Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
EPHEMERIS 71 contacto com o mundo exterior. D 'outro lado, ella se applica não só aos phenomenos ele integração e desintegração que se operam em um corpo vivo, mas tambem a outros que se dão alhures, numa pi– lha electrica, por exemplo, onde se passa um duplo movimento in– terno de composição e de decomposição, ao mesmo tempo geral e continuo ... A primeira ce'!lsma ele Spencer não colhe, por insubsistente quando se encara a viela cellular, e não as suas modalidades no in– dividuo de organiza<;3G <:omplexa e elevada. A vida tem de ser caracterizada na sua manifestação elemen– tar, protoplasmica, onrle não existem ainda funcções, e apenas as simples propriedad~s fundamentaes da materia viva-a nutrição, a irritabilidade, a contractilidade, tudo muito connexo, num ser dimi– nuto, invisivel a olhos desarmados. Só num organismo mais adiantado, multicellular, é que certas partes vão, tendendo, pelo principio da divisão elo trabalho, a se especializar nesta ou naquella propriedade, rle ma11eira a constituir as funcções. D 'estas, as ele re– lação são as mais alevantadas : mal se concebe, senão por acurado estudo, que a,; funcç,õe:-s psychicas do homem-a sua intclligencia, a -sua scnsibiliclarle, a snn --;,ontade-estejam cm germen numa particu– ·la insignificante de materia viva, qual o óvulo fecundado. O que se -póde dizer é que a vid,: cellular, tanto d 'uma cellula secretoria, ou conjunctiva, corno d 'uma fibra muscular, ou d 'um neuronio, é sem– pre a mesma na sua manifestação intrinseca, e se caracteriza por esse movimento geral e continuo de assimilação e de desassimilação. Comtevom a RW:l perspicácia, antes da contradicta de Spencer, já a havia,,previsto e rebatido, ao asseverar que, na immensa maioria dos seres, a vída animal ou ele relação era um simples aperfeiçoa– mento complementar, s11perajuntado, por assim dizer, á vida orgá– nica, fundamental 01.1 veg-etativa, e propria quer a lhe procurar ma. teriaes por uma intclliwmte reacção sobre o mundo exterior, quer a preparar-lhe ou facilitar-lhe os actos pelas sensações e movimentos, quer em fim para melhor preserval-a das influencias desfavoraveis. Quanto á segunda objecção, deixará de existir se admittir-se o 1 addentlo de Crnnte :-dados um organismo determinado e um meio conveniente ... Assim, porém, surdirá um circulo vicioso, p0is que, para determinar a noçiío de organismo ou ser vivo, é preciso o co– nhecimento primaci!t1 elo que seja a vida. Para evitar esse escolho, dou mais adiante a definição d 'um illustre brasileiro, o fallecfclo doutor J. J. Pizarro, professor de historia natural na Faculdade elo Rio. M. G. Lewes assevera: "a vida é ·uma série de mudanças defi– nidas successivas, tanto ile estructura como de composição, que se operam em um individuo sem destruir a sua identidade". O ultimo facto que esta definição tem o merito de trazer á luz -a persistencia de um organismo vivo formando um todo a despeito
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