Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
EPHEMERIS 73 O protoplasma é um corpo mui complexo que existe na natu– reza; sua composição chimica é conhecida; nella entram C, O, H, :Az, S, Ph, Cl, K , Na, Ca, Mg, Fe, Si, Fl. O que o distingue, quan– do vivo, é a tróca incessante de materiaes com o mundo exterior: o movimento de composição e de decomposição determina a cons– tante instabilidade de suas molleculas. Ao m~smo passo que se dá esta circulação de materia no me– tabolismo orgánico, dá-se uma verdadeira circulação de energia, · que é a manifestação exterior da vida, a chamada força vital. De maneira que o protoplasma é, no seu deslocamento mollecular per– petuo, um reservatorio de forças de tensão, que, a differcntes in– fluencias, se tornam livres e apparecem sob a fórma de energia ci– netica (trabalho mecánico, calor, etc.). Assim a palavra "resultan– te " tem aqui a verdadeira significação mecánica: a instabilidade do protoplasma desprende, em vario sentido, energia ou forças si– nmltaneas, que produzem por composição uma força unica, a sua resultante, que é a vida. Quando o protoplasma passa d 'esse - estado de instabilidade mollecular para uma posição fixa, estavel, das molléculas compo– nentes, dá-se a "morte". Essa definição afigura-se-me a melhor porque considera a vida na sua manifestação primordia, que é no protoplasma cellular. Todos os seres provêm d 'uma cellula: ontogen eticamente, d 'um germen proveniente de um genitor (omne viv1:nn ex ovo, como disse Harvei ) ; phylogeneticamente, d 'uma cellula inicial, partícula pri– meira de materia viva, que surdiu á superfície da terra, para evo– luir lentamente, modificar~se, desenvolver-se, até os mais comple– xos organismos actuaes. • Assim, a definição Pizarro é a mais philosophica, por syrÍthé– tica, e por melhor se ajustar á verdadeira theoria da biogénese. O mesmo Spencer, em outra maneira, já havia expresso idéa identica: "A materia organica reage d 'um modo especial aos agentes de emtôrno; em consequencia da extrema instabilidade dos compostos que a constituem, leves desarranjos ambientes pó– dem causar novas e mui amplas distribuições; e quando esses áto– mos, dispostos d 'um feitio instavel, passam a ordem mais estavel, quantidades de movimento, d 'uma grandeza proporcional, se des– prendem". O só argumento a lhe oppôr, é que o protoplasma não é unica– mente uma noção chimica, mas ainda morphologica. Assim, cer– tos biologistas admittem que as particulas elementares de materia viva têm dimensões muito maiores que as molleculas. A esses ele– mentos primarias hypothéticos do protoplasma, Haeckel deu o nome de "plastidulas", que seriam ligadas entre si por filamentos mui -
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