Ephemeris, v.1, n.1, agosto de 1916. 115 p.
50 missão gentil de Raymundo Mo raes. "Bo11do do pa_quete "Mina,s Ge. 't'aes", 4 ,de Ag,osto de 1916. Meu caro Raymundo M:oraes~O promettido é ,devido, reza a sabe– doria das nações, em embargo de– dedlamar o poet3i Ovi,dio na sua "Ars Amori.s"que quem promette não de.ve pveoccupa;r-se com o cumprimento da promessa. Eu ponho o Ovidio ·de lado pará ter a honrai e o prazer de r€alizar · hoje o que lhe prometti ha 1 dias. Aqui lhe mando, pois, uma série de estuophes que V. fará o obse– quiio de encaminhar á brilhante redacção da "Ephemeris", agra– decendo aíos illustres collegas d'essa revistUi o generoso agasalho que vão dar ás minhas rimas. O Pará, meu caro Raymundo, conquistou o meu coração como já havia, conquistado o meu espi– rito: as horas ahi pas!sadas fôtam horas de enca,n'to, ás quaes posso applicar o verso de Schiller no poemaJ dos Sinos: correram "ye,. · 1ozes como as horas"-"Pfeilges– chwinde". Quizer-a, com effeito, ter.me dr– monado mais em Belém. Em todo o caso, já posso avaliar a c.ortezia da sua imprensai, o talento d:os seus "notaveis" e a helleza das suas avenidais cheias de sombra. Quem vem do exilio-a; diploma– cia é um desterro intermittente– quasi resuscita ao enxerga,I' no horizonte a physionomia da patria. Essa sensação de felicidade foi o Pará que m 'a deu. Foi no Pará EPHE1\1ERIS que a minha alma brasileira se desabotoou em sorrisos depois de tantos annos monotonos. ' Abrace por mim os b11ilharnt~ collegas que me deram a1 honra de sua visita e em nome dos qnaes 1ne sa~do11 o Alves de Souza. T 1 zia-me o Enéas, ao almoç0>, refe– rindo-se ai este: "Basta conve'l\sar com o Alves para c::..onhecer que é um bello e inte 1 ressantissimo ar– tista". Nem é preciso tanto: as pupillas ,d'esse homem irn·adiam talento. O ta,lento "vê-se". CTeio que a vizinhança do Amazonas deve de ter exercido alguma in– fluencia no cruracter dos Paraen– ,ses: d 'est 'arte se explica a falrtu– 'l'fl, que põem na hospitahdade, as– sim como a abundancia das suas gentilezas. Au revoi:r, Raymundo. Saude– me o Remigio Fernandez, o Luci– dio Frieitas, o R.Trindade, o Fran– klin Palmeira,, o A. Cavalca,nti, o Alves éle Souza e o Andrade Quei. roz. E para V., que escreve proim como quem cinzela estatuetas e que tem no cofre do seu estylo adjectivos que s•ão pedras precio– sas, um grande abraço d·o seu LUIZ GUIMARÃES, FILHO "Exaltação" - Albertina Bertha, - Rio - 1916. E' um livro illuminado e arden– te. Em todas as paginas passa ,cor,rendo, como um ri9 de fogo, a V' olupia, queimando. . . La1dice -a Exaltação-é a propria' Im-
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