a pu~licaçíio dos dois 'Primeiros capi.tuJlos d'.este C.esprete1J cioso h·abalho, pude obter mais valiosos subsidios parai n confirmação de que em latim bafa-vis e Uatavus, são vocabulos paroxytono~. EH-os: O Totivs Latini/atis Lexicon - Consílio et cura Jacobi l'acciolati opera et studio AE gidii Fcxrcellini, traz: Batavus, a um, adj. ad Batavi.am pertiJ1ens, etc. Depois de citar Mn.:rcial e allu• dir a Tac:ito, ía.z ,a, seguinte interessante observação:; "Ambiguae quantitatiS est paenul• tima: sa,epius tamen producitur." Em seguida cita Luca,llJO, Juvenal, Silio Italico e outro verso de Mrurci.al. O Thesaurus Poeticus Linguae Latinae ou Dictionnaire Prosodique et Poétique de la Lanr;ue Latine-par L. Quichernt, deuxiéme édition-Paris-1878, dá: Batnvi (com o €e· gundo a breve) et mieux bafad, ornm (com o segundo a Joni;o) m. pl. Bataves auj. hollain• dais; e cita versos de Lucano, .Tuventa.l, Silio Italico e Marcial. Sobre o valor da auatorida<le de L. Quicherat, ensina 1'.I.ario Barreto, o sabio mestre, que ainda moço é já um dos mais acatados sabedores de phiJoJro,gia verno.cula: "O grande Museu da latinidaCe, o mais amiplo r~pertoriot, que se conhece, da prosodia latina, é o im• menso Thesau,·u.J3 Poeticus de L. Quicherat ". O Grad11s ad Parnas,,11m ou Dictionnaire Poétique Lati11-Franfa;s par F. Noel-Nou- 1lelle Edition enliereme'»t r.eiondllle, par F. d" Pa.-najon., dá: Batavi, orum, m. pl. B~tave,3 auj. hollanCaís, cita. Lucano e Jul'"enal, assignalando nos trecho5 regjstados o segundo a, com braohya, no verso de Lucano, e com macron, no de Juvenal, e mnrcondo o questionado rt e-e te.lavo, com um pequeno a11gu]o c<>rn o vertice para b.a~xo, cujo p1·estimo <-nsina no :J.',·aité de versification latóne que lhe <' opposto, pag. IX: 3º l'e (dentro do parenthese está figu• r&do o tal ang-ulozinho) pour Jes •yllabes que l'on peut fa,ire Ji,brement breve.s ou longues, et que d::rn!; l'écolc on 1 1 omme voye1Ies ad libilum". Os versos citados pelos tre, lexico,, referidos •ão além doa de Juvenal e Lucano, iâ &dc·uz'idos nesta oonsulta, os seguinte,: ' Jam pu.er auricomo p·taeformidade Batavo (Siíio Italico-GU,llrras Punicas, Li.vro 3, verso 608). A.urem qui modo non hab.t Bala.vam Bt m11tat Latias spuma Bata,:a comas. (Marcial-Epigrammaa-Livros 6 e 8, epigrammas 82 e 33, respectivamente). Para oppôr á prosodia conoborada por tão altos poetas, alevanta-se apen/as um iso– lado verso .de Lucano na sua pedantesca Pharsa]'ia.
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