Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
I II III IV cSaíomé Sobre fui vos tapetes e bt·ocados, Salomé, com os brancos seios hirtos Numa nudez de opala, Dança. recurva-se, e resvala. Entre pámpanos e myrthos ... Rólarn do alto os perfumes sagrados . . . A sua voz nervosamente psalma A volupia sangrnnta da sua alma . . Brilham os eeus olhos cõr rle lótus Entre martas e brancas zibellinas As suas fó1·mas divinas Quebram-se em rythrno, doentes .. . Mil desejos lascivos e remótos Boiam-lhe á bocca rubra e de tamanho escasso! Acórdam harpas eóleas na penumbra ... E ao pallôr das lámpadas morrentes, A dan('arina exalta-se, e deslumbra, Na régia floração da carne peccadora !... Salomé, com as longas mãos em sangue, Aperta, contra o mármore dos seios, A cabeça fria, hirsuta, exangue, Do pállido Propheta .. E em lúbricos, frenéticos meneios, O corpo se lhe tórce, enfebrecido e lasso ... Numa volupia morbida e secreta, A bocca tentadora Abre a graça divina de um sorriso. Arfam-lhe os seios nús. . e a cabelleira de ouro Lambe-lhe a pélle de ambae louro, Morde-lhe as brancas fórmas de bacchante .•• •
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