Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.

70 EPHEMERIS uma significação distincta, inconfunclivel. Tal abuso levar-nos-ia á antig-a confusão ele attribnir a vida a todos os corpos. Convém restringir cuidadosai-;1r•1ite esse termo aos seres realmente vivos, ist0 é, aos que são organizados (Comte). Quando se quer ele.tinir algo de complexo, ou fazer uma gene– ralização de factos que não são simples, é impossivel de deixar de ahi comprehender maü; do que se deve, ou de excluir coisas que se desejavam inclus'.l"!. D ·onde a difficuldade quasi insuperavel das definições de factos biol0gicos, e outros. Assim a árdua tarefa de encontrar na synt],c:,,c elo definido a justa noção da vida, que não fique aquém, nem vá além, e seja exactamente sufficiente (Comte). Schelling disse que "a vida é a tendencia á individuação." De feito, a materia viva, em vez de se mostrar em massas con– ,tinuas como as rochas, é distribuida em indivíduos distinctos. Nos animaes, nas planta;-;, nos protóbios, notam-se sempre, salvo symbio– _ses ou monstruosidade~, P-xistencias indiviclnaes: os homens, os car– neiros, as sapncaia:', 11s bactérias são se1-es independentes. Apesàr d'isso, a definição é passivei ele critica. Em primeiro logar, ella visa menos as mudanças funccionaes, que constituem a ,vida, do que o aspcdo estructural das aggregações de materia orga– ~nizada: é um definido antes. anatómico ou somático, do que physio– logico. Em seg·undo loirar, comprehende na idéa de vida coisas que d 'ahi se exclurm, ;:lflr cx:emplo a crystallização: todas as vezes que Ulll mineral toma o csfaélo sólido em condições de tranquillidacle, lentamente, dá-se um arranjo regular de suas particulas molecula– res produzindo crystacs bem definidos; nes8e phenomeno de ordem ,phisica, a materia inorganica demonstra tambem sua tenelencia a in– dividualizar-se. A sentença de Richerand-" a vida é nma collecção _de phenómeno'l que se :rnccedem um ao outro durante um tempo li– mitado em um corpo organizado" que está sujeita ao inevitavrl óbice de se applicar, elo 11:esrno passo á decomposição que se opera depois da morte, onde ha a mesma collecção ele phenómenos que se succe– dem em limitado tempo. A vida, segundo Blainville, "é o duplo movimento inte1'no ele composição e de decomposição, ao mesmo tempo geral e contin:, ;, " Esta definir:<Ío, que Augusto Comte classifica luminosa, foi acceita e propagada polnl" próselytos do positivismo. Ao juizn do genial philosopho, não deixa ella nada de impor– tante a desejar. a ni'.ío ser uma indicação mais directa e explicita das duas concli<;ões fimilamentaes correlativas, necessariamente in– separaveis do estado vivo: um "organismo determinado" e um "meio conveniente". De aviso contrario, Spencer nota defeitos nessa definicão. A 1ieu vêr, ella convém ao que os physiologistas chamam "vida ;,egeta– ~i a" ou.nutrição propriamente dita, mas exclue a "vida de relação", isto é~as funci;:ões ncryosas e musculares, que põem o organismo em

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